O Ano Novo

Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald

Estamos iniciando o ano 2018. Como será este ano novo? Deixamos de lado a futurologia e a astrologia. Deixamos de lado também o fatalismo do simples “como Deus quiser”. Nós cristãos procuremos, à luz dos mandamentos e dos planos do criador, que, sem em nada diminuir a fé em Deus e o abandono em sua santa vontade e imperscrutáveis desígnios, o futuro deve ser por nós construídos.  Não há dúvida que o futuro não se adivinhe, mas se edifica. O amanhã depende do acerto das nossas opções de hoje. O ano 2018 será aquilo que nós faremos. Acreditamos em Deus e na sua soberania, mas não nos deixamos ficar num passivo providencialismo ou num fatalismo acomodado. Se tudo depende de Deus, tudo depende também de nós.

O primeiro de janeiro é a Festa da Solenidade da Santa Mãe de Deus,  Maria.   O primeiro dia de janeiro também é o Dia Mundial da Paz e da Fraternidade Universal. No início de cada ano a Igreja Católica procura trazer à consciência de cada pessoa cristã a importância da paz e da misericórdia e o dever de preservá-las. A melhor maneira de assegurar a paz é trabalhar pela justiça. Sem ela perdem substância todas as conquistas do homem em seus mais variáveis setores. Hoje há uma enorme falta de paz no mundo e em nosso Brasil. Basta ver o crescimento vertiginoso de violência em nosso país: assassinatos, estupros, sequestros, prostituição infantil, drogas, abortos, pedofilia e efebofilia, furtos e divórcios etc. Ligados à paz estão os direitos humanos. Manter a paz à custa dos direitos humanos é uma contradição em termos. Onde hoje há a insana repressão dos direitos humanos, amanhã haverá toda forma de violência e, finalmente, a convulsão social. Obviamente não podemos contar com todos para preservar a paz, mas com as pessoas de boa vontade que realmente formam a maior parte das comunidades. Pessoas firmemente dispostas a preservá-la, constituem uma grande defesa e estímulo para a paz.

A tranquilidade no lar, a harmonia entre as gerações e a concórdia dos povos entre si, serão alcançadas pelos esforços dos homens, mas necessitam do Espírito vivificador de Deus. No Sermão da Montanha Cristo disse: “Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt, 5, 9). A existência de milhões de empobrecidos em nosso país nos envergonha no início de mais um ano. A Igreja Católica no Brasil olha o conjunto do país a partir das massas sobrantes da modernização, e aponta a solidariedade, a união e a organização do povo como o caminho para uma sociedade mais democrática e não excludente em 2018. Que este ano novo então seja um ano para lutar diariamente pela paz, ser solidário, incentivar o respeito à vida, às pessoas e ao planeta (cf. “Laudato Si sobre o cuidado da casa comum” do Papa Francisco).

Que as realizações alcançadas no ano 2017 sejam apenas sementes plantadas, que serão colhidas com maior sucesso em 2018. Que o nosso ano novo começa sendo abençoado por Deus e que os nossos passos e decisões sejam guiados e protegidos por Ele. Que Deus distribua muitas bênçãos por todos neste ano novo que está começando. Digo isso dedicando lhes as palavras de uma antiga benção irlandesa, minha terra natal: “Que o caminho seja brando a teus pés; que o vento sopre leve em teus ombros; que o sol brilhe cálido sobre tua face; que as chuvas caiam serenas nos campos; e até que, de novo, eu te veja, que Deus te guarde na palma de sua mão”. Que o Ano Novo de 2018 seja para todos os leitores do site da Arquidiocese de Fortaleza, um ano cheio de sucesso, de compreensão, de justiça, de unidade e, sobretudo, de amor e paz.

Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redenorista

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