Foto: Vatican News
“Ensinai-nos a contar nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria!” (SL 89, 12).
A vida é marcada pela cadência do tempo, que se divide em horas. Por meio deste tema abordado, apontam-se como a sociedade contemporânea, ofuscada pelo ativismo desencadeado faz com o uso do tempo nos dias atuais, muitas vezes consciente ou inconsciente é usado de uma maneira errônea.
O que ainda podemos tirar de aprendizado diante da crise da pandemia do Covid-19 que assolou a humanidade, causando impacto na vida social, econômica, cultural, religiosa e causa de muitas perdas familiares, em relação à vida, aos hábitos do cotidiano? Pergunta densa, mas que nos instiga a buscar uma resposta não só na via da razão, mas também na via espiritual.
Devido a uma vida frenética muitos se deixam absorverem pelos excessos de trabalhos e acabam sendo vítimas da ansiedade, do estresse, do cansaço demasiado físico e mental. Todavia, seria de grande relevância que o cristão pudesse refletir que sua vida, realizações, seus projetos e trabalhos, se tornariam mais fecundos e frutuosos se na medida do possível empregassem também o uso do seu tempo para Deus, para o encontro e o diálogo com Deus, especialmente na salmodia da Liturgia das Horas, lugar bíblico por excelência em que a Palavra se faz oração. “Oração é a vereda silenciosa que nos conduz diretamente ao coração de Deus; é o respiro da alma que nos doa novamente a paz nas tempestades da vida” (Bento XVI).
Esta oração da Igreja não é somente privilégio dos monges, dos sacerdotes, dos religiosos, mas ao contrário, é para todo o povo de Deus. Todo batizado é convidado a rezar esta oração da Igreja que tem suas raízes primeiras por ser obra da divina inspiração, depois ela foi rezada pelo próprio Jesus em sua vida terrestre, pela tradição Judaica e logo em seguida foi cultivada pelas primeiras comunidades cristã e os Padres da Igreja, formando o Corpo Místico de Cristo, a Igreja orante.
Com o auxílio das tecnologias já se encontra alguns aplicativos que possibilitam rezar a Liturgia das Horas na medida em que for possível. Pois uma vez em que se bebe desta fonte espiritual, todo o curso do seu dia ganhará uma nova dimensão, seu tempo ficará invadido pelo tempo do Kairós, isto é, “tempo da graça” e não se deixará dominar simplesmente pelo “tempo cronológico,” do tempo mensurável; esquecendo muitas vezes por falta de tempo para estarem, com a família, com os amigos, momentos de lazer.
Diante desta reflexão sobre a santificação do dia e de toda a atividade humana é sempre um desafio para se cultivar o hábito da oração das horas nas comunidades paroquiais e leigas, uma vez que o agir cristão não se limita apenas a esta vida terrestre, mas sua vida transcende para uma participação e relação íntima de comunhão com Deus.
Irmã Maria Cecília, OIC
Mosteiro da Imaculada Conceição e São José de Fortaleza-CE.