Papa esteve com cerca de 300 sem-teto e comparou-os a José.
Após discursar no Congresso dos Estados Unidos, o papa Francisco reuniu-se para almoçar com cerca de 30 sem-teto, na Igreja de São Patrício, nesta quinta-feira, 24. Antes da refeição, Francisco falou brevemente, comparando a situação dos sem-teto a de José. “O filho de Deus veio a este mundo como um sem-teto”, afirmou. “Fico imaginando José com sua mulher, sem abrigo, sem casa, sem lugar para ficar”, prosseguiu.
“Como José, questionai-vos: Por que estamos sem um teto, sem uma casa? Mas tais perguntas são boas que sejam postas também a todos nós: Por que estão sem casa estes nossos irmãos?”, disse.
Segundo Francisco, as perguntas de José perduram até hoje e acompanham todos os que, ao longo da história, viveram e estão sem uma casa. “Sobretudo, José era um homem de fé, foi a fé que o sustentou nas dificuldades de sua vida”, refletiu.
Para o pontífice, “perante situações injustas, dolorosas, a fé oferece-nos a luz que dissipa a escuridão. Como sucedeu com José, a fé abre-nos à presença silenciosa de Deus em cada vida, em cada pessoa, em cada situação. Ele está presente em cada um de vós, em cada um de nós”.
De acordo com o papa, não há razões ou justificativas sociais, morais ou de outro gênero que permitam a aceitação da carência de habitação. “São situações injustas, mas sabemos que Deus está a sofrê-las juntamente conosco, está a vivê-las ao nosso lado. Não nos deixa sozinhos”, assegurou.
Após dizer que Jesus continua batendo à porta, “no rosto do irmão, do vizinho, de quem vive junto de nós”, o papa concluiu seu discurso com uma reflexão sobre a oração, uma das formas mais eficazes de ajuda. “A oração une-nos, irmana-nos, abre-nos o coração e lembra-nos uma verdade maravilhosa que às vezes esquecemos. Na oração, todos aprendemos a dizer Pai, papai, pelo que nela nos encontramos como irmãos. Na oração, não há ricos e pobres; há filhos e irmãos. Na oração, não há pessoas de primeira classe ou segunda; há fraternidade”, encerrou.
Unidade com bispos americanos
Também nesta quinta-feira, Francisco encontrou-se com os bispos americanos na Catedral de São Mateus, em Washington. “O coração do papa dilata-se para incluir a todos”, disse na ocasião. Em sinal de unidade, o papa lembrou que ele vem “de uma terra que também é americana”.
Com os prelados dos EUA, Francisco compartilhou uma série de reflexões “oportunas à missão” dos pastores. Tratou, ainda, sobre a forma com que os americanos superaram a chaga dos abusos sexuais cometidos por integrantes do clero. Ele exaltou a coragem com que os momentos foram enfrentados, “sem temer autocríticas nem poupar-se das humilhações e sacrifícios”, a fim de recuperar a “credibilidade e confiança inerente aos ministros de Cristo”.
“Sei quanto pesou a ferida dos últimos anos e acompanhei o esforço de vocês para curar as vítimas – conscientes de que, curando, também nós ficamos curados – e para continuar a agir a fim de que tais crimes nunca mais se repitam”, concluiu.
Confira na íntegra o discurso do papa aos bispos americanos:https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/september/documents/papa-francesco_20150923_usa-vescovi.html
Fonte CNBB – Com informações da Rádio Vaticano