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Entre as iniciativas do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura está a “Noite Branca na Basílica” no domingo (16/02), quando os peregrinos serão recebidos pela instalação “Os ecos silenciosos de uma grande escultura sonora – O grande sino de São Pedro”. A experiência de um artista americano nasceu para valorizar um dos maiores sinos do mundo que “escuta o som da cidade e a oração dos peregrinos, e sempre responde”, afirmou o diplomata Vattani. As vibrações capturadas poderão ser ouvidas.
Andressa Collet – Vatican News
O Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura vai contar com a presença do Papa Francisco em três momentos e dias específicos, mas também com um rico programa de iniciativas entre os dias 15 a 18 de fevereiro. Destaque para a instalação sonora na Basílica de São Pedro durante a passagem pela Porta Santa e a inauguração de um espaço de arte contemporânea a céu aberto, onde serão exibidos os retratos da comunidade carcerária de uma penitenciária de Roma, aquela do Regina Coeli, a principal da capital romana, a poucas centenas de metros do Vaticano.
As atividades e os números do jubileu foram divulgados na quarta-feira (12/02) pelo cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, durante uma coletiva com jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé. O desafio concreto, explicou o prelado português, “é dar vida a ocasiões criativas que permitam a todos, e a cada pessoa, reavivar a esperança”, que é “um bem de primeira necessidade” e “não simplesmente um acessório”.
Assinatura de um manifesto educativo
Já no sábado, 15 de fevereiro, será promovido um encontro internacional Sharing hope – Horizons for Cultural Heritage, organizado em colaboração com os Museus do Vaticano, para os responsáveis de algumas das mais prestigiadas instituições de arte e museus do mundo, que irão explorar novas linguagens e estratégias para a valorização e transmissão do patrimônio religioso e artístico. O encontro, que vai contar com oradores internacionais, vai culminar com a assinatura de um Manifesto Educativo sobre a transmissão do código cultural das religiões, “sem o qual”, enfatizou o cardeal de Mendonça, “a cultura fica irremediavelmente empobrecida”. “Queríamos muito que este Jubileu fosse dedicado não apenas aos artistas, mas também àqueles que trabalham no mundo da arte, cujo papel é essencial na transmissão dos códigos religiosos, da tradição, da fé e da própria arte”, explicou a diretora dos Museus do Vaticano, Barbara Jatta.
A galeria de rua da esperança
Um novo espaço de exposição, uma “galeria de rua”, destinada a permanecer mesmo após o Jubileu, localizada na Via della Conciliazione e chamada Conciliazione 5, será inaugurada no final da tarde de sábado (15/02). A primeira exposição se concentra nos rostos da comunidade da penitenciária Regina Coeli de Roma. Os retratos serão exibidos no espaço e também projetados na fachada do próprio instituto carcerário, caracterizado por graves problemas, como a superlotação, e que é o primeiro na Itália em número de suicídios.
Com o seu trabalho, o artista Yan Pei-Ming vai ajudar milhares de pessoas que passam diariamente em frente à prisão a “ver o invisível” por detrás da fachada: 27 retratos irão ser protagonizados por prisioneiros, policiais, voluntários, um médico, o capelão. Pessoas fora da nossa vista e dos nossos pensamentos, mas que dentro do cárcere existem, sentem, sonham. Cada um com a sua própria história. Lina Di Domenico, diretora do Departamento Italiano de Administração Penitenciária, expressou “grande satisfação, mas também emoção, por esta nova iniciativa que, por ocasião do Jubileu 2025, que prevê vários pontos de contato com o mundo das prisões, confirmando a colaboração profícua e profunda com a Santa Sé”.
Noite Branca na Basílica com instalação sonora
No domingo, 16 de fevereiro, a partir das 20h, será realizada a “Noite Branca na Basílica”, oportunidade em que a Basílica de São Pedro será aberta a todos os inscritos no Jubileu. Sob o pórtico, os peregrinos serão recebidos pela instalação sonora Gli echi muti di una grande scultura sonora – Il Campanone di San Pietro (Os ecos silenciosos de uma grande escultura sonora – O grande sino de São Pedro), do artista americano Bill Fontana, com curadoria de Umberto Vattani e Valentino Catricalà.
Uma iniciativa extraordinária que nasceu de uma ideia que começou a ser desenvolvida meses atrás, comentou Vattani na coletiva, ao admirar a forma do “magnífico sino de São Pedro”, “um dos mais bonitos e grandes do mundo, mas que toca apenas três vezes: no Natal, na Páscoa e na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo”. Mas “a gente pensou que nos outros dias do ano ele não é mudo, mas escuta o som da cidade, a oração dos peregrinos, o grito de alegria dos fiéis, inclusive aquele de sofrimento das vítimas de conflito e responde, não apenas escuta, responde sempre”. Vattani disse que capturaram as vibrações, tornando-as passíveis de serem ouvidas: “o mundo não é só feito para ser contemplado, mas também para ser ouvido. E o grande sino de São Pedro fala ao mundo inteiro. Demonstra que a voz da Santa Sé está sempre ali, para consolar e encorajar”.
Assim, na Noite Branca, todos que participarão, passando da Praça São Pedro à Basílica Vaticana irão atravessar o pórtico, local onde poderão ouvir – pela primeira vez – “a voz muda deste grande e extraordinário sino”. A experiência será realizada durante o Jubileu e poderá ser compartilhada em outros importantes momentos, como no Pavilhão da Santa Sé da EXPO em Osaka, no Japão; em Veneza e “esperamos também muito no alto, em uma das naves espaciais, que poderão fazer com que se ouça a voz do grande sino de São Pedro ao universo inteiro”, finalizou o diplomata italiano.
A exposição Global Visual Poetry
Não faltarão reflexões sobre o futuro do patrimônio cultural, primeiramente, com o encontro Artisans of Hope, reservado aos representantes dos centros culturais católicos e das organizações internacionais empenhadas na promoção da cultura na segunda-feira, dia 17. Uma atenção especial será dada às formas de arte contemporânea, como a poesia visual, protagonista da exposição Global Visual Poetry, na sede do Dicastério para a Cultura e a Educação. São 267 obras expostas, criadas por 87 artistas de diferentes países e dedicadas aos temas da paz, do meio ambiente e da inclusão.