Francisco: “O Sínodo é filho da Laudato si’, e quem não leu essa Encíclica jamais entenderá o Sínodo sobre a Amazônia.
Silvonei José – Cidade do Vaticano
Nos dias passados o Papa Francisco concedeu uma entrevista ao jornal italiano La Stampa-Vatican Insider na qual tratou muitos temas relacionados à Europa, e à política. Amplo respiro na conversa com o jornal italiano o Papa deu ao Sínodo sobre a Amazônia. O Santo Padre afirmou que será uma resposta à emergência ambiental planetária, mas é um evento da Igreja e terá uma dimensão evangelizadora.
Já no início da seu discurso sobre o Sínodo para a Amazônia o Papa faz uma afirmação interessante: “O Sínodo é filho da Laudato si’, acrescentando que, quem não leu essa Encíclica jamais entenderá o Sínodo sobre a Amazônia. Aproveita ainda para sublinhar que a Laudato si’ não é uma encíclica verde, mas uma encíclica social baseada no cuidado da Criação.
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O olhar de Francisco retorna ao Sínodo dizendo que o mesmo é um “Sínodo urgente”, e que ficou chocado com as notícias de que no último dia 29 de julho o homem já tinha consumado todos os recursos regeneráveis deste ano em andamento. Uma triste notícia junto com o derretimento das geleiras, do risco de aumento do nível dos oceanos, do incremento do lixo plástico no mar, do desmatamento e de outras situações críticas, que faz com que o planeta viva numa “situação de emergência mundial”.
A entrevista serviu também para explicar, a quem não sabe, que o Sínodo, “não é uma reunião de cientistas ou de políticos. Não é um parlamento. Nasce da Igreja e terá missão e dimensão evangelizadoras. Será um trabalho de comunhão conduzido pelo Espírito Santo”.
Sim porque o Sínodo terá temas importantes que dizem respeito aos “ministérios da evangelização e aos vários modos de evangelizar”. Sobre a questão dos “viri probati”, a possibilidade de ordenar anciãos e casados onde faltam sacerdotes, e que muitos gastam muita tinta na tentativa de centralizar a atenção sobre isso, Francisco destacou que não será um dos temas principais do Sínodo, mas é “simplesmente um número do Instrumentum Laboris” (Instrumento de trabalho).
O Papa explica ainda sobre a escolha de fazer um Sínodo para a Amazônia, uma região que envolve nove Estados: é “um lugar representativo e decisivo… contribui de modo determinante para a sobrevivência do planeta. Grande parte do oxigênio que respiramos é proveniente dali. Eis o motivo porque o desmatamento significa matar a humanidade, acrescentou. Além disso, efetivamente, a Amazônia envolve nove Estados, portanto, não diz respeito a uma única nação. “Penso na riqueza da biodiversidade amazônica, vegetal e animal: é maravilhosa”, precisou.
Francisco diz temer “o desaparecimento da biodiversidade. Novas doenças letais. Uma deriva e uma devastação da natureza que poderiam levar à morte da humanidade”.
A ameaça da vida das populações e do território – ressalta ainda referindo-se à salvaguarda da Amazônia – deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade. A política deve “eliminar suas conivências e corrupções”. Deve assumir suas responsabilidades concretas, por exemplo, sobre o tema das minas a céu aberto, que envenenam a água provocando muitas doenças.
E numa espécie de confidência falou da sua confiança numa nova atitude em relação à Criação que vem dos movimentos juvenis. “Vi um cartaz deles que me impressionou: ‘O futuro somos nós!’”. Isso significa promover uma atenção às pequenas coisas diárias que “incidem” na cultura “porque se trata de ações concretas”.
Estamos confiantes de que o Sínodo sobre a Amazônia trará resultados importantes para a vida da Igreja e da nossa gente amazônica, seja para denunciar o que precisa ser denunciado, seja para elevar a beleza e a importância desta região ao nosso país e ao mundo.