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Na Semana do Migrante, Comissão alerta para situação de contrabando e tráfico de migrantes no estado de Roraima

A Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com organizações religiosas e civis, se reúne em missão na diocese de Roraima entre os dias 17 e 23 junho. A finalidade é compreender o contexto atual relacionado ao tráfico de pessoas no estado, fortalecendo as ações promovidas pela Igreja católica durante a Semana do Migrante, que este ano tem como tema: “Migração e Casa Comum” e lema: “Alarga o espaço da tua Tenda” (Is 54,2).

Além da Comissão, outras instituições/organizações religiosas e civis se integraram nesta missão, entre elas: Rede Um Grito Pela Vida (CRB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (ASBRAD), Rede CLAMOR Brasil, REPAM Brasil, Serviço Pastoral do Migrante (SPM), SEFRAS/Ação Social Franciscana, Cáritas, Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Rede Um Grito Pela Vida da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). 

A missão

A missão ajuda a “trazer a temática do tráfico humano, que ele é escondido, inclusive as vítimas são escondidas”, ressalta o presidente da Comissão, dom Adilson Pedro Busin.

“Estamos diante de um problema social mundial, que o Papa Francisco tanto insiste. A incidência deve ser dupla, “ad intra da própria Igreja, para nós tomarmos consciência desse problema grave, dessa chaga da humanidade, como diz o Papa Francisco, e da sociedade”, afirma o bispo.

Diante da realidade de Roraima, com uma ebulição migratória e tantas “fronteiras porosas”, a visita da Comissão quer que “essa temática do tráfico humano seja exibido, visibilizado, seja sentido, que chegue ao coração, à mente das pessoas, no mundo da política e na sociedade, com políticas públicas que venham a enfrentar o tráfico de pessoas”, destaca dom Adilson.

Contexto do Tráfico de Pessoas em Roraima 

O Tráfico Humano é a terceira atividade ilegal mais rentável do mundo. Segundo relatório emitido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima-se que mais de 50 milhões de pessoas no mundo são vítimas da escravidão contemporânea. Trata-se de um crime perverso, dinâmico e silencioso que alicia pessoas em situação de vulnerabilidade social extrema.

No Brasil, o enfrentamento a este crime tem ganhado destaque nos noticiários sobre a modalidade do trabalho análogo à escravidão. No entanto, é importante ressaltar que, dentre as diversas modalidades existentes, o tráfico de Migrantes que, atinge homens e mulheres que deixam seus países de origem em busca de refúgio e melhores condições de vida e são aliciados, precisa de atenção especial e urgente.

“O Tráfico de Pessoas desfigura a dignidade. A exploração e a sujeição limitam a liberdade e transformam as pessoas em objetos a serem usados e descartados”, disse o Papa Francisco em sua mensagem no Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas no ano de 2023.  

Organizações relatam que no estado de Roraima está havendo um aumento no tráfico de mulheres e de adolescentes para fins de exploração sexual; trabalho escravo para o garimpo ilegal, tendo como vítimas indígenas; e a exploração de migrantes em especial Venezuelanos que atravessam a fronteira em busca de abrigo.

Devido à localização geográfica do estado de Roraima, que faz fronteira com Venezuela e Guiana, há uma grande movimentação migratória de diversas nacionalidades. Especialistas em migração internacional da Universidade Federal de Roraima (UFRR), apontam que nos últimos anos os altos índices de contrabando e tráfico de migrantes no estado têm gerado preocupação em razão aos impactos causados de forma negativa na vida de mulheres, homens, jovens e crianças na fronteira.  

A delegação que escuta a rede de apoio e suporte aos migrantes, os grupos de enfrentamento ao tráfico de pessoas representados por órgãos da segurança pública do estado, centro de pesquisas da universidade federal, organismos da igreja no Brasil, após as visitas em que foi possível, ouvir e se aproximar das situações reais, irão compartilhar as reflexões. A partir das escutas coletivas a Comissão irá propor incidências com objetivo para encontrar formas de reconstruir (sonhar) e agir na busca pela liberdade, proteção e defesa das vítimas.  

A Comissão

A Comissão que foi articulada por dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima e integrante da Comissão, conta com as presenças de dom Adilson Pedro Busin, bispo da diocese de Tubarão (SC) e atual presidente da Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano e de dom Plínio José Luiz da Silva, bispo diocesano de Picos (PI). 

Texto e fotos de Claudia Pereira
Fonte: CNBB

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