A decisão é considerada um marco histórico e prevê a redução do aquecimento de temperatura
A 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) aprovou o maior acordo climático do mundo. O evento realizado de 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris, na França, reuniu representantes de 195 países.
O acordo global substituirá o Protocolo de Kyoto, em vigor desde fevereiro de 2005. O documento prevê redução do aquecimento da temperatura e repasse de US$ 100 bilhões, por ano, dos países ricos para nações em desenvolvimento.
A Santa Sé participou da Conferência sobre o Clima como observadora. O Vaticano enviou uma delegação com membros de diversos países, entre eles, o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner.
De acordo com o bispo, no decorrer da COP 21, houve contato com os demais delegados presentes no evento, para apresentação de propostas e preocupações da Igreja sobre o clima. “Buscamos alertar as lideranças em relação a diversas questões do meio ambiente, principalmente aquelas apontas pela Encíclica Laudato Si´, que foram muito apreciadas durante a Conferência”, recordou dom Leonardo.
Apelo do papa
Após a oração do Angelus, no domingo, 14, o papa Francisco encorajou a comunidade internacional a implementar as decisões do “histórico acordo”. Recordou a necessidade de se dar maior atenção às famílias e populações vulneráveis. “A Conferência sobre o Clima concluiu-se em Paris com a adoção de um acordo, definido por muitos como histórico. A sua implementação requer um compromisso de todos e uma generosa dedicação por parte de cada um. Desejando que seja garantida uma particular atenção às populações mais vulneráveis, exorto toda a comunidade internacional a prosseguir com solicitude o caminho tomado, no sinal de uma solidariedade que se torne sempre mais concreta”, disse o papa Francisco.
Sobre o pedido de atenção com relação às populações “vulneráveis”, feito pelo papa, dom Leonardo recorda o sofrimento dos pobres com as questões ambientais. “Os vulneráveis são os pobres. Não podemos esquecer dos pequenos países, da população que vive nas ilhas e em outras regiões. Se não contermos o aquecimento global, no futuro, essas ilhas desaparecerão. Durante a COP 21, ouvimos esse clamor em defesa desses povos vulneráveis, principalmente aqueles que vivem em regiões sem água ou saneamento básico”, explica o bispo.
Texto aprovado
O acordo determina aos países para que trabalhem para que aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC, e que países ricos garantam financiamento de US$ 100 bilhões por ano. Não há, no texto, menção à porcentagem de corte de emissão de gases-estufa. O acordo deve ser revisto a cada cinco anos.
“Esse acordo representa um passo muito importante para o debate sobre as questões climáticas. Sabemos que existem outras urgências que a Terra necessita, a nossa casa comum. Porém, a unanimidade em torno de determinados pontos sobre o meio ambiente é um grande avanço”, comenta dom Leonardo.
O pacto firmado entre os países atinge um consenso global, reconhecendo que as emissões de gases do efeito estufa precisam diminuir radicalmente. Os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os da União Europeia, devem repassar recursos financeiros para ajudar países em desenvolvimento a ter ações de mitigação e adaptação, e “outras partes são convidadas a prover ou a continuar a prover tal suporte voluntariamente”.
Dom Leonardo fala da medida de ajuda como um avanço entre as nações. “Trata-se de um elemento primordial, a ajuda e cooperação entre os países no enfrentamento dos problemas climáticos. Ouvir as necessidades dos pequenos países, que são ilhas; ouvir o clamor dos povos é muito importante. Agora, temos o desejo que, no futuro, esse debate continue e que não fique apenas nas dimensões sugeridas pelo acordo”, pontua o bispo.