No dia 15 de maio deste ano de 2016, a Igreja Católica celebra a Festa de Pentecostes. A liturgia do dia nos apresenta a descida do Espírito Santo sobre a comunidade dos discípulos, em duas tradições – a de Lucas (Atos) e da Comunidade de São João. Em João, a Ressurreição, a Ascensão e a Decida do Espírito se deram no mesmo dia da Páscoa, enquanto Lucas separe os três eventos, Páscoa, Ascensão e Descida do Espírito Santo, num período de 50 dias. Encerra o ciclo pascal com a Festa do Pentecostes. Pentecostes que significa cinquenta, cinquenta dias após a ressurreição do Senhor. A Festa de Pentecostes era nos primórdios a Festa da Colheita, os povos agradecidos a Deus pelas bênçãos do Céu, faziam uma grande festa pelos frutos colhidos graças à providência do Criador. A leitura enfatiza que no dia de Pentecostes todos estavam reunidos com “os mesmos sentimentos, e eram assíduos na oração” (At 1, 14). Quer dizer, a descida do espírito não é algo mágico, mas consequência da unidade na fé e no seguimento do projeto de Jesus. De repente, “veio do céu um ruído como de violento vendaval que encheu toda a casa onde eles estavam. Então lhes apareceu algo como línguas de fogo, que se repartiam, e pousou um sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e se puderam a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia exprimirem-se” (Atos. 2,4). Este relato usa imagens apocalípticas, símbolos da teofania, ou da manifestação da presença de Deus – o som de um vendaval e as línguas de fogo. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Terminada a obra que o Pai havia confiado ao Filho para realizar na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecoste para santificar a Igreja permanentemente. Foi então que “a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação” (CIC no. 767). A Bíblia nos diz que com a descida do Espírito Santo os presentes pudessem “ouvir, na sua própria língua, o que os discípulos falaram” (Atos, 2, 8-11). Assim, Lucas quer enfatizar que o dom do Espírito Santo tem um objetivo missionário e profético – de fazer com que toda a humanidade possa ouvir e compreender a nova linguagem, que une todas as raças e culturas – ou seja, a linguagem do amor, da solidariedade, do Projeto de Jesus, do Reino de Deus.
A função do Espírito Santo em nós é: a) santificar: “Fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Jesus, mediante o Espírito do nosso Deus” (1Cor 6, 11). b) iluminar: “O Confortador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse” (Jo 14, 26). c) fortificar: “O Espírito Santo vem em auxílio de nossa fraqueza” (Rom 8, 26). O Catecismo da Igreja Católica nos apresenta os dons e frutos do Espírito Santo. No sacramento de crisma recebemos os sete dons do Espírito Santo: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus (CIC no. 1831). Os frutos do espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: “caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, domínio de si e castidade” (Gl 5, 22-23).
A Festa de Pentecostes é uma festa missionária que marca a transformação da Igreja de uma seita judaica numa comunidade universal, missionária, mas, não proselitista, comprometida com a construção do Reino de Deus “até os confins da terra”. Aprendamos dos dois relatos da decida do Espírito Santo no Novo Testamento, não a de falar em línguas, mas a falar a língua única do amor e do compromisso com o Reino, para que a mensagem do Evangelho penetre todos os povos, culturas, raças e etnias. O dom do Espírito Santo é dado a cada um de forma individual, mas somente quando agimos na missão comum de evangelizar é que sua manifestação acontece de forma completa.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald – Redentorista.
Uma resposta
Os frutos do espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: “caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, domínio de si e castidade” (Gl 5, 22-23).