Francisco recebe em audiência os membros da Fundação Blanquerna (Vatican Media)
Francisco recebeu nesta sexta-feira, 03, a “Fundação Blanquerna” de Barcelona, herdeira da visão do Beato espanhol Ramón Llull. O Pontífice recomendou que os esforços na área educacional sejam direcionados para “libertar os jovens dos estereótipos inatingíveis que os mercados e os grupos de pressão tentam impor”.
Thulio Fonseca – Vatican News
Na manhã desta sexta-feira (03/05), Francisco recebeu em audiência os membros da Fundação Blanquerna, um instituto de ensino superior fundado em 1948 e integrado à Universidade Ramon Llull, de Barcelona. O Papa proferiu seu discurso em espanhol, e ao iniciar destacou a relevância da mensagem contida no nome da Fundação:
“Blanquerna é o ilustre personagem literário usado pelo Beato Ramón Llull para fazer uma descrição precisa da sociedade de seu tempo. Ao mesmo tempo, o filósofo tenta dar, de forma pedagógica, alguns modelos de vida cristã que podem servir a qualquer pessoa para seguir Cristo. Tudo isso é uma lição de surpreendente atualidade, pois nos fala de uma linguagem nova e acessível.”
Francisco com os membros da Fundação Blanquerna, de Barcelona
Os estereótipos impostos pela sociedade
Referindo-se à pedagogia contida na obra escrita por Llull, Francisco observou que ela se afasta “dos heróis fantásticos que procuram fugir de nossa realidade, como eram então os personagens cavalheirescos” e que, ao contrário, propõe a todos “modelos simples e naturais de vida, nos quais podemos servir ao Senhor e ser felizes”. E acrescentou:
“Quanta dor e frustração causam ainda hoje, mais do que na época do beato, esses estereótipos inatingíveis que os mercados e os grupos de pressão pretendem nos impor. Que grande tarefa é fazer com que os jovens descubram o plano de Deus para cada um deles.”
Integridade e não carreirismo
O Pontífice sublinhou o compromisso que a Fundação e toda a Universidade se propõem ao seguir os diferentes caminhos da vida descritos por Ramon Llull: “valorizar o papel da família na sociedade, apoiar os jovens no enfrentamento dos diferentes desafios da existência, ensinando que os cristãos não devem dar seus passos movidos pelo desejo de carreira, que causa muitos danos, porque não é algo comunitário, é individualista”. Segundo Francisco, esses são os valores que devem ser expressos nos projetos educacionais:
“Formar, sim, com uma linguagem atual, moderna, ágil, pedagógica, com uma análise precisa da realidade; mas sempre lembrando que formamos homens e mulheres completos, não réplicas ilusórias de ideais impossíveis. Pessoas íntegras que buscam dar o melhor de si no serviço ao qual Deus as chama, sabendo que são peregrinas, que na realidade tudo é um percurso em direção a uma meta que ultrapassa esta realidade.”
O Papa durante a audiência com os membros da Fundação Blanquerna
Dissipar a escuridão do mundo
No final de sua saudação, Francisco citou uma última passagem do livro do Beato Llull:
“Perguntaram ao Amigo qual era a maior escuridão. Ele respondeu: a ausência de seu Amado; e quando lhe perguntaram qual era o maior esplendor, ele disse: a presença de seu Amado”.
O desejo do Papa para os membros da “Fundação Blanquerna” é, portanto, que eles possam “iluminar a vida” de seus alunos “com a presença de Jesus”, que isso “possa torná-los conscientes de sua dignidade como amigos, de Deus e dos homens, e que eles possam dissipar a escuridão que cobre este mundo que se afastou de sua verdadeira essência”.