A ressurreição do Senhor quer tirar a convicção de muitas pessoas: a de se estabelecerem neste mundo como se fosse a única pátria. O apóstolo Paulo vem nos dizer que se deve ocupar as realidades terrenas, sim, mas sem empecilho algum para os que abraçam a fé no ressuscitado, de um coração voltado para as realidades duradouras, ímpares, sem igual e definitivas, com o pensamento nas coisas do alto e não nas da terra (cf. Cl 3, 1-2). À luz do Senhor ressuscitado, que saibamos dizer um “não” à montanha da autossuficiência, do preconceito, do egoísmo e do orgulho, surpreendendo-nos no que humanamente é inaceitável, o Deus encarnado na História das pessoas, no seu amor, redentor e libertador.
Na Páscoa do Senhor fica o grande convite aos fiéis: de participar do banquete, na mesa com Cristo ressuscitado, mesa essa em que ele mesmo é o alimento e a bebida. A Páscoa na sua plenitude consiste numa vida toda de alegre esperança, porque o Senhor que estava morto vive entre nós, triunfou para nunca mais morrer. Cristo ressuscitou para levar todas as pessoas à sua ressurreição e também conduzi-las ao céu, onde viverão eternamente, oferecendo-nos a irrevogável promessa de participarmos de sua glória.
No duelo forte, na vida que vence a morte, meditamos sobre nosso Deus, essencialmente bom e terno, ao passar da morte para a vida, afirmando-nos que a tristeza e o desânimo são coisas do passado. A esperança e o otimismo, proclamados pelo Papa Francisco em todo o seu pontificado, são sempre na intenção de contagiar nossa existência, na certeza de que Jesus, vencedor da morte, quis se estabelecer para sempre no meio de seu povo e com ele conviver, vivo e vitorioso: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” (Lc 24, 5-6).
Ó Páscoa santa e divina, que desce do céu à terra, no Filho, da terra eleva-se de novo aos céus! O Deus lá céu, na sua tolerância, agora se une a nós, na força do seu Espírito, presenteando-nos com a veste nupcial. O Cristo ressuscitado convença as pessoas de boa vontade, que convosco somos chamados a vida nova, sem jamais esquecer de dizer que o Senhor é muito bom, eterna é sua misericórdia (cf. Sl 118). Amém!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e Colunista, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza