“Coragem! Não tenhais medo”
Mostrai-nos vossa bondade!
O refrão do salmo revela um desejo profundo de nosso coração: A sede de Deus. Rezamos no salmo: “A minha alma tem sede do Deus vivo, quando verei a face de Deus? (Sl 42,3). Queremos que a bondade de Deus ajude em nossas necessidades. Infelizmente vivemos o imediatismo espiritual. Buscamos Deus só no aperto. Pensamos muito em nós mesmos e em resolver nossos problemas. O que Deus quer é que O busquemos com toda ânsia do coração. Ele nos recrimina pela boca do profeta Jeremias: “Este povo cometeu dois pecados: Abandonou a mim, fonte de água viva e cavou para si reservatórios rachados que não podem reter a água” (Jr 2,13). A sede do coração humano, que busca coisas materiais ou milagres, não encontra satisfação. O povo abandonou a Deus e o profeta Elias procura reconduzi-lo e é perseguido. O zelo que tem por Deus e por suas coisas é para ele motivo de sofrimento. Tendo que fugir, busca refúgio no Monte Horeb onde Deus falara com Moisés. É um símbolo para que nos animemos e subamos ao encontro de Deus. Ele se tornará presente em nossa vida. Também nós temos momentos de dificuldade. Passamos pela mesma experiência de Elias. Caminhamos ao encontro de Deus. Olhemos para a experiência do profeta. Elias não encontrou Deus na confusão, mas na brisa leve. Está a nos indicar que é preciso dar atenção ao modo como encontrar Deus. Numa situação diferente, encontramos Pedro que vai ao encontro de Cristo no meio das ondas, andando sobre as águas. Andou, mas teve medo, pois sua fé era fraca. Mostrou a fragilidade, mas não perdeu a mão de Jesus. Jesus lhe recrimina a falta de fé: “Homem fraco na fé, por que duvidastes?” (Mt. 14,31).
Ir ao encontro de Deus
Somos chamados a ir ao encontro de Deus. Como é um mistério acima de nossos sentidos, deu-nos Jesus que é sua imagem visível. O apóstolo João fez a experiência: “Aquele que ouvimos, o que vimos com nossos olhos e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida… nós vos anunciamos” (1Jo 1,1). Nós encontramos Deus através da fé, na Eucaristia, na pessoa do outro, nos acontecimentos da vida. Jesus diz a Tomé que exigia tocar para crer: “Felizes os que creram ser ter visto” (Jo 20,28). Cada celebração é um encontro com Deus. Sem esta experiência, não podemos progredir na fé. Vivemos, como Pedro, afundando em qualquer circunstância, ou como Elias, desanimando de viver a fé e pedindo a morte (1Rs 19,4). Deus se manifesta e de tantos modos em nossa vida. É uma questão de tomar consciência desse momento e fazer dele um alimento para a vida. Paulo sofreu por se afastar de seu povo por Cristo, mas soube vencer.
Senhor, salva-me!
Jesus, andando sobre as águas, foi confundido com um fantasma. O evangelista alerta o cristão em seus momentos de desespero. Pedro pediu Jesus que provasse que, se era Ele mesmo, permitisse que Pedro andasse sobre as águas. E andou. “Mas, quando sentiu a força do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me’!” (Mt 14,30). A fé em Jesus não é para fazer milagres. Justamente quando é o momento de amadurecer na fé, é que abandonam e afundam, em lugar de colocar em Jesus sua esperança. Milagres são bons. A fé é melhor.
Leituras:1Reis 19,9ª.11-13;Salmo 84;Romanos 91-5;Mateus 14,22-33
Homilia do 19º Domingo Comum (07.08.11)
1. Há uma profunda sede no coração humano: ver a face de Deus. Como vivemos do imediatismo espiritual, perdemos a oportunidade de encontrar Deus. A sede humana busca milagres e não encontra satisfação. O desejo de nosso coração vai encontrar satisfação quando estivermos em sintonia com a vontade de Deus. Elias foge e encontra refúgio no monte Horeb. Temos duas circunstâncias para esse encontro com Deus: a suave brisa ou a tempestade que assusta Pedro. O que vai nos manter firmes é a atitude de fé.
2. Como Elias, somos chamados a ir ao encontro de Deus onde Ele se encontra. Queremos ver Jesus face a face. João nos orienta a buscar ver Deus pela fé, pois é muito mais real e eficaz. A experiência de Deus é fundamental para a vida da fé.
3. A situação de Pedro é uma alerta aos cristãos em seus momentos de desespero e confusão. A busca de milagres pode levar a afundar na tempestade do desespero. Muitos naufragam na fé e se iludem porque querem, no egoísmo, viver de milagres. Milagres são bons. A fé é melhor.
Surfando nas ondas da fé
O profeta Elias foi ao encontro de Deus no monte Horeb (é o mesmo que Sinai onde Deus apareceu a Moisés). Houve terremoto, vento, fogo, mas Deus não apareceu. Quando deu um ventinho manso, aí falou com Elias. Deus sempre amaina nossa tempestade. Nós rezamos como o salmo desse domingo: “Mostrai-nos, Senhor, vossa bondade, e a salvação nos concedei”.
Pedro, quando viu que era Jesus que vinha andando sobre as águas, animou-se e quis também andar sobre as água. E teve medo e começou a afundar. A gente também se afoga num copo d’água. Nesta hora grita mesmo: “Senhor, salva-me”! Jesus está sempre por perto a estender a mão. Ele dá uma sacudida na gente: Homem fraco de fé!
São Paulo era de raça e religião judaica. Amava seu povo, mas no momento em que amou mais Cristo, soube surfar sobre as águas da fé.
Atravessamos dificuldades, complicações. De vez em quando a água passa acima de nosso pescoço. É o momento de ver Deus presente a nos oferecer a mão para não afundarmos. Com a fé somos capazes de estar acima de tudo, mesmo quando estamos por baixo.
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, Redentorista
Uma resposta
gostei muito da homilia.
Felipe – Com. corpo Mistico de Cristo