O Centro Cultural de Brasília (CCB) foi palco, nos dias 5 e 6, da 4ª Oficina sobre Mobilização de Recursos para a Sustentabilidade das Pastorais Sociais e Organismos Vinculados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento teve a participação de 20 coordenadores das Pastorais e Organismos, vindos e várias regiões do Brasil e foi coordenado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e a Paz. O objetivo da Oficina foi estudar, debater, trocar experiências e formar agentes na aquisição de recursos.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e a Paz, dom Guilherme Werlang, falou sobre a dificuldade de conseguir recursos públicos. Segundo dom Guilherme, “as entidades de assistência e as pastorais tem dificuldades no acesso aos recursos públicos. As exigências para o repasse não são condizentes e inviabilizam o acesso de entidades, portanto é fundamental que se crie fundos independentes e, principalmente, cobrar do Governo incentivos fiscais para se constituir esses fundos, ou seja, políticas que incentivem a criação dos mesmos. Contudo, para criar um fundo exige dotação orçamentária, então temos que criar mecanismos de regulação que incentive a criação de fundos independentes”, disse.
Os participantes da oficina fizeram memória das oficinas anteriores e conheceram uma pesquisa de identificação dos mais de 70 mil grupos que atuam no território nacional, sem fins lucrativos, empregando mais de um milhão e quinhentos mil trabalhadores. “Também queremos o fortalecimento da sustentabilidade das Pastorais e Organismos, através da mobilização de recursos, a gestão coletiva dos mesmos, em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, apresentou o assessor da Comissão, padre Ari Antônio dos Reis.
Para o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Urich Steiner, que participou do segundo dia do encontro, existe muita dificuldade de se conseguir, hoje, recursos estrangeiros devido o atual contexto em que se encontra a economia brasileira. Na visão de dom Leonardo, a Igreja deve aplicar melhor os recursos conquistados. “As Pastorais Sociais são o rosto da Igreja, portanto, devemos ter atenção com o gerenciamento dos recursos, pois, é tão importante como a busca dos mesmos. Temos condições de sustentação no Brasil, mas temos uma dificuldade enorme de partilhar, inclusive em nossas próprias dioceses”, afirmou.
Na mesma linha de pensamento do secretário geral da CNBB, um dos participantes da Oficina, Daniel Rech, que presta assessoria às dioceses sobre projetos e faz parte do Centro de Apoio e Integração Social (CAIS), explicou, um pouco mais, sobre as dificuldades de se obter recursos estrangeiros para atividades sociais no Brasil. “Hoje o foco é a África e a Ásia, por causa fome e das guerras. Outro fator é a crise econômica que vivem os países europeus e os Estado Unidos, maiores doadores de recursos. Tem também a questão migratória, a dependência de agências internacionais a outros países, ou seja, uma série de fatores contribuem para a escassez de recursos destinados a entidades sociais brasileiras”, explicou Daniel.
Segundo o assessor do Mutirão pela Superação da Miséria e da Fome da CNBB, padre Nelito Dornelas, a Oficina tem também, como objetivo, pautar a discussão sobre o novo Marco Regulatório, que está sendo construído pelo grupo denominado Plataforma de Dialogo entre Governo e Sociedade Civil. “Dos debates, estudos e reflexões da Oficina serão apresentadas, posteriormente, propostas de criação de instrumentos eficazes, em função da sustentabilidade dos grupos sociais que trabalham em defesa e promoção da vida e promovem a cidadania”, disse padre Nelito.