Este ano de 2015 o tempo do Advento começa no dia 29 de novembro o primeiro domingo do Advento. Na Igreja Católica a palavra advento se refere ao período de quatro semanas preparatórias para o Natal. O termo é cristão, mas de origem profana, pois significa visita oficial de um personagem importante no tempo da sua posse. Nos escritos cristãos dos primeiros séculos torna-se termo clássico para designar a vinda de Cristo. Trata-se de preparar bem a Festa do Natal, fazendo-a superar a mera comercialização ou as insuficientes emoções humanas, para chegar à profundidade do mistério de um Deus que nasceu entre os homens, a fim de orientar o mundo e a humanidade segundo um novo plano. O Menino Jesus que nasceu em Belém, pobre e rejeitado, é realmente o Rei do Universo. Ele não impõe a sua vontade e o seu reinado, mas convida a todos a acolher sua lei e construir assim uma sociedade de paz e universal fraternidade.
O Natal será festa de verdadeira alegria, de profunda paz e renovada comunhão entre os homens, na medida em que houver uma autêntica e profunda preparação espiritual. O Advento deve ser um tempo de conversão. Estudando a Sagrada Bíblia descobre-se que os grandes mestres do tempo do Advento são o profeta Isaías e o precursor João Batista, cujas leituras nos são propostas na liturgia das quatro semanas de preparação para o Natal. O profeta Isaías estimula a expectativa e o desejo da vinda de Cristo, descrevendo a beleza dos tempos messiânicos: “Então o deserto se converterá em jardim e o jardim tomará o aspecto de um bosque. No deserto reinará o direito e a justiça habitará no jardim. A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranqüilidade. Meu povo habitará em mansões serenas, em moradas seguras e abrigos tranqüilos” (Isaías 32, 15-18). São João Batista, o austero pregador do deserto, exorta à penitência e conversão bradando: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” Lc 3, 4-5).
As quatro semanas do Advento que termina na Festa do Natal são para nós cristãos, uma fonte de espiritualidade, uma bússola capaz de dar rumo e sentido a nossas vidas. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos” (cf. Diretório da Liturgia, 2014, Ano A, p.14).
Cada celebração do nascimento do Cristo é uma reafirmação da força invencível da Verdade e do Bem. Mostra o valor de uma luz que se acende nas trevas. Neste tempo que antecede o Natal a “Coroa do Advento” aparece ao lado do altar nas Igrejas Católicas. A Coroa do Advento, feita com ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e cinco velas de cores diferentes que progressivamente vão sendo acesas, retoma o costume judaico de celebrar a vida da luz na humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais. Em cada domingo do Advento se acende uma vela. No primeiro domingo se acende uma vela amarela (Isaías anuncia a salvação ainda distante, cerca do ano 500 a.C; luz pálida). No segundo domingo se acende uma vela vermelha (João Batista testemunha o Salvador já próximo com martírio). No terceiro domingo se coloca na “Coroa do Advento” uma vela roxa (Maria traz o salvador, roxo da penitência). No quarto domingo uma vela verde é acesa (Jesus traz a salvação, verde da árvore da vida, broto da raiz de Jessé). Na véspera do Natal uma vela branca é colocada na coroa, símbolo de Cristo a luz do mundo.
Os preparativos e a expectativa para o Natal marcam o mês de dezembro de cada ano. Há, entretanto, profunda diversidade de motivos que alteram os hábitos e sentimentos de pessoas nesta época. Crença genuína ou mera caricatura do nascimento de Cristo; narração fiel ou distorção do fato histórico e de sua dimensão sobrenatural; simples promoção comercial; um simples desejo de aparentar bondade; cumprimento de obrigações sociais: tudo isso significa falsificação de uma mensagem profunda e transformadora. É o Natal num mundo secularizado e descristianizado. Porém, há outra festividade natalina que consiste na autêntica e verdadeira celebração do nascimento de Cristo. Esta nos leva a uma expectativa de um novo nascimento de Cristo na alma de cada cristão. Durante o período do Advento e especialmente no Natal, proclamamos nossa fé no Filho de Deus que se fez homem para nos salvar. O Advento e o Natal são riquezas de Deus oferecidas aos homens. Vamos recolher esse tesouro, reparti-lo com nossos irmãos e irmãs e com todo o Povo de Deus.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB, Reg. NE1