Ancara (RV) – A preocupação com os conflitos no Oriente Médio marcou o primeiro discurso do Papa Francisco em terras turcas. A Turquia, afirmou o Papa, pela sua história e em virtude da sua posição geográfica – entre a Europa e o Oriente Médio – tem uma grande responsabilidade na região. O país acolhe um grande número de refugiados e é diretamente afetado pelos efeitos da dramática situação em suas fronteiras. Juntamente com a assistência humanitária necessária, não se pode permanecer indiferente àquilo que provocou essas tragédias.
Para o Pontífice, o Oriente Médio há muito tempo é teatro de guerras fratricidas, “que parecem nascer uma da outra, como se a única resposta possível à guerra e à violência tivesse de ser sempre uma nova guerra e outra violência”.
“Quanto tempo deverá sofrer ainda o Oriente Médio por causa da falta de paz?”, questionou. “Não podemos resignar-nos com a continuação dos conflitos, como se não fosse possível mudar a situação para melhor! Com a ajuda de Deus, podemos e devemos sempre renovar a coragem da paz!”
Francisco manifestou preocupação com a Síria e o Iraque, onde a violência terrorista não dá sinais de diminuir: “Regista-se a violação das normas humanitárias mais elementares contra prisioneiros e grupos étnicos inteiros, especialmente – mas não só – contra cristãos e yazidis”.
O Pontífice reiterou que considera lícito deter o injusto agressor – “sempre no respeito pelo direito internacional” –, lembrando, porém, que não se pode confiar a resolução do problema somente à resposta militar.
Uma contribuição à paz, segundo Francisco, pode vir do diálogo inter-religioso e intercultural, a fim de banir toda a forma de fundamentalismo e de terrorismo, “que humilha gravemente a dignidade de todos os seres humanos e instrumentaliza a religião”.
“Ao fanatismo e ao fundamentalismo, às fobias irracionais que incentivam incompreensões e discriminações, é preciso contrapor a solidariedade de todos os fiéis” para inverter a tendência nos Estados do Oriente Médio.
“É preciso um forte compromisso comum, baseado na confiança recíproca, que torne possível uma paz duradoura e permita destinar finalmente os recursos não aos armamentos, mas às verdadeiras lutas dignas do homem: contra a fome e as doenças, pelo desenvolvimento sustentável e a defesa da criação, em socorro de tantas formas de pobreza e marginalização que não faltam no mundo moderno”, disse o Papa, pedindo a Deus que proteja a Turquia e “a ajude a ser uma válida e convicta artífice de paz”.
Por Rádio Vaticana