Nesta época de eleições é importante lembrar que a missão da Igreja é evangelizadora e de natureza eminentemente pastoral. Tal missão, porém, não permite à Igreja se omitir a respeito de problemas sócio-políticos do município, na medida em que esses problemas sempre apresentam uma relevante dimensão ética. Entre os valores éticos que estão em jogo nesta eleição, a Igreja, cônscia de sua responsabilidade pastoral, se preocupa de modo especial com os valore da justiça, da verdade, da honestidade e da liberdade, além de exigências éticas nas áreas de: educação, saúde, moradia, emprego, salário digno, reforma agrária, desenvolvimento econômico e social do Município.
A Igreja não tem ambições nem pretenções político-partidárias. Como em outras, nesta eleição a Igreja não está apoiando qualquer partido político e, muito menos, qualquer candidato específico. Afirmações em sentido contrário são simplesmente inverídicas. Ela sabe que sua palavra encontra hoje ressonância no povo pela natureza essencialmente religiosa de sua missão. A Igreja Católica, diferente de outras igrejas, não tem nenhuma intenção de se prevalecer da força de sua palavra para a promoção política de seus líderes, nem para a defesa de interesses ou privilégios. Assim, ela não concorda com a militância político-partidária de padres, religiosos e religiosas, algo que divide os fiéis. O bispo, por gravíssimos motivos, pode permitir um padre candidatar-se como representante de um determinado partido político, mas, neste caso, a prudência e o bom senso exigem o afastamento do padre de sua paróquia e funções pastorais enquanto ele estiver envolvido na política partidária. É óbvio que o sacerdote não deve introduzir política partidária em suas homilias durante a santa Missa, mas, caso seja necessário e oportuno, deve se restringir a uma orientação sobre os deveres políticos do cristão perante os programas e postulados dos vários partidos políticos na eleição Embora a Igreja não seja intérprete de aspirações partidárias nem mediadora de facções políticas, isto não significa que ela seja apolítica. Ela sabe bem que um pretenso apoliticismo significa, na prática, uma atitude política de anuência tácita a uma determinada configuração do poder político, qualquer que ele seja. A Igreja não aceita, pois, a opinião dos que pretendem reduzir sua missão à formulação de princípios atemporais. Pelo contrário, ela acompanha os homens no concreto das situações da vida individual e social, para explicar as exigências do Reino de Deus. Todos sabem que a ordem política está sujeita à ordem moral. A Igreja, então, iluminada pela fé, tenta definir com sempre, maior clareza as exigências que da ordem moral decorrem para a ordem política.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1