Dois membros da Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Fortaleza, Linderberg Albuquerque e Francisco Vladimir, participam do Seminário Nacional, em São Paulo, sobre “Grandes obras e migrações”. O evento aborda a temática dos deslocamentos populacionais provocados por grandes obras de desenvolvimento – como barragens, usinas hidrelétricas e portos – sob o ponto de vista de pesquisadores, movimentos sociais, pastorais da Igreja e do governo. Entre os pontos discutidos, encontram-se os grandes empreendimentos na região amazônica, a transposição do rio São Francisco e as lutas das populações atingidas. O tema das grandes obras ganhou relevância nos últimos anos com a criação de grandes programas de desenvolvimento – como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) – e o crescimento econômico do país, que beneficia desigualmente construtoras, grandes empresas, governo, trabalhadores e populações locais deslocadas.
Na abertura, d. Demetrio Valentin, bispo de Jales, deu boas vindas aos participantes falando da importância do tema discutido nesse seminário “é um tema necessário a ser discutido, tendo presente os últimos acontecimentos em ralação ao código florestal”. ele refoçou o que disse na semana passada em texto apresentado a 49o. Assembléia Geral dos Bispos do Brasil -CNBB-:“Se há um assunto que precisa ser bem pensado é o Código Florestal brasileiro. Ele implica com o meio ambiente. Mas implica também com a viabilidade da agricultura. E em decorrência, com a produção de alimentos e com a sobrevivência de milhões de agricultores”. O bispo falou que as grandes obras visam o lucro, somente ao lucro, mas, não pensam no social e na vida das pessoas, do homem, da mulher do campo. E todas essas obras afetam diretamente das pessoas.
Além de dom Demetrio, participa da primeira mesa de debates dom Antônio Possamai, bispo emérito de Ji-Parana (RO) – falando das grandes obras na Amazônia, d. Luiz Cappio, bispo da Diocese de Barra (BA) – falando sobre “transposição do Rio São Francisco”, e a diretora do departamento de licenciamento e avaliação ambiental do ministério do meio ambiente, Dra. Ana Lúcia Donabella. A segunda mesa contará com a participação do professor Dr. Carlos Vainer, falando sobre “Viabilidade e impactos das grandes obras no Brasil”, o professor Dr. Osvaldo Sevá, da USP, falando sobre “, os impactos sociais das grandes obras”, por fim, um representante do MAB (Movimentos Atingidos por Barragens), Luiz Dalla Costa, que falará sobre “as consequências sociais das grandes obras e lutas populares dos atingidos”.
O seminário “Grandes obras e migrações” é o primeiro de uma série de três anos promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes, para fomentar a reflexão sobre os fluxos migratórios atuais e os novos desafios na atuação junto aos migrantes.
Após o seminário Linberg Alburqueque e Francisco Vladimir permanecem em São Paulo para participar do coletivo de formação que acontece nos dia 14 e 15. O Coletivo de Formação do SPM é a IV Fase da 1ª Etapa do ciclo de formação. Equipes de diversas regiões do Brasil estão em São Paulo para participar desse encontro, que aborda os temas: Territórios da Cidadania e Economia Popular Solidária, Territórios Quilombolas – A Experiência de Jequitinhonha /MG e Bíblia – Profeta Jonas.
Durante o coletivo de formação também será dado alguns informes sobre a Semana do Migrante de 2011, que este ano trata do tema ”Migrações e mudanças climáticas: o que temos a ver com isso?”. Os preparativos já se iniciam em todo o país. O tema escolhido lida com um tema extremamente atual. As mudanças climáticas produzem deslocamentos em todo o planeta, que devem aumentar nas próximas décadas. Quais são os desafios que se colocam para as pastorais e os migrantes?
O SPM tem como missão promover a defesa e a organização dos diversos grupos de migrantes, nas mais variadas situações: acolhida, combate à migração forçada, com luta pela terra, política agrícola, projetos autossustentáveis; luta contra as situações indignas de trabalho e moradia; luta contra o aliciamento de trabalhadores, trabalho escravo e formação de comissões de fiscalização de condições de trabalho (carvoarias, por exemplo); denúncia às variadas formas de preconceito e discriminação; promoção da cultura popular; religiosidade (a partir de uma leitura libertadora da fé, através do método ver-julgar-agir, em perspectiva ecumênica); formação de grupos de geração de renda, construção de cisternas, agricultura familiar, alfabetização; acompanhamento e articulação das regiões de origem e destino dos migrantes; visita às famílias recém chegadas em bairros periféricos. Em resumo, luta por uma cidadania plena, universal, na qual os migrantes sejam tratados com igualdade na diferença.
Em Fortaleza a Pastoral do Migrante está presente no cuidado com os estudantes africanos, com as mulheres estrangeiras presas, na luta pelo direito à cidade, na participação de fórum e redes contra os megaeventos esportivos, megaprojetos – grande obras -. Como também, em espaços que atuam na luta contra o agronegócio e outros.
Informações: Ir. Cladina Scarpini (85) 9966-7747 – e-mail: [email protected] ou Francisco Vladimir (85) 9973-0089 – e-mail: [email protected]
Sobre a Semana do Migrante, blog: https://spmigrantes.wordpress.com/