Férias – tempo de Misericórdia
Pe. Rafhael Silva Maciel
Reitor do Seminário Propedêutico de Fortaleza
Missionário da Misericórdia
Estamos em pleno Ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia e, para muitos, a metade do ano civil é tempo de férias, tempo de descanso das atividades escolares, acadêmicas ou mesmo férias do trabalho. Alguns pais, até, fazem coincidir suas férias com as dos filhos para melhor aproveitarem a vida em família.
Neste Ano da Misericórdia o Papa Francisco, na sua conta no Twitter, do dia 04 de julho deste ano enviou a seguinte mensagem: “As férias são para muitos uma ocasião de repouso. É um tempo favorável também para cuidar das relações humanas”. Certamente, podemos intuir do pensamento do Papa Francisco que ele pensa o tempo das férias como tempo favorável para a vivência da Misericórdia, e esta em via dupla: misericórdia da pessoa para consigo mesma e misericórdia da pessoa para com os outros.
Já Bento XVI ao falar para Padres do mundo inteiro, no dia 10 de junho de 2010, no Vaticano, tocando no assunto sobre os diversos ofícios dos Padres, chegou a dizer que “no breviário (…) lemos um bonito texto de São Carlos Borromeu (…) e que nos diz a nós (…): ‘não descuides a tua alma: se a tua própria alma for descuidada, também não podes dar aos outros quanto deverias. Por conseguinte, também deves ter tempo para ti mesmo, para a tua alma’”. Aqui o Papa falava do tempo necessário para a oração, mas ao final ele completa: “E, por fim, reconhecer os nossos limites, abrir-nos também a esta humildade. Recordemos uma narração de Marcos, no capítulo 6, onde os discípulos estão ‘stressados’, querem fazer tudo, e o Senhor diz: ‘Vamos embora, repousai um pouco’ (cf. Mc 6, 31). Também isto é trabalho – diria – pastoral: encontrar e ter a humildade, a coragem de repousar”. Essas palavras de Bento XVI, sem dúvida alguma podem servir para todas as pessoas. Chegará sempre o tempo, para cada pessoa, em que pé preciso repousar um pouco.
Desse modo a pessoa estará tendo um pouco de misericórdia para consigo mesma, cuidando de si, dando ao seu ser (corpo, alma e espírito) o devido cuidado que se deve ao Templo do Espírito Santo que cada pessoa é.
Mas, o tempo necessário para o descanso não significa que não se deve “fazer absolutamente nada” neste período. Claro que as obras de misericórdia podem ser vividas sempre, afinal, a misericórdia não entre de férias. No tempo de férias, é possível que se encontre mais tempo para ouvir, para acolher, para visitar, para estar com as pessoas de forma despretensiosa, mas com um espírito cristão e misericordioso sem igual, longe da correria do dia a dia e das agitações do coração.
Inclusive, na última Catequese antes das suas “férias”, o Papa Francisco recordou que “se pede a nós que permaneçamos vigilantes como sentinelas para que, diante das pobrezas produzidas pela cultura do bem-estar, o olhar do cristão não se enfraqueça e se torne incapaz de ver o essencial.” E continuou: “olhar Jesus no faminto, no prisioneiro, no doente, no nu, em quem não tem trabalho e deve levar avante uma família. Olhar Jesus em quem está triste, só, em quem erra, em quem precisa de conselho, caminhar em silêncio com quem precisa de companhia – estas são as obras que Jesus pede a nós. Olhar Jesus nestas pessoas. Por quê? Porque Jesus nos olha assim”.
Portanto, as férias são tempo oportuno de repouso, para o cuidado de si próprio para cuidar melhor dos outros.
Uma resposta
Gostaria de obter o contato do Pe. Rafhael Silva Maciel, para saber da disponibilidade dele em uma formação.