Os latino-americanos não-bispos na assembleia sinodal: 9 homens e 7 mulheres

Dezesseis latino-americanos não-bispos levarão à Assembleia o desejo de estruturas verdadeiramente sinodais.

Padre Modino – CELAM

Dezesseis latino-americanos não-bispos estarão presentes na primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade como membros, facilitadores e parte da Equipe de Comunicação. No total, são 9 homens e 7 mulheres, divididos em 6 mulheres e 4 homens entre os membros, 4 homens e uma mulher como facilitadores e um homem na Equipe de Comunicação. Quanto ao estado eclesial, há 4 mulheres leigas e 3 religiosas, 3 padres e 6 leigos.

A lista de membros inclui a teóloga leiga boliviana Erika Sally Aldunate Loza, as brasileiras Maria dos Anjos da Conceição, da Caritas Brasileira, e Sonia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, e Valeria Karina López, leiga de origem argentina que é secretária-geral adjunta da Conferência Episcopal do Chile. As outras duas mulheres são Rosmery Castañeda Montoya, Irmã de Caridade Dominicana da Apresentação, teóloga de origem colombiana que vive no Panamá, e a presidente da Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR), colombiana membro da Ordem da Companhia de Maria.

Os membros masculinos da assembleia são Jesus Alberto Briceño Cherubini, leigo venezuelano migrante no Equador, o leigo mexicano José Manuel de Urquidi González, em representação do Sínodo Digital, o padre Francisco Gerardo Hernández Rojas, sacerdote diocesano da arquidiocese de San José (Costa Rica), e o leigo nicaraguense Néstor Esaú Velásquez Téllez.

Os facilitadores são os presbíteros Pedro Brassesco, argentino, secretário-geral adjunto do Celam, e Agenor Brighenti, brasileiro, membro da Equipe Teológica do Sínodo. A eles se juntam os leigos Leonardo Lima Gorosito, uruguaio, membro das Comunidades de Vida Cristã, e Mauricio López, mexicano, residente no Equador, coordenador da força-tarefa responsável pela Etapa Continental do Sínodo sobre a Sinodalidade e integrante da comissão metodológica. A única mulher entre os facilitadores é Ir. Daniela Cannavina, argentina, secretária geral da CLAR. Também presente na Assembleia Sinodal, como membro da Equipe de Comunicação, estará o leigo colombiano Óscar Elizalde Prada, doutor em comunicação e diretor do Centro para a Comunicação do Celam.

Para Sônia Gomes de Oliveira, “é uma emoção muito grande enquanto mulher, preta, do sertão, estar nessa lista”. Uma alegria que nasce do fato de “estar representando as outras mulheres, mulheres da Igreja, mulheres da sociedade”, enfatiza a presidenta do Conselho Nacional do Laicato do Brasil. Junto com a alegria afirma estar diante de uma responsabilidade muito grande, ela diz sentir “uma certa apreensão pela responsabilidade que a gente tem”. Uma oportunidade para poder levar para a assembleia sinodal “aquilo que foi ouvido, que foi debatido, e muitos anseios que existem ainda, que muitas vezes a gente não conseguiu trazer nas pautas”.

A leiga brasileira destaca a importância de levar o “que eu ouvi durante essa caminhada, essa trajetória que nós fizemos, das escutas que nós fizemos, mas também muitos gritos que foram ecoados aqui durante essa etapa do Brasil”. Ela insiste, “nesse olhar de vencer o clericalismo, esse olhar maior e mais amplo para as mulheres da Igreja do Brasil”. Daí o pedido de “uma certa autonomia, de uma Igreja mais aberta, que nós mulheres possamos nos sentir mais evangelizadas, mas também evangelizadoras, e esse ser evangelizadoras é muito mais do que ficar ocupando espaços, é também ocupar um espaço de testemunho e de profecia na sociedade e no interno da Igreja”.

A mesma alegria está presente em Valeria López, que também insiste na enorme responsabilidade que representa “poder estar neste grupo levando a voz, no meu caso particular, dos leigos e das mulheres”. A secretária-geral adjunta da Conferência Episcopal Chilena diz querer levar à assembleia sinodal “uma visão muito esperançosa de que é possível ser uma Igreja onde as relações entre nós sejam mais evangélicas e onde as nossas estruturas sejam verdadeiramente sinodais”. Daí a sua insistência em “trabalhar para que os processos de decisão dentro da Igreja sejam verdadeiramente participativos, onde haja uma liderança que já não se identifique com o clericalismo, porque implica também a voz de todo o povo de Deus e não apenas do clero”.

Recordando o processo de escuta em que participou, salienta que “permitiu-me ver que há uma sintonia entre o povo de Deus que escuta o que o Espírito Santo lhe quer dizer neste momento que a Igreja que somos chamados a ser é possível”. Nesse sentido, ela destaca que “o Papa Francisco, ao fazer esta convocação, abrindo a participação dos não-bispos no Sínodo com direito a voz e voto, quis que esta etapa do caminho sinodal, que é a assembleia, fosse muito fiel a todo o caminho”.

Segundo Valeria López, “era lógico que, se todo este caminho que temos vindo a percorrer foi com a participação de todo o povo de Deus, uma participação que tem sido muito importante, que foi maravilhoso ver na Etapa Continental do Sínodo, então o mais justo é manter essa fidelidade ao caminho desenvolvido e que na etapa da assembleia, onde os temas serão discutidos e onde haverá votação, se siga também a mesma lógica de participação de todo o povo de Deus”. A partir daí, afirma que “o Papa Francisco deu um passo e também um passo em coerência com tudo o que foi o caminho sinodal e que a assembleia não poderia ficar alheia, sem perfil de tudo o que foi realizado”.

Dentre os facilitadores, o padre Agenor Brighenti vê que “o nosso papel é sermos apoiadores aos membros da assembleia no sentido de encaminhamento das dinâmicas dos trabalhos e também com relação à organização da pauta e das fichas que serão trabalhadas nos grupos e estar presente também ali depois em apoio à redação das contribuições que cada grupo vai aportar à assembleia geral, porque a maior parte dos encaminhamentos, das discussões, dos trabalhos serão feitos em grupos menores para depois convergir para o discernimento e a votação da assembleia como um todo”.

O teólogo brasileiro destaca a importância da dinâmica em grupos menores durante a assembleia sinodal, “a diferença de outros sínodos é que as questões estão todas colocadas para o discernimento, discussão e também para encaminhamentos de forma muito aberta em forma de perguntas”, insiste. “Serão os grupos que tendo presente todo o processo que foi feito até aqui durante três anos. Inclusive se recomenda que entram na assembleia os documentos anteriores e as escutas, e por tanto tudo aquilo que se recolheu durante esse processo à luz do Instrumentum Laboris, caminhando em consensos a partir dos grupos que depois vai para o discernimento e uma decisão da assembleia como um todo”.

O padre Pedro Brassesco, que também será facilitador, sublinha, em relação às comunidades de discernimento, que “a experiência das assembleias regionais tem sido muito rica, porque nos tem permitido pôr em prática o método do colóquio espiritual e também com tudo o que as assembleias têm significado em termos de contributos dos participantes”. O secretário-geral adjunto do Celam considera que os representantes do continente latino-americano e caribenho, que deviam ser escolhidos entre os participantes das quatro assembleias regionais, “são de alguma forma responsáveis por poderem levar as vozes de todos os que participaram”.

Lembrando que “a síntese continental reúne de forma muito esquemática, muito concreta, os grandes consensos”, recordou que “houve também muitas vozes significativas que ainda ressoam e que é muito importante poder levar ao Sínodo para que possam ser ouvidas também ali”. Por isso, “o que o continente latino-americano e caribenho pode contribuir é a consciência de que somos povo de Deus e que é a partir dessa dignidade que todos temos a possibilidade de participar na Igreja e que, portanto, essa possibilidade pode ser efetivada em diferentes âmbitos”, dando como exemplo o âmbito ministerial. Algo a especificar, “no âmbito dos diferentes organismos, alguns já existentes e outros que seria bom pensar, onde haja uma participação mais eclesial na tomada de decisões a nível das comunidades, das paróquias, das dioceses”.

Na tomada de decisões, considera importante “poder promover alguns setores da Igreja que atualmente participam intensamente, mas que não têm a possibilidade de participar na tomada de decisões, como as mulheres ou os jovens”. Insiste também em olhar para a realidade social, “que implica um forte empenhamento por parte dos católicos e que abre as portas à comunhão, à missão e à participação, e esta relação que deve ser pensada mais profundamente entre colegialidade, sinodalidade e eclesialidade, que são instâncias que devem ser pensadas de forma mais concreta quanto à forma como se relacionam entre si”.

Fonte: Vatican News

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