As pastorais sociais, a equipe de Campanha da Fraternidade e a Associação “Viva a Vida” preparam uma programação especial a ser desenvolvida no dia 5 de junho, no pátio da Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Otávio Bonfim. Nesse dia será celebrado o aniversário de 10 anos de morte do Frei Humberto Wallschalg (OFM), grande incentivador das iniciativas em favor da vida e do Meio Ambiente.
Durante todo o dia acontecerão atividades como coleta de material reciclável, distribuição de mudas de plantas, oficinas, vídeos, feira de Economia Solidária e haverá um espaço para exposição de fotos e notícias sobre a trajetória de vida do saudoso Frei Humberto.
Biografia de Frei Humberto Wallschlag
Frei Humberto nasceu no dia 24 de outubro de 1944 em Strücklingen numa região que se chama Saterland no Noroeste da Alemanha. Seu Pai era Heinrich Wallschlag e sua mãe Helene Wallschlag N. Pekeler. Ele nasceu como terceiro mais velho de nove irmãos e irmãs. A família era profundamente católica e vivia dos frutos do trabalho na agricultura. No ano de 1965 fez o segundo Grau na Escola Missionária dos Franciscanos em Bardel, perto de Bad Bentheim.
No dia 9 de maio de 1965, inscreveu-se na Ordem dos Frades Menores e ingressou no noviciado em Bardel. Após um ano, no dia 15 de maio de 1966, fez a primeira profissão. No mês de junho, foi enviado ao Brasil, chegando de navio no porto de Recife. Em Olinda fez os estudos filosóficos seguidos do estudo de teologia em Salvador, Bahia. No dia 2 de fevereiro de 1972, Frei Humberto se comprometeu definitivamente com a Ordem dos Frades Menores. No mesmo ano no dia 29 de junho, recebeu o diaconato. No ano seguinte, no dia 01 maio de 1973 foi ordenado presbítero em Salvador, Bahia.
A sua primeira atividade pastoral após a sua ordenação foi em Triunfo, Pernambuco numa região de pequenos agricultores. No ano de 1979, foi transferido para Ipojuca como Guardião e Pároco. A realidade social era marcada pela indústria do açúcar e pela exploração dos trabalhadores pelas usinas. Ele fez parte da equipe que acompanhava o noviciado que se deu neste convento que se tornou um lugar dos trabalhadores e de suas associações.
Em 1982 Frei Humberto teve um problema renal. Os seus rins não funcionavam mais. Voltou para a Alemanha e fez um transplante. Tornou-se Guardião do Convento em Bardel. Voltou, em 1988, ao Brasil para se tornar Guardião e Pároco da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, em Otávio Bonfim, Fortaleza, e Mestre dos frades de profissão temporária.
No ano de 1994. foi nomeado pároco da paróquia de Canindé e responsável pela romaria. Em 1998 surgiu de novo o problema renal. Frei Humberto voltou para a Alemanha por poucos meses. Retornou a Fortaleza para fazer um segundo transplante de rins, possível porque encontrou uma doadora para ele, uma senhora de Canindé. Nessa época era Vigário Paroquial. No ano 2000, foi nomeado novamente pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Fortaleza.
No dia 5 de junho de 2005, a irmã morte chamou-o para ir à casa do Pai após um curto tempo de sofrimento que se agravou sempre mais. Frei Humberto morreu de câncer. Num domingo à noite, a comunidade franciscana e os paroquianos durante a missa da trezena de Santo Antônio, se despediu de Frei Humberto. Centenas de pessoas participaram e depois durante toda a noite ficaram na Igreja. No outro dia às 6:30 da manhã o Arcebispo de Fortaleza D. José Antonio, seu auxiliar Dom Sérgio e Dom Adalberto, ofmCap, e vários padres junto com o Povo de Deus celebraram e agradeceram pela vida de Frei Humberto através da celebração da Eucaristia. Em seguida o corpo foi levado a Canindé. O desejo de Frei Humberto era ser sepultado naquela cidade. À tarde após a celebração eucarística presidida pelo vice-provincial, Frei Marconi Lins, Frei Humberto encontrou seu descanso no cemitério São Miguel. Milhares de pessoas se despediram dele na Igreja ou na rua por onde ele passava pela última vez.
A vida de Frei Humberto foi marcada pela sua radicalidade no seguimento de Jesus que se expressou num profundo amor aos pobres. Já durante os seus estudos ele visitava os lugares mais abandonados para estar perto deles. Os pobres encontraram nele um pai que se preocupara com eles. Mais que ajuda material valia a ajuda espiritual que lhes deu muitas vezes de volta à sua dignidade. Isso o preocupava: devolver a dignidade a cada pessoa. Por isso ele não foi somente amado pelos pobres e sim também por pessoas que têm uma vida material bastante sossegada.
Pela sua origem, Frei Humberto sempre esteva ligado à natureza, ao verde, à terra. Por isso ele tinha preocupação especial pelo homem e pela mulher do campo, pelos pequenos agricultores e trabalhadores do campo e, em Ipojuca, sobretudo pelos trabalhadores nas plantações e nas usinas de açúcar. Às vezes trabalhava com eles e através da paróquia e do convento deu todo o apoio para sua organização. Isso já nos anos finais da ditadura.
Em Fortaleza foram moradores do Mercado Velho do Beco dos Pintos, que receberam a sua especial atenção. Lutou junto com outras pessoas e confrades para melhorar a qualidade de moradia no Mercado Velho, exigindo canal fechado e promovendo mutirões para colocar água e fazer um saneamento. A luta pela saída da fábrica de sabão que poluía o ar foi uma outra atividade, sobretudo durante o seu primeiro tempo em Fortaleza.
Característica do seu trabalho foi a formação dos leigos. Várias pessoas fizeram cursos diversos, inclusive estudando teologia para formar animadores qualificados, tanto humana como teologicamente. Ele teve uma visão ministerial da Igreja e convidou leigos a assumir os diversos ministérios na comunidade. O tema da ecologia fez parte de suas preocupações, sobretudo na cidade. Criou mudas para abastecer assentamentos e para plantar árvores para que a cidade e o campo se tornassem mais verdes.
Em Canindé desenvolveu um trabalho de assentamentos e com as comunidades. Lá o seu amor se derramou, sobretudo, sobre os romeiros que chegavam de todo o Nordeste. Acolhia com carinho os romeiros e procurava dar-lhes conforto espiritual. Frei Humberto conseguiu integrar a formação e sobretudo o estudo da Palavra de Deus, a formação catequética, os sacramentos e a liturgia com a vida concreta das pessoas, suas alegrias e seus sofrimentos.
ALGUMAS LUTAS EM OTÁVIO BONFIM:
· Otávio Bonfim sedia Festa Solidariedade e da Paz;
· Cristãos e cristãs da Arquidiocese de Fortaleza celebram o martírio da Ir. Dorothy;
· Comunidade de Otávio Bonfim comemora Dia da Árvore;
· V Feira da Solidariedade é realizada no Otávio Bonfim;
· III Fórum das Comunidades é promovido no Otávio Bonfim;
· Raízes e Asas entrevista mulheres sobre violência e desigualdade;
· IV Feira da Solidariedade é realizada no Otávio Bonfim;
· Raízes e Asas realiza II Fórum Popular no Otávio Bonfim;
· Centro de Defesa Raízes e Asa lança manifesto pela paz;
· Fortaleza envia representantes para encontro franciscano;
· Técnicos do BID analisam projeto que envolve derrubada de árvores;
· III Feira da Solidariedade é realizada no Otávio Bonfim;
· Acolhimento do IX Grito dos Excluídos em 2003;
· Apoio ao MST;
· Primeiro Êxodo das CEBs, em outubro de 2004.
· A mensagem que ele nos deixa é: “TUDO É BOM” e “VIVA A VIDA”.
(Fortaleza, 8 de junho 2005, por Frei Walter Schreiber, ofm).
Contatos: Secretária Paroquial – 32436280, Nilton Cézar – 94449985 e Gorete Almeida – 88051458.
Por Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Otávio Bonfim