“Dócil à Palavra”
Semeando o Reino
Jesus falava em parábolas tiradas da vida do povo. Era uma pedagogia maravilhosa, pois ensinava o povo conforme sua capacidade em ouvir. Falava à mente e ao coração. Com historinhas ensinava tantas verdades. É um verdadeiro e digno mestre. Anunciando o Reino, semeia com sua Palavra a proposta de Deus de um mundo novo e um novo modo de viver. É uma oferta que faz. Esta oferta é comparada a uma semeadura. No sistema de então, jogava-se a semente e depois passavam o arado para misturá-la com a terra. Ao jogar a semente, ela cai na beira do caminho onde é facilmente encontrada pelos pássaros. Jesus diz que a falta de compreensão é um obstáculo ao acolhimento da Palavra. O Maligno, como fazem os pássaros, rouba a semente. A outra parte cai em terreno pedregoso. Assemelha-se ao que a acolhe com alegria, mas não tem fundamento. Por isso a semente não germina. Quando vem qualquer dificuldade, abandona a Palavra. Sementes caem também entre os espinhos. É o que recebe a Palavra em meio às preocupações e ilusões do mundo que sufocam a Palavra. O Reino deve estar em primeiro lugar, do contrário, não produz fruto. A semente que cai em terra boa refere-se aquele que ouve a Palavra, compreende e a acolhe. Esse dá fruto em abundância. O Reino é semeado através da Palavra de Jesus. O modo de acolher dará o fruto devido. Não há meias medidas para o Reino. Por isso rezamos na Liturgia de hoje: “Dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome” (Oração).
Força da Palavra
O profeta Isaias fundamenta toda a reflexão sobre a Palavra de Deus com a comparação da Palavra com a chuva que tem a força de fazer germinar e produzir fruto (Is 55,10-11). A liturgia usa o texto para explicitar a parábola de Jesus sobre a semente que é plantada em terras diferentes. Ela tem força, mas o resultado depende também do acolhimento da Palavra. “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 13,9). Jesus espera ouvidos dóceis à Palavra para que possa produzir frutos. Encontramos aqui aquela difícil palavra de Jesus explicando porque falava em parábolas: “À pessoa que tem será dado ainda mais; à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem” (12). Se tiver ouvidos, terá olhos para ver e coração para compreender. O fechamento é um empobrecimento cada vez maior. Refere-se à recusa que lhe faz o povo que vai culminar na recusa mortal.
Um mundo que chora
Acolher e viver a Palavra será o grande consolo para o sofrimento do mundo. Quem a vive restaura a si mesmo e ao mundo. O pecado do homem desgovernou a natureza porque interferiu em sua missão de glorificação de Deus. Mas Cristo que veio também para os lírios do campo, trouxe o consolo. A Ressurreição é um fato universal e envolve todo o Universo. “A natureza espera a revelação dos filhos de Deus”, isto é, os que não nasceram da carne, mas de Deus (Jo 1,13). Viver a Palavra dá sentido à oração e à participação da Eucaristia. Quando nela oferecemos os dons, trazemos conosco o mundo que está presente no pão e no vinho, como fruto da terra e da videira que agora se tornam Corpo e Sangue de Cristo. Na Eucaristia o universo enxuga suas lágrimas e dá à luz o Corpo de Cristo, matéria que foi santificada pelo Espírito.
Leituras: Isaias 55,10-11;Salmo; Romanos 13,1-13;Mateus 13,1-23
Homilia do 15º Domingo do Tempo Comum (10.07.11)
1. Jesus falava em parábolas ensinando que Reino é como uma semente jogada à terra. A oferta que faz cobra a resposta do acolhimento. Apresenta quatro tipos de terra simbolizando quatro tipos de acolhida a Palavra: beira do caminho, terreno pedregoso, espinhos e terra boa. Correspondem à falta de compreensão, às dificuldades, às ilusões que sufocam a palavra e ao coração que acolhe. Por isso pedimos para viver de acordo com a fé.
2. Usando a comparação da chuva que faz a semente a produzir fruto, explica que a Palavra também tem força para produzir seu efeito. A semente da Palavra deve ser acolhida pelos ouvidos dóceis. O fechamento é empobrecimento. O povo recusou.
3. O universo sofre por culpa do pecado do homem. Quando este acolhe a Palavra o universo ressuscita. A Eucaristia está unida ao universo pelo pão e pelo vinho que serão Corpo e Sangue de Cristo. Na Eucaristia o universo ressuscita.
Plantando Palavras
Jesus era agricultor, aliás, todos tinham que tirar da terra seu sustento. Nunca pensei em Jesus trabalhando na rocinha dele. Como minha avó, Nossa Senhora devia ter uma horta de couve, quer dizer, daquilo que plantavam. Os três, Jesus, Maria e José, iam para trabalhar na roça. Todo mundo trabalhava. Três nos Céus e os três na roça.
Por isso Jesus usa tantas imagens do campo. Hoje fala da semente que produz de acordo com a terra. Se a terra é boa produz fruto. Se estiver batumada não surte efeito. A semente faz sua parte que é nascer.
Assim é a Palavra de Deus que lançada no mundo, roça do Pai, tem uma força parecida com a semente. Tem a força de produzir.
Mesmo produzindo, temos sofrimentos. Mas não tem nem comparação com o que Deus prepara para nós.