João XXIII segue os passos de Pio XII na liturgia

O caminho percorrido por Pio XII foi prosseguido pelo seu sucessor, Papa João XXIII (1958-1963) com a codificação das rubricas do Missal em 1960, a reforma de grande parte do Pontificale Romanum(1960) e a reforma do Ordo do sacramento batismal para os adultos, em 1962, já às portas do Concílio.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica.

Temos dedicado inúmeros programas deste nosso espaço à reforma litúrgica, implementada por meio deste importante documento do Concílio Vaticano II, a Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia, promulgada pelo Papa Paulo VI em 4 de dezembro de 1963.

No programa passado, recordamos alguns documentos dos Papas Pio X e Pio XI sobre a liturgia e as modificações por ele introduzidas. Pio X, por exemplo, incentivou os fiéis a participarem da comunhão diariamente. Ele também antecipou a Primeira Eucaristia para as crianças. Se hoje a partir dos 9 anos é possível fazer a Primeira Comunhão, devemos isso a este Pontífice.

Mas na edição de hoje deste nosso espaço, damos um passo em frente no tempo. Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso da exposição dos documentos conciliares, nos propõe a reflexão “João XXIII percorre os passos de Pio XII na Liturgia”:

LEIA TAMBÉM: A contribuição dos Papas pré-conciliares na reforma litúrgica

“Pio XII, em 1947 – quase 20 anos antes do Concílio Vaticano II – dizia assim na Encíclica Mediator Dei, que falava sobre a Liturgia, no número 46: “Em verdade, não poucas são as causas pelas quais se explica e desenvolve o progresso da sagrada liturgia durante a longa e gloriosa história da Igreja. Assim, por exemplo, uma formação mais certa e ampla da doutrina católica sobre a encarnação do Verbo de Deus, sobre os sacramentos, sobre o sacrifício eucarístico, e sobre a virgem Maria Mãe de Deus, contribuiu para a adoção de novos ritos, por meio dos quais a luz, mais esplendidamente brilhante na declaração do magistério eclesiástico, veio a refletir melhor e mais claramente nas ações litúrgicas para unir-se com maior facilidade à mente e ao coração do povo cristão”.

Também nesse encíclica, Pio XII já falava, por três vezes, da participação consciente dos fiéis na liturgia. Recordemos o número 73 dessa Encíclica  Mediator Dei: “É necessário, pois, veneráveis irmãos, que todos os fiéis tenham por seu principal dever e suma dignidade participar do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contato íntimo com o sumo sacerdote, como diz o Apóstolo: “Tende em vós os mesmos sentimentos que Jesus Cristo experimentou”, oferecendo com ele e por ele, santificando-se com ele (Mediator Dei, 73).

Pio XII aprovou os ritos em duas línguas, recuperou o sentido e importância da Vigília Pascal (1951), fez a Reforma da Semana Santa(1955) e autorizou na liturgia a recitação de perícopes na língua vernácula, a língua mãe de cada país. Tiveram também influencia fundamental, como aqui já apontados noutras ocasiões, alguns encontros internacionais de liturgia:  O congresso de liturgia pastoral em Assis-Roma(1956) e a Semana Internacional de Estudos em Nimega(1956)¹, onde houve expressiva participação de renomados bispos e cardeais.

Esse caminho percorrido por Pio XII foi prosseguido pelo seu sucessor, Papa João XXIII (1958-1963) com a codificação das rubricas do Missal em 1960, a reforma de grande parte do Pontificale Romanum(1960) e a reforma do Ordo do sacramento batismal para os adultos, em 1962, já às portas do Concílio.

Um ano antes de sua morte, João XXIII, em 1962, aprovou a nova edição do Missale Romanum. Papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II com o objetivo de renovação da Igreja e de se reformular a forma de explicar a doutrina católica ao mundo moderno. Era aclamado mundialmente como o “Papa bom” por causa de sua simpatia, sua simplicidade e sua jovialidade.

É considerado um dos papas mais populares e amados. João XXIII faleceu de câncer no estômago no dia 3 de junho de 1963, o que o impediu de testemunhar o encerramento do Concílio Vaticano II, o qual foi finalizado por seu sucessor Paulo VI. Papa Francisco, anos atrás, recordou a comoção mundial no dia da morte de João XXIII”.

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¹ Helmut Hoping, A Constituição Sacrosanctum Concilium. In: As Constituições do Vaticano II, Ontem e Hoje, org. Geraldo B. Hackmann e Miguel de Salis Amaral, Edições CNBB, 2015, p.106. Ouça e compartilhe!

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