Na sua recente visita ao Brasil o Papa Francisco disse: “Não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrimos a Ele”. Mais recentemente ele citou as profundas e lindas palavras de um dos seus antecessores, o Papa Paulo Vl: “Para a Igreja Católica ninguém é estranho, ninguém está excluído, ninguém está longe. Nós somos efetivamente uma só família humana que, na multiplicidade das suas diferenças, caminha para a unidade, valorizando a solidariedade e o diálogo entre os povos”. Não há dúvida de que o Papa quer as comunidades cristãs, sendo comunidades de verdadeiro acolhimento, comunhão e escuta. Nas palavras dele “quem se aproxima da Igreja deve encontrar portas abertas e não fiscais da fé”
O Papa Francisco é um ortodoxo inflexível em matéria de moral sexual. Condena energicamente o aborto, a eutanásia, a união homoafetiva e a contracepção. Por isso suas palavras: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?” causou surpresa. Porém, o Papa está somente dizendo o que o Catecismo da Igreja Católica ensina sobre homossexuais que eles sejam “acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza” e condena “todo sinal de discriminação injusta” contra eles (cf. CIC No. 2358). A Igreja Católica reconhece a dignidade de todas as pessoas, e não as define nem as rotula segundo sua orientação sexual.
Quando o Papa Francisco exige que as comunidades católicas sejam comunidades acolhedoras ele está simplesmente seguindo o exemplo do próprio Jesus. Em João 8, 1-11 encontramos Jesus com a mulher surpreendida em adultério que segundo a Lei deve ser apedrejada. Quando todos os seus acusadores saíram, Jesus disse: “Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém Senhor”. Então Jesus disse: “Eu também não te condeno: vai e não peques mais”. Outro exemplo é o do “Bom ladrão” em Lucas 23, 39-43. Esse ladrão que também era um assassino morrendo numa cruz ao lado de Jesus, se arrependeu de seus pecados e disse: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres no teu reino”. Com admirável acolhimento Jesus disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. Em João 18,17-26 encontramos Pedro negando Jesus três vezes. Apesar disso Jesus o fez chefe de sua Igreja: “Tu es Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Que belo exemplo de acolhimento.
Imitando Jesus e seguindo a orientação do Papa Francisco as comunidades católicas têm que ser comunidades acolhedoras para: os pobres, os excluídos, os marginalizados, as pessoas com orientação sexual diferente, as mães solteiras, pessoas numa segunda união, os soros positivos, ex-presidiários, drogados e alcoólatras, e reunir condições para dialogar com outras igrejas com respeito etc. Acolhimento não significa aprovação e muito menos aceitação das situações em que as pessoas citadas, filhos e filhas de Deus, se encontram. Para parafrasear as palavras do Papa Francisco: Se uma dessas pessoas busca Deus e tem boa vontade, quem somos nós para julgá-los?
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista