Neste 4º domingo da quaresma somos curados de nossas “cegueiras” pelo Senhor que passa em nossas vidas e nos dá o dom do seguimento a partir do encontro conosco. Logo após ter acolhido, por meio do perdão, a mulher surpreendida em flagrante adultério (Jo 8 ) e ainda ter proclamado a sua identidade como “Luz do mundo” (Jo 8,12) gerando então longa discussão sobre a sua pessoa, sua origem e a verdade de sua mensagem, Jesus –o enviado de Deus (Jo 4,34) vem passando, vê um cego de nascença e ainda responde o questionamento dos discípulos sobre a origem de tal enfermidade: O pecado dos pais interfere como “castigo” na vida dos filhos?
Nem uma coisa nem outra! Para Jesus o encontro da pessoa humana com sua enfermidade é um momento privilegiado para a manifestação do poder (sinal da presença atuante) de Deus.
Sendo Jesus a luz do mundo a sua intervenção na vida do cego será justamente retirá-lo das trevas. Fazendo lama com a saliva e aplicando-a sobre os olhos ordena-lhe para lavar-se na piscina de Siloé (enviado). Mais uma vez estamos diante de um texto de aspecto profundamente batismal, ou seja; no batismo, os catecúmenos são convidados a mergulhar suas vidas na vida de Cristo – o enviado do Pai, a fazerem o caminho da iluminação e no seguimento do mestre também compartilhar da luminosa missão onde estiverem atuando no mundo.
Todavia mesmo sendo um sinal de cura, de bênção, de vida nova para aquele homem aprisionado na escuridão de sua cegueira; essa ação de Jesus foi tomada como uma ação proibida – pois não é permitido fazer nenhum trabalho em dia de sábado (cf. Ex 20,10).
O texto prossegue e expõe a tensão entre Jesus e seus opositores cuja rejeição também se estende a todos os que crêem. A comunidade dos discípulos é convidada na fé a fazer a corajosa experiência de buscar a luz e superar as estruturas que mantém a nossa cegueira. Identificar quais são os “pontos cegos” da nossa ação pastoral, tentar “enxergar” com os olhos de Deus Pai todas as pessoas que se encontram fora do contexto social, econômico e até religioso.
Bem sabemos que a nossa época possui o privilégio e ao mesmo tempo o desafio da comunicação visual. Que nos digam os apelos constantes e bem estruturados da mídia nos diversos meios de comunicação de massa e na recente proposta de “dar uma espiadinha”, que na verdade revelou ainda mais a nossa cegueira cultural, moral e humana.
A campanha da fraternidade que iluminar o nosso olhar e nos capacitar a termos diante de nós o olhar de Deus sobre a criação que geme como em dores de parto devido a ação predatória daqueles que deveriam cuidar melhor da herança recebida do Pai.
Peçamos ao nosso bom Deus – que não julga pelas aparências mas que vê o coração humano – o restabelecimento da nossa visão, por meio da ação de seu “Filho Amado” para melhor segui-lo iluminando com as nossas atitudes todas as realidades em que nos encontramos.
Em Jesus, o bom pastor e Maria nossa Mãe.
Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa