Estamos no mês de maio de 2017. Para católicos é o mês de Maria, Mãe de Deus. Muitas vezes nós católicos somos objetos de crítica por causa de nossa devoção a Nossa Senhora. Alguns chegam até a nos acusar de adoradores de Nossa Senhora ou de idólatras, porque confunde o culto cristão a Maria, representada numa imagem, com a adoração que prestamos unicamente a Deus. O culto prestado a Maria se dirige a ela e não à imagem e está fundamentado no papel singular que ela desempenhou e desempenha na história da salvação ao ser escolhida para ser a mãe do Filho de Deus, Jesus Cristo. O Concílio Vaticano ll referindo-se à devoção à Virgem Maria, no capítulo 8 da Constituição Dogmática “Lumen Gentium” reafirmou a doutrina e a devoção de venerar a Mãe de Deus sempre Virgem. No número 69 da referida constituição o Concílio exorta “Todos os fiéis dirijam súplicas insistentes à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que ela, que assistiu com suas orações aos alvores da Igreja, também agora, exaltada no céu acima de todos os anjos e bem-aventurados interceda junto de seu Filho, na comunhão de todos os santos, para que todas as famílias dos povos, quer se honrem do nome cristão quer desconheçam ainda o seu Salvador, se reúnam felizmente, em paz e concórdia, no único povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade”. A celebração condigna do mês de maio encontra-se, assim, perfeitamente dentro do espírito do Concílio Vaticano ll. Além disso, é uma excelente oportunidade para inculcar nos fiéis os fundamentos teológicos da devoção à Maria, especialmente na perspectiva de Mãe de Deus.
A Igreja Católica sempre tributou a Maria uma veneração, uma imitação, um amor muito especial desde o início do cristianismo. O motivo é porque ela é a Mãe de Jesus, o Filho de Deus e nosso Salvador e Redentor. Jesus sendo o Filho de Deus é igual ao Pai e ao Espírito Santo. A Jesus devemos o culto máximo de adoração. Maria sendo uma criatura como nós, não deve receber o culto de adoração, mas de veneração (hiperdúlia), amor e imitação. Maria é a Mãe de Deus porque ela é a Mãe de Jesus e Ele é Deus. O Concílio de Éfeso que o ocorreu no ano 431 com mais de 200 bispos presentes declarou solenemente o dogma mariano católico afirmando que Maria é Mãe de Deus. Através do termo “theotokos” que em grego significa Geradora de Deus, aquele Concílio proclamou que Maria é Mãe de Deus. A maternidade divina de Maria é o fundamento de todos os outros seus privilégios e a razão do lugar especial que ela ocupa no culto da Igreja Católica e na devoção do povo cristão.
A própria Bíblia nos mostra que Maria tem o direito ao título de Mãe de Deus. Ela está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento. Quando o Livro de Gênesis fala da mulher que esmagará a cabeça da serpente (Gn 3, 15), essa vitória definitiva sobre o mal é obra do Messias, Jesus, e sua mãe. Em Isaias 7, 14 encontramos a frase: “O Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis a Virgem que concebe e dá à luz um filho que se chamará Emanuel”. Emanuel é uma palavra hebraica, que na tradução literal significa “Deus conosco”. Exprime uma presença particular e pessoal de Deus no mundo. Porém, o texto mais citado para provar que Maria é a Mãe de Deus é Lucas 1, 30-35: “O anjo disse a Maria: não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho de Altíssimo”… “Maria, porém, disse: como acontecerá isso, se eu não vivo com nenhum homem?”. O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com sua sombra, por isso o Santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus”. Maria também é nossa mãe. Portanto, neste mês dedicado a ela vamos aproveitar de seu poderoso poder de intercessão junto com seu Filho para agradecê-lo e pedir as graças que estamos precisando.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1