“Dai a Deus o que é de Deus”
Viver em um mundo diferente
No diálogo entre Jesus e os chefes do povo, foram colocadas a Jesus questões fundamentais a Jesus. Essas dividiam as opiniões e, qualquer resposta de Jesus seria condenatória. Referiam-se à política, à teologia e à vida espiritual. São as mesmas questões que foram colocadas pelo Demônio a Jesus no deserto. O evangelista esclarece os cristãos sobre sua situação de cidadãos em um reino pagão. Para os judeus, o tributo a Cesar feria a vida do povo. Era humilhante pagar o imposto ao imperador, ainda mais com sua imagem na moeda. Se Jesus dissesse que se deveria pagar o tributo, estaria contra o povo oprimido pelo estrangeiro. Se não apoiasse estaria contra o estado. Armando a cilada, reconhecem em Jesus o homem verdadeiro que ensina o caminho de Deus sem ser influenciado (Mt 22,16). Jesus nasceu, viveu e morreu sob o imperador romano (Cesar). Os outros povos o consideravam um deus. Em Pérgamo havia um grande templo dedicado ao imperador. Jesus ensina que temos que viver na sociedade cumprindo nossos deveres civis e também os religiosos. Pedro e Paulo reconhecem o respeito e a honra que deve ser dada às autoridades, mesmo as pagãs (Rm 13,7 e 1 Pd 2,13-17). Quando diz dar a Deus o que é de Deus, reconhece a necessidade de sujeição e reconhecimento de Deus. Temos os compromissos com o estado e a sujeição e honra a Deus. Esse texto gerou o conceito de divisão entre Igreja e Estado. Estado laico não admite o espiritual, como se a vida das pessoas fosse por departamentos. Ser laico não exclui o espiritual. Jesus é a imagem do Deus invisível. É por Ele que prestamos culto, dando a Deus o que é de Deus. Jesus é o modelo de quem vive o equilíbrio das coisas do mundo e as de Deus.
O poder a serviço
A primeira leitura nos apresenta a ação de Deus que nos povo através de um homem que não sendo do povo de Israel, foi seu salvador. Vemos uma contraposição a Cesar e um modo de entender o que é “dar a Deus o que é de Deus”. O profeta escreve sobre Ciro: “Armei-te guerreiro sem me conheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45,6). Deus age também nos que estão fora. A força do poder é o poder do serviço. A força do cristão é o Espírito. Essa norteará seu caminho em situações diferentes. Em sua administração a Igreja não usa só a sabedoria humana que nem sempre é boa, pois vemos se sucederem as teorias, as filosofias, mas a sabedoria de Jesus que é o modelo do poder colocado a serviço.
Estar a vosso dispor (oração)
As orações da liturgia interpretam da questão mostrando o valor dos bens terrenos: “Auxiliados pelos bens terrenos, possamos conhecer os valores eternos” (Pos-comunhão). O equilíbrio entre estes dois reinos está na compreensão de nossa união a Deus a serviço dos irmãos na justiça e no amor. O poder de Cesar está unido a serviço a Deus. Pedimos a Deus: “Dai-nos usar vossos dons, servindo-vos com liberdade” (oferendas). Estar ao dispor é estar diante de Deus pelas pessoas como o faz Paulo pelos tessalonicenses: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação de vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza de vossa esperança” (1Ts 1,2-3). Nossas celebrações deveriam ser um momento de oração pelos irmãos e pelas necessidades do mundo. Se nos reunimos diante de Deus em oração litúrgica, é para fazer memória também dos irmãos.
Leituras: Isaias 45,1.4-6;Salmo 95; 1Tessalonicenses 1,1-1-5b;Mateus 22,1-14
Homilia do 29º Domingo Comum (16.10.11)
1. Jesus, colocado diante do dilema do tributo a Cesar orienta-nos a viver o equilíbrio das relações com Deus e com as autoridades civis, como nos ensina Pedro e Paulo. Temos compromissos com Deus e com o estado. Esse texto não quer indicar a separação de Igreja e estado laico. A pessoa não vive de departamentos. Ser laico não exclui o espiritual. Jesus é o modelo do equilíbrio.
2. A ação de Deus no povo vem através de um homem que não sendo judeu é seu salvador no exílio. Escolhido por Deus sem o saber. Deus age também nos que estão fora. A força do poder é o poder do serviço. A força do cristão é o Espírito. A Igreja não pode administrar só ao modo humano, mas com a sabedoria de Jesus.
3. O valor dos bens terrenos é explicado pela liturgia como caminho para conhecer os valores eternos. No serviço aos irmãos está o modo de viver este dilema. Paulo lembra que devemos fazer memória dos irmãos em nossas orações litúrgicas.
Nem cesariana ajuda
A palavra cesariana vem de Cesar, o primeiro imperador de Roma. A mãe dele morreu grávida dele e, em tempo o tiraram. Daí vem a palavra. Dizer Cesar era dizer o poder central de Roma.
Os inimigos de Jesus queriam pegá-lo em uma questão política e colocá-lo em apuros, mas Jesus era liso. Queriiiam! O que respondesse daria errado. Mas não deu certo. Falhou a cesariana.
Perguntaram se era certo pagar o imposto a Cesar. Pagar o imposto era humilhante. O povo de Deus só tinha Deus como Senhor. E agora esse imperador! Se Jesus dissesse que tinha que pagar. Era contra o povo. Se não, era contra os dominadores do país, os romanos.
Jesus tirou de letra com uma moeda: “De quem é a moeda? De Cesar, isto é, do Imperador. Então daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”. Isso, significa que o fiel tem que cumprir os deveres para com Deus e os deveres públicos com a mesma fidelidade e consciência. Isso podemos ler nas cartas de Pedro e de Paulo.
Jesus se refere à imagem desenhada. É de Cesar. Mas a imagem que nos define é Jesus.