Segundo dados das Nações Unidas, o número de migrantes no mundo alcançou a marca de 244 milhões em 2015, isto significa um aumento de 41% em relação ao ano 2000, dentro desta cifra, 20 milhões são refugiados. No entanto, há diferenças nas regiões do mundo: na Europa, América do Norte e Oceania, os migrantes são pelo menos 10% da população; na África, Ásia e América Latina e Caribe, menos de 2% são estrangeiros. Uma atualização desta situação será feita na apresentação de um novo relatório da ONU na Sala de Leitura do Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, no próximo dia 20 de junho.
Os especialistas, ouvidos pela BBC de Londres, Inglaterra, mostram que há diferença entre as ondas migratórias de agora e do século passado. Eles calculam que naquela época cerca de 50 milhões de pessoas, a grande maioria europeus, deixaram o continente em direção ao novo mundo, como eram chamados na época as Américas e a Oceania. Essa primeira grande onda migratória da história levou milhões de britânicos e irlandeses aos Estados Unidos e Canadá. Brasil e a Argentina receberam milhões de italianos, espanhóis e portugueses.
Se naquela época a movimentação era da Europa para as Américas, afirmam os estudiosos, hoje é principalmente da América Latina, Ásia, África e Leste Europeu para os Estados Unidos, Canadá e Europa. Os Estados Unidos continuam recebendo cerca de 1 milhão de imigrantes por ano, o mesmo número de um século atrás. Somente na última década, o número de imigrantes nos Estados Unidos aumentou de 20 para 28 milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população americana. O impressionante é que esse número recorde de migrações ocorre num momento em que nunca houve tantas restrições para a entrada de estrangeiros nos países desenvolvidos.
A pergunta feita pela BBC aos especialistas foi a seguinte: “Mas por que o número de imigrantes aumentou tanto nos últimos anos? ”, eles responderam que as razões para o aumento do movimento migratório são: o aumento das comunicações e o desenvolvimento – e consequentemente barateamento – dos meios de transporte deram um grande impulso ao desejo antigo do ser humano de sair em busca de uma vida melhor.
A reportagem da BBC ainda traz um dado curioso: “ao contrário do que muitos pensam, não é a parte mais pobre da população que migra”. A afirmação é da historiadora e socióloga Maria Baganha, da Universidade de Coimbra, especialista em migrações internacionais. Ela diz que “a migração é altamente seletiva” e as “as pessoas começam a pensar em migrar conforme melhoram de vida e veem a possibilidade de ter uma vida ainda melhor em outro lugar”.
A migração não é, propriamente, apenas um problema social. “A migração bem administrada traz importantes benefícios aos países de origem e destino, bem como para os migrantes e suas famílias”, observa o subsecretário-geral do Departamento de Assuntos Sociais e Econômicos da ONU, Wu Hongbo.
Segundo trabalho publicado pela Universidade de Juiz de Fora (MG), de autoria de Roberto Marinucci e Ir. Rosita Milesi, “as migrações podem contribuir positivamente para o futuro da humanidade e para o desenvolvimento econômico e social dos países. O fenômeno das migrações internacionais aponta para a necessidade de repensar-se o mundo não com base na competitividade econômica e o fechamento das fronteiras, mas, sim, na cidadania universal, na solidariedade e nas ações humanitárias”.
Marinucci e Milesi continuam: “os países devem adotar políticas que contemplem e integrem o contributo positivo do migrante, vendo, assim, as migrações como um ganho e não como um problema. As migrações são berços de inovações e transformações. Elas podem gerar solidariedade ou discriminação; encontros ou choques; acolhida ou exclusão; diálogo ou fundamentalismo”. Por conta dessa realidade, lembram: “é dever da comunidade internacional e de cada ser humano fazer com que o novo‖ trazido pelos migrantes seja fonte de enriquecimento recíproco na construção de uma cultura de paz e justiça. É esse o caminho para promover e alcançar a cidadania universal”.
Fonte: CNBB