Por ocasião do lançamento dos 02 volumes da coleção “Padre Cícero Romão Baptista e os fatos do Joaseiro” — editado em parceria Diocese de Crato/Fundação Padre Ibiapina–Fecomercio/Senac/Sesc–Fundação Waldemar de Alcântara e Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, Dom Fernando Panico fez o seguinte pronunciamento:
Meus queridos amigos e amigas,
Mais do que isso: meus queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo!
Sejam muito bem vindos a esta celebração de um momento muito importante para a Igreja Católica nesta Diocese, no Ceará e no Brasil – quiçá fora daqui também – quando os documentos sobre a sofrida Questão Religiosa do Juazeiro começam a ser publicados.
Tal fato me deixa parcialmente satisfeito. E digo “parcialmente” por entender que a publicação desses dois volumes é apenas o início da divulgação do material guardado há mais de um século sobre a Questão Religiosa do Juazeiro. Esses dois livros são frutos da parceria firmada entre a Fecomércio–Sesc–Senac–IPDC / Diocese de Crato/Fundação Padre Ibiapina / Fundação Waldemar de Alcântara e Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte. Resumindo: um pouco já foi feito…
Desde que aqui cheguei, e já na minha primeira comunicação com vocês – através de uma Carta Pastoral – eu dizia que queria fazer justiça aos romeiros e romeiras. Não foram poucos os meus esforços nesse sentido, e todos vocês são testemunhas desses esforços, pois todos foram e continuam sendo públicos!
Mas aquele que eu penso ser, efetivamente, um divisor de águas na história desta Igreja com o objetivo de se fazer justiça ao Padre Cícero, à Beata Maria de Araújo, a todos os devotos, a todos os seus romeiros e romeiras, a todos aqueles que se sentem chamados por Nossa Senhora a virem a esta terra sagrada do Juazeiro, a vocês e a seus familiares, é exatamente a publicação desses documentos. Não há mais o que se esconder. Tudo vai estar às mãos dos pesquisadores, dos estudiosos, dos interessados em saber quem, realmente, foram essas pessoas que aqui viveram, que aqui dia após dia, sofrimento após sofrimento, alegria após alegria, se mostraram sempre fiéis à Igreja Católica, à Igreja de Jesus Cristo, à Igreja da Mãe das Dores, ao Padre Cícero.
Por esta iniciativa – partida do Bispo de Crato – a história de Juazeiro, a partir de agora, não deverá ser mais distorcida… A não ser que ainda haja aqueles espíritos mal intencionados… E sempre os há!
Vou contar a vocês – em rápidas palavras – como essa história começou. Eu já conhecia e sempre me encantei com a história do Padre Cícero e das romarias, muito antes de ser o Bispo desta Diocese. Já tinha visitado Juazeiro e Crato algumas vezes. E quando aqui cheguei como bispo, meu antecessor – Dom Newton – informou que havia uma carta do Cardeal Ratzinger, hoje o nosso querido Papa Bento XVI, na qual perguntava pela possibilidade de abrir os arquivos da Cúria de Crato. Cito um trecho daquela carta:
“… Venho solicitar a Vossa Excelência o parecer sobre a oportunidade de permitir a consulta aos documentos de Arquivo concernentes aos fatos de Juazeiro do Norte e do Pe. Cícero Romão Baptista. A Congregação para a Doutrina da Fé deseja saber se é oportuno ou não submeter a estudo esta documentação de arquivo a fim de chegar a um esclarecimento do caso… etc.”
Os desdobramentos daquele pedido todos vocês sabem: a petição para a reabilitação do Padre Cícero, após cinco anos de trabalho por uma Comissão de Estudos.
Assim que se começou a abrir os rolos de documentos, uma pessoa – de forma extremamente dedicada e a quem eu quero aqui agradecer publicamente, transcreveu nada mais, nada menos que 745 cartas daquele arquivo. Todas essas cartas diziam respeito ao Caso Padre Cícero. Essa pessoa foi a Irmã Annette, que recebeu uma ajuda aqui, outra lá, mas o grosso de todo o estafante trabalho foi feito por ela.
E vocês podem imaginar o que é transcrever cartas, escritas com a ortografia do século XIX, escritas muitas vezes com caligrafia difícil de ser “decifrada”. Grande parte do conteúdo desses dois livros que estão sendo entregues nesta noite, deve-se ao trabalho incansável da Irmã Annette, que teve também o cuidado de arquivar no Centro de Psicologia da Religião, todo documento que lhe caía às mãos… E fê-lo com minhas bênçãos, é verdade… Pois se até o Cardeal Ratzinger pede licença ao Bispo para abrir os arquivos diocesanos, mais ainda qualquer pessoa deve fazê-lo.
Quando se começou a conhecer o conteúdo daquela documentação; quando as pessoas iam lendo aquelas cartas, muitos comentavam comigo o que elas continham. Então começou a ficar muito claro para mim a importância do material que – por mais de cem anos – ficara relegado ao esquecimento na Cúria de Crato.
Também comecei a pensar nos que têm interesse em saber, em estudar e pesquisar sobre a história do Padre Cícero e se beneficiarem do trabalho já feito pela Irmã Annette e pelos outros membros da Comissão de Estudos para a reabilitação do Padre Cícero. E imagine o bem que faria se todo o material fosse publicado.
Comecei então a alimentar o desejo de publicar a Opera Omnia, isto é a obra completa do e sobre o Padre Cícero. Este era o meu objetivo: a publicação de todos os documentos que temos nos arquivos da Cúria. Este trabalho não saiu exatamente como eu queria. O que vocês têm agora, nestes dois volumes, é apenas uma pequena parte dos documentos, apenas os que foram usados para o pedido de reabilitação do Padre Cícero, e outros poucos. Estes já estavam transcritos! Foi fácil compor os livros com eles.
Mas ainda há muito para se publicar. Não somente os textos dos eminentes pesquisadores como há aqui. Para tanto, haverá outras formas e outras ocasiões, para a divulgação do restante das cartas, dos bilhetes, dos demais documentos que fizeram a história do Juazeiro e do Padre Cícero…
E ainda há pessoas que dizem que o Padre Cícero não deixou nada escrito! Que engano! Muito e muito ele escreveu. Muito e muito ainda resta para ser publicado! Existem ainda outros arquivos que precisam ser trabalhados, isto é precisam de alguém que se disponha a fazer o que a Irmã Annette e seu grupo fez. É preciso fazê-lo. É preciso que tudo seja publicado para que seja perpetuada uma memória tão rica –imensamente rica– a memória deste povo, expressão mais próxima da verdade que ocorreu.
No site do Departamento Histórico Diocesano Pe. Antônio Gomes de Araújo estarão disponíveis uma outra parte dos documentos.
Espero que não paremos por aqui. Espero que tenhamos fôlego para ir adiante, para encontrarmos novos parceiros como estes que patrocinaram a publicação desses dois livros: Fecomércio, SESC, SENAC, Fundação Waldemar de Alcântara e Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, para que se cumpra aquilo que o Bispo de Crato desejou –e deseja– deixar vir a lume a Opera Omnia do Padre Cícero.
Este meu texto estará disponível no site da Diocese para quem quiser consultá-lo.
Muito obrigado!
Dom Fernando Panico, Bispo do Crato
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Meus parabéns Dom Pânico, fico muito feliz pela sua iniciativa nesta causa tão nobre e o desejo de ir além neste trabalho. Certamente Pe. Cícero Romão Batista merece e o povo de Juazeiro também. Que Nosso Senhor os ajude nesta missão e que de uma vez por todas seja reconhecido todo o amor e dedicação que Pe. Cícero tinha para com a Igreja e o povo de Deus. E como devota e admiradora de Pe. Cícero gostaria muito de ter acesso a esse material. Um grande abraço e os abençõe.
Sra.Maria de Jesus Alves, muito obrigado pela sua iniciativa, e palavras de incentivo Ilmo.Revmo.sua Eminência: Dom Fernando Panico-Bispo Diocesano de Crato, onde peço à Deus Todo Poderoso e a Nossa Senhora das Dores, que tenha muita força espiritual e política, para poder tocar nos corações das autoridades eclesiásticas de Roma. Que mesmo à pedido de sua Santidade Bento XVI, que antes Cardeal Josef Rasthing, no Padrinho Cícero Romão Batista, seja reabilitado, Beatificado e Canonizado pela Santa Igreja de Roma. Quero se Deus quiser estar vivo, para poder participar desta grandiosa Celebração que Dom Fernando Panico fará. Com certeza da min ha alma, não querendo profetizar, mas tendo muita fé nesta acontecimento. Assim Seja. Amém. Aleluia. Salve Maria e Paz e Bem. Meu Nome: MARIO MORAIS LIMA-DIOCESE DE GUARULHOS-PARÓQUIA DE SÃO JUDAS TADEU-COMUNIDADE DE NOSSA SENHORA DO CARMO.
Zelito Nunes Magalhães é jornalista e escritor cearense. Há dois anos vem escrevendo sobre a vida e obra do padre Cícero Romão Batista e gostaria de ter maiores informações sobre José Joaquim Teles Marrocos. Consta que este era filho do padre João Marrocos e que era primo de Cícero. Assim sendo, em nenhum documento consta o nome da mãe de José Marrocos. Nenhuma das duas irmãs consanguíneas de Cícero – Maria Angélico e Vicência não teria condições de ser mãe de José Marrocos, pois Maria Angélica nasceu em 1842 e Vicência em 1845. O primo de Cícero nasceu no ano de 1842.Espera do Site
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