No próximo domingo, dia 30 de setembro, depois de mais de 20 anos, fiéis da Arquidiocese de Teresina terão a oportunidade de vivenciar uma ordenação episcopal. Padre Júlio César que integra o clero da Arquidiocese será ordenado bispo pela imposição das mãos do Arcebispo Metropolitano de Teresina, Dom Jacinto Brito. A celebração campal terá início, a partir das 17h e acontecerá em frente a Catedral Nossa Senhora das Dores, na Praça Saraiva.
O episcopado é o terceiro grau do sacramento da ordem e a Igreja terá, a partir desta ordenação, o serviço de mais um sucessor dos apóstolos. “É assim que a Igreja chama aqueles que são escolhidos para estar à frente do rebanho. São os representantes de Cristo na missão de evangelizar. Essa é, sem dúvida, a primeira de todas as missões de um bispo. Evangelizar primeiro com seu testemunho de vida e, segundo, com a Palavra e suas atitudes”, explica Dom Jacinto Brito.
Ainda de acordo com o Arcebispo, no início da Igreja, o Novo Testamento parece não distinguir bem bispo, epíscopo de presbítero. “São Pedro na sua carta comprova isso. Mas isso só significa que a linguagem ainda não estava tão clara, embora hoje já esteja. Pois, no final do primeiro século, com Santo Inácio de Antioquia, fica muito bem delineada a hierarquia que a Igreja continua a ter até os dias de hoje”, ressalta o arcebispo.
O padre que vai ser ordenado bispo é escolhido pelo Santo padre, o Papa Francisco. Depois de uma pesquisa que a Igreja faz e recebendo a aprovação daqueles que são consultados, ele pessoalmente dá o seu aval nomeando a pessoa para ser bispo. “Padre Júlio César que estava como pároco da Paróquia Menino Jesus de Praga, foi escolhido no dia 11 de junho deste ano e vai ser ordenado dia 30 de setembro. Em seguida, será apresentado em Fortaleza-CE como bispo auxiliar no dia 06 de outubro, em uma celebração agendada para o turno da noite”, acrescenta Dom Jacinto.
Padre Júlio César será bispo auxiliar do Arcebispo de Fortaleza, Dom José Antonio. Ele vai compartilhar a missão do ensino da santificação dos membros da Igreja, do pastoreio do governo e da organização da Igreja. “Então tendo esta missão, ela o transforma, inclusive o seu Ministério. Ele não vai ter mais uma paróquia e sim uma diocese, uma porção do Povo de Deus por quem passa a ser responsável. E será também responsável pela Igreja como um todo. Afinal, o bispo integra o Colégio Episcopal que tem como cabeça o Santo padre, o sucessor de São Pedro, o Papa”, esclarece Dom Jacinto Brito.
A celebração e todo o rito será presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Teresina. Depois do Evangelho, o bispo faz a homilia e o candidato é apresentado. Neste momento é feita a leitura da bula, (o documento do papa que autoriza a ordenação). Em seguida o padre é submetido a uma espécie de interrogatório sobre a aceitação da missão. Uma vez aceito, vem a prostração. O ordenando se prostra como sinal de humildade colando seu corpo com a terra de onde veio. “A partir daí a Igreja invoca os santos pedindo ajuda e intercessão deles para essa especial tarefa. Então vem o gesto da imposição das mãos. Terminada a imposição, vem a unção. O bispo é ungido na cabeça para lembrar que ele vai ser de fato o representante do Messias e deve estar cheio da sabedoria divina”, descreve Dom Jacinto Brito.
Depois disso são entregues as insíglias: anel, báculo mitra. Com esses símbolos o novo bispo passa então no meio do povo, abençoando a comunidade reunida para que as bênçãos de Deus recaia sob o novo servo e sobre seu povo.
“Padre Júlio receberá de mim a imposição das mãos e de outros bispos que estiverem presentes. Destacando Dom José Antonio (Arcebispo de Fortaleza) e Dom Alfredo Shafler (Bispo emérito de Parnaíba). Este último, vale ressaltar, é alguém que padre Júlio César, na sua formação, teve uma especial ligação”, destaca Dom Jacinto.
Ainda segundo Dom Jacinto, a imposição das mãos “é sinal da comunhão episcopal, sinal da invocação do poder do Espírito Santo sobre aquele irmão que deve ser ordenado para a missão de bispo da Igreja”, pontua.
Sobre os símbolos que serão companhia na caminhada como bispo e sucessor dos apóstolos, o anel, a cruz, o báculo, o solideo e a mitra, Dom Jacinto faz questão de valorizar: “O primeiro é o anel, o compromisso com a Igreja que lhe é destinada. Depois a cruz que pode ser de várias maneiras. Aliás, o símbolo da cruz significa que aquele irmão é testemunha de Cristo morto e Ressuscitado. Aquele que leva o mistério da salvação para ser conhecido e abraçado pelos homens. Há outro símbolo que é o báculo, cajado que o bispo segura em ações solenes, em dias especiais. Lembra a missão de pastor. Ele recebe auxílio para pastorear o Povo do Deus. Quando se segura o báculo e bate no chão é para que as ovelhas ouçam e se mantenham no mesmo caminho. O cajado também tem a ponta que permite o pastor atingir a ovelha que talvez esteja desatenta, assim é chamada a caminhar na mesma direção . O báculo também possui em sua extremidade uma volta para puxar a ovelha caso esta esteja em perigo, abismo ou mesmo a que esteja cansada e não queira mais se levantar”, descreve o Arcebispo de Teresina.
Há ainda a mitra que é uma espécie de chapéu e tem forma triangular. “Esse símbolo vem da tradição do Império Romano. Tiaras que eram dadas para os nobres e Constantino então ofereceu aos bispos como sinal da sua dignidade. E ainda um símbolo simples: o solidéu. Espécie de chapeuzinho na cor roxa. O Papa usa branco e os cardeais vermelho. É colado sobre a cabeça e só se tira para Deus. Solidéu quer dizer ‘para Deus’. Na missa só se tira quando inicia a oração Eucarística. Antes, quando se andava normalmente com a batina, todo tempo, o bispo usava. Hoje como andamos com roupa civil não usamos, a não ser nas celebrações litúrgicas”, acrescenta o arcebispo.
Então fica o convite da nossa Igreja para todo o Povo de Deus, no último domingo de setembro, dia da bíblia e, portanto, dia de São Gerônimo, participar da ordenação do padre Júlio César.
OUTRAS INFORMAÇÕES:
Padre Júlio César nasceu em 27 de fevereiro de 1971 e foi ordenado padre em 27 de junho de 1998. Em nossa Arquidiocese atuava também como professor de bíblia no Seminário de Teologia (estudo que realizou e aperfeiçoou em Roma) e que tem servido tanto a nossa Igreja com seu testemunho de humildade. Ele também integrava uma equipe de vocações adultas onde se examinava o pedido de jovens já com formação superior interessados em conhecer mais sobre o sacerdócio católico.
Por Vera Alice Brandão
Fonte: Arquidiocese de Teresina