“Quem se humilhar será exaltado”
Os pastores do povo
Há dias em que temos de cuidar das ovelhas; Há dias em que temos de cuidar dos pastores. S. Afonso escreveu: uma ovelha doente é um problema; um pastor doente é um desastre para o rebanho. Hoje a celebração nos chama a atenção à coerência de vida da fé e do ministério que foi confiado aos sacerdotes. A comunidade é alertada a não deixar seus sacerdotes, os responsáveis pelo povo de Deus, viver uma vida dupla, pregando uma coisa e vivendo outra. O profeta Malaquias mostra uma situação calamitosa dos sacerdotes de seu tempo: Deixaram a glória de Deus, abandonaram o bom caminho, ensinando doutrinas erradas prejudicando o povo e discriminando as pessoas no serviço da lei. Jesus critica fortemente os fariseus pela religiosidade exterior e sem coerência de vida. Jesus não diz que ensinam errado, mas vivem errado o que ensinam. O evangelista assume este ensinamento para alertar as comunidades contra o culto exterior e sem coerência de vida. Corremos o risco de viver de fachada. Se os padres e bispos falharem em sua missão, destroem e oprimem o povo, principalmente os pobres. Vimos estes anos o mal que fez às comunidades toda a problemática vivida por sacerdotes. Jesus não era assim. Para realizarmos um sacerdócio coerente, somos convidados a ter profunda ligação com Deus e empenharmo-nos em dar glória a Deus, não só com palavras, mas vivendo o caminho e pregando com consistência Sua Palavra. Por isso é importante o cuidado com os pastores do povo de Deus e é necessário que os responsáveis pela comunidade sejam coerentes e vivam o que pregam.
Riquezas de um ministério
Somos convidados a viver a Palavra de Deus com simplicidade e verdade. Esta é a primeira vestimenta do sacerdote. Pregar a Palavra e interpretá-la com a vida são as duas páginas do Evangelho que podemos viver. Vemos a tendência em dar valor às vestes tanto clericais como litúrgicas. Maravilhoso! Mas desde que não sejam para ocultar nossa verdade ou para nos dar um poder que Jesus não ensinou. Seu poder era servir e lavar os pés dos discípulos. Que nossa veste seja a transparência de Jesus que vive em nós e em nós continua a fazer a vontade do Pai e dando a vida pelos irmãos. Agradecemos a tantos bispos, padres e servidores da Igreja que viveram a pobreza fazendo da dedicação aos irmãos sua única riqueza, no carinho pelo povo e no sacrifício de si para que o Redentor continuasse presente.
Paulo ensina a coerência
Paulo descreve suas canseiras pelo evangelho e mostra o caminho para a verdadeira evangelização: “Apresentamo-nos cheios de bondade, como uma mãe que acaricia seus filhinhos. Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vós tínhamos”(1 Ts 2,7-8). Jesus está no coração do povo de Deus porque soube servir com sua vida. Somos convidados a amar nossos sacerdotes e bispos. Os católicos têm mania de falar mal do padre. As outras religiões não fazem assim. Lembremos da palavra de Deus: “Não toqueis nos meus ungidos” (1Cr 16,22). Corrigir sim, maldizer não. Em cada Eucaristia ou Sacramentos somos presididos por um sacerdote. Ajude-o a viver bem o mistério que celebra. Diz-se que a paróquia tem o padre que merece. Não é certo. Se ela o ama, poderá fazê-lo crescer e converter-se.
Leituras:Malaquias 1,14b-2,1-2.8-10;Salmo 130;1Tessonicenses 2,7b-9.13;Mateus 23,1-12
Homilia 31º Domingo do Tempo Comum (30.10.2011)
1. Um pastor doente é um desastre para o rebanho. A liturgia de hoje chama à coerência de vida. Malaquias mostra a situação calamitosa dos sacerdotes do tempo. Jesus fala dos fariseus que pregam e não vivem. Para viver bem o sacerdócio é necessária profunda união entre a pregação e a vida.
2. A primeira vestimenta do sacerdote é a vivência da palavra na simplicidade de vida. A meta é deixar Jesus transparecer que continua nos ministro a fazer a vontade do Pai e dar a vida pelos irmãos.
3. A coerência que Paulo ensina são suas canseiras pelo evangelho com bondade, dando a própria vida. Somos convidados a amar nossos sacerdotes e não falar mal deles.
Ninho de cobras
Jesus enfrenta os responsáveis pela religião do povo. Jesus não era um bagunceiro que atacava para ver o barulho que fazia. Ele põe a mão na grave ferida que havia na instituição religiosa. Ele próprio era um perfeito cumpridor da lei, mas não no modo deles que tinham uma observância exterior e pior ainda, não viviam o que ensinavam. Não ensinavam errado. Viviam errado o que ensinavam certo.
O que queriam mesmo era aparecer. Deus mandava ter sempre diante dos olhos a Palavra. Então amarravam textos da Bíblia pelo corpo. Deus queria vida, não vitrine.
Esse evangelho pega pesado contra os que ensinam o povo de Deus, sejam sacerdotes, bispos, ministros etc… também aos da área civil. Deus quer de nós, como disse a primeira leitura que sejamos coerentes. A vida dupla não é um bom caminho.
Hoje há muita procura de roupas bonitas no altar (é bom, mas não é tudo), muito rito, muito salamaleque, quando Deus quer o culto do coração. Não dispensa a beleza, mas tem que ter, principalmente, a beleza interior.
Somos convidados também a amar os dirigentes do povo. Mas temos o direito de cobrar coerência de vida e vida mais santa.
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, Redentorista
Uma resposta
Muito bom o texto, me levou a uma reflexão mais profunda sobre essa liturgia que de certa forma é um puxão de orelha a todo batizado.