Papa Francisco recebe participantes do III Encontro Mundial dos Movimentos Populares

Pontífice volta a refletir sobre os “Três T: Terra, Teto e Trabalho”

O papa Francisco recebeu em audiência na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 160 participantes do III Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que concluíam o evento iniciado no dia 2 de novembro, em Roma. Em seu discurso, Francisco recordou que a corrupção não é um vício exclusivo da política, denunciou o “terrorismo do controle global do dinheiro” e falou sobre o medo, que enfraquece, desestabiliza, destrói as defesas psicológicas e espirituais, “nos anestesia diante do sofrimento dos outros e no final nos torna cruéis”.

O encontro teve como tema “Três T: Trabalho, Teto, Terra; cuidado da natureza; migrantes e refugiados”. Participam do evento cerca de 200 membros, provenientes de 92 Movimentos Populares de 65 países.

Na inauguração dos trabalhos, o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, cardeal Peter Turkson, destacou “a urgência de denunciar a ditadura do dinheiro”. “Não só a ditadura do dinheiro e a injustiça social, mas também dar aos pobres e aos movimentos de base a possibilidade de se conhecer e dialogar, para que se tornem protagonistas da mudança que todos desejamos”, disse.

Em sua reflexão durante a audiência de encerramento do encontro, que teve vários representantes brasileiros, Francisco afirmou que os movimentos populares “são chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão passando por uma verdadeira crise”.

Um dos riscos que o pontífice chamou atenção é o da corrupção. “Como a política não é uma questão dos ‘políticos’, a corrupção não é um vício exclusivo da política. Existe corrupção na política, nas empresas, nos meios de comunicação, nas Igrejas e também nas organizações sociais e nos movimentos populares”, afirmou.

Chamando atenção e propondo para uma “austeridade moral e pessoal”, o papa sinalizou que  corrupção, a soberba e o exibicionismo dos dirigentes dos movimentos populares “aumenta o descrédito coletivo, a sensação de abandono e alimenta o mecanismo do medo que sustenta este sistema iníquo”.

Falando sobre o terror, Francisco refletiu sobre o “terrorismo de base que deriva do controle global do dinheiro sobre a terra e ameaça toda a humanidade” que existe atualmente e que dele “se alimentam os terroristas derivados como o narcoterrorismo, o terrorismo de Estado e aquele que alguns erroneamente chamam terrorismo étnico ou religioso”. Para Francisco, “nenhum povo, nenhuma religião é terrorista. É verdade, existem pequenos grupos fundamentalistas de todas as partes. Mas o terrorismo inicia quando ‘é expulsa a maravilha da criação, o homem e a mulher, e colocado ali o dinheiro”.

O medo é alimentado, manipulado, advertiu o papa, porque o medo, além de ser um “bom negócio para os mercadores de armas e da morte nos enfraquece, desestabiliza, destrói as nossas defesas psicológicas e espirituais, nos anestesia diante do sofrimento dos outros e no final nos torna cruéis”.

Francisco pediu aos participantes para continuarem a combater o medo com uma vida de serviço, solidariedade e humildade em favor dos povos e especialmente daqueles que sofrem.

Tratando dos diferentes eixos que representam preocupações latentes tanto para os movimentos quanto para o papa, na questão de terra, teto e trabalho, foram abertas nos dias de encontro novas discussões, ampliando as perspectivas de análise e trabalho sobre povos e democracia, território e natureza, e refugiados e desalojados do mundo. O objetivo é ter novas ferramentas reforçadas pela visão própria dos protagonistas desses problemas.

Leia o discurso do papa na íntegra.

Com informações e foto da Rádio Vaticano

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