Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco disse que “Deus coloca os progenitores como senhores e custódios da criação, mas quer preservá-los da presunção da onipotência, de se tornarem senhores do bem e do mal. Que uma tentação. Uma tentação ruim até mesmo agora. Esta é a armadilha mais perigosa para o coração humano”!
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco introduziu um ciclo de catequeses sobre o tema “Vícios e virtudes. Guardar o coração”, na Audiência Geral desta quarta-feira (27/12), realizada na Sala Paulo VI.
Francisco partiu do “início da Bíblia, onde o livro do Gênesis, com a narrativa dos progenitores, apresenta a dinâmica do mal e da tentação”. “No quadro idílico representado pelo Jardim do Éden, aparece um personagem que se torna o símbolo da tentação: a serpente. Este personagem que seduz. A serpente é um animal insidioso: ela se move lentamente, rastejando pelo chão, e às vezes não se percebe nem mesmo a sua presença, é silencioso, pois consegue se mimetizar bem com o ambiente. Sobretudo por isso é perigosa”, frisou o Papa.
Presunção da Onipotência
“Ao começar a dialogar com Adão e Eva demonstra também uma dialética refinada. Começa como se faz nas fofocas maldosas, com uma pergunta maliciosa: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”. A frase é falsa: Deus, na realidade, ofereceu ao homem e à mulher todos os frutos do jardim, exceto os de uma árvore específica: a árvore do conhecimento do bem e do mal”, disse ainda Francisco, acrescentando:
Esta proibição não pretende proibir ao homem o uso da razão, como às vezes é mal interpretada, mas é uma medida de sabedoria. Como se dissesse: reconheça o limite, não se sinta dono de tudo, porque o orgulho é o início de todos os males.
“Portanto, Deus coloca os progenitores como senhores e custódios da criação, mas quer preservá-los da presunção da onipotência, de se tornarem senhores do bem e do mal. Que é uma tentação. Uma tentação ruim até mesmo agora. Esta é a armadilha mais perigosa para o coração humano!”
“Como sabemos, Adão e Eva não conseguiram resistir à tentação da serpente. A ideia de um Deus não tão bom, que queria mantê-los submissos, insinuou-se em suas mentes: daí o colapso de tudo”, sublinhou o Pontífice.
“Com estas narrativas, a Bíblia nos explica que o mal não começa no homem de uma forma clamorosa, quando um ato já é concreto, mas muito antes, quando se começa a entreter-se com ele, a acalmá-lo na imaginação e nos pensamentos, terminando por ser enredado por suas lisonjas. O assassinato de Abel não começou com uma pedra atirada, mas com o rancor que Caim infelizmente guardava, fazendo com que ele se tornasse um monstro dentro de si. Também neste caso, as recomendações de Deus são inúteis”, disse ainda o Papa.
Não dialogar com o diabo
A seguir, o Santo Padre disse que “com o diabo não se dialoga. Nunca! Não se deve discutir, nunca. Jesus nunca dialogou com o diabo. O expulsou. E no deserto com as tentações não respondeu com diálogo, simplesmente respondeu com as palavras da Sagrada Escritura. Com a palavra de Deus”.
“Fiquem atentos! O diabo é um sedutor. Nunca dialogar com ele porque ele é mais esperto do que nós, e nos fará pagar. Quando vem uma tentação, não dialogar nunca, mas fechar a porta, fechar a janela, fechar o coração e assim nos defendemos dessa sedução, porque o diabo é astuto, é inteligente.”
Procurou tentar Jesus usando até mesmo citações bíblicas! Ele se tornou um grande teólogo lá. Com o diabo não se dialoga e com a tentação não devemos nos entreter. Não se dialoga. Quando vem a tentação fechemos a porta. Guardemos o coração.
Francisco disse ainda que “é preciso ser custódios do próprio coração e por isso, não dialogamos com o diabo”. Segundo ele, esta “é a recomendação que encontramos em vários Padres, nos santos, guardar o coração. Devemos pedir essa graça de aprender a guardar o coração. Isso é sabedoria”. “Que o Senhor nos ajude neste trabalho. Quem guarda o seu coração guarda um tesouro. Irmãos e irmãs, aprendamos a guardar o coração”, concluiu.