O Brasil, das asneiras, rasteiras e impropérios, revela-se atualmente – e com muita nitidez – nos principais personagens que estão à frente do nosso destino, quase que desequilibrados, assemelhando-se ao que é vulgar e pueril na nossa querida República. A partir de um Deus que nos assegura ser tudo em todos, cabe aos cristãos desconstruir essa tão desprezível faceta – deplorável, ignóbil, sórdida e mesquinha. Deus, no seu terno projeto de amor, nos quer completamente diferentes, na busca de uma vida em que sejam percebidas as marcas da gentileza e da civilização do amor, desconstruindo, sim, aqueles que, além de renderem culto à ignorância, persistem em normatizá-la, num negacionismo monstruoso, inclemente e nefasto. Deus nos criou para uma única coisa: a vida, com seu dom maravilhoso! Ele enviou seu Filho Jesus ao nosso mundo para que todos experimentemos esta vida.
Mesmo com poucos ou quase nenhum referencial, ou figura exemplar, o tempo é de Deus. Eis, pois, o desafio de dar um viva à vida. Temos consciência de que não é fácil responder com um sim corajoso e profético, nos nossos dias, por causa da tirania do tempo, e importa combater essa tirania, no sentido de bem organizarmos o nosso tempo, numa resistência ativa, com clara prioridade para o bem que nos cabe fazer, organizando-o, e, acima de tudo, num não aos “afazeres”, contrário ao belo e ao maravilhoso no tempo de Deus.
Em Jesus, sacerdote grandiosíssimo, sem lisura e inocente, não hesitemos, no sentido da obediência, mesmo diante de incontáveis derrotas e poucos resultados. Inspiremo-nos na resposta de Pedro a Jesus: “Por causa da tua palavra, lançarei as redes” (cf. Lc 5, 5). Ele escuta Jesus de Nazaré, no imperativo de avançar para as águas mais profundas e lançar as redes.
No atual contexto de sinais de morte, sobretudo pela Covid-19, não se deve usar de preconceito para pessoa alguma, mesmo para baixo, consciente de que não é fácil a vida, que tenhamos a mesma confiança de Pedro, acolhendo generosamente a voz do Mestre. Temos muitos companheiros; com eles lancemos as redes, confiantes no milagre da pesca, com bons, extraordinários e maravilhosos resultados. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).