Acompanhamos nos últimos dias, infelizmente de maneira deturpada, a greve dos policiais militares do Estado do Ceará. Deturpada porque a mídia sensacionalista se encarregou de transformar a greve, um movimento pacífico, em algo altamente perigoso e aterrador, causando pânico e caos nas ruas e bairros da capital e do interior.
Na corrida pelo ibope e pelo furo de reportagem, a mídia abre mão de regras básicas do bom jornalismo. A função de mediação entre a realidade e o telespectador tem sido desvalorizada. A fórmula americana é seguida pela mídia brasileira, amparada pelo tripé violência, sexo e esporte.
O jornalismo sensacionalista, se é que se pode chamar de jornalismo, ao contrário do jornalismo sério, não está preocupado com as pessoas envolvidas na matéria, nem com a ética, mas pura e simplesmente com o espetáculo. O mais importante é a manchete e o seu impacto. O que rege esse tipo de jornalismo é a lógica do mercado, preocupado apenas com o consumo.
Produz exageradamente o espetáculo de violência, seguindo a máxima de que “o crime vende”. Para isso pessoas são expostas ao ridículo e muitas vezes cidadãos são transformados em bandidos de alta periculosidade. No jornalismo sensacionalista as partes envolvidas não são ouvidas, não se confere informações e condena-se previamente suspeitos ou acusados.
Um espaço que fora criado para informar e formar o cidadão, ajudando-o a gerar conhecimento, através de temas relevantes, transformou-se em espaço de satisfação de necessidades instintivas. Ignora-se completamente os assuntos de interesse público. O público deixa de ser sujeito, passando a ser consumidor de um conteúdo espetacular.
É com pesar que assistimos a espetacularização das notícias, o desrespeito para com a vida humana e a sua banalização. Infelizmente, nem todo jornalista no exercício da profissão pensa o jornalismo como criador de democracia e o coloca no viés do sensacionalismo e da mercadoria. O que nasceu para ser salvaguarda da sociedade passa de repente a ser temido pela mesma.
Por padre Antonio Julio Ferreira de Souza, C.Ss.R
Uma resposta
Fomos assaltadas no dia 31 por volta da meia noite, quando meu sobrinho estava chegando um homem armado rendeu tinha outro na esquina eles tiraram chamos a policia não fomos atendidos porque eles estavam em greve minha mãe passando mal ,ela tem 90 anos. Pode se chamar de greve passifíca. Paz e Ben