Papa: onde entra o Espírito Santo, renasce a capacidade de doar-se

O Papa Francisco durante a Audiência Geral  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo na Audiência Geral, desta quarta-feira (23/10), realizada na Praça São Pedro.

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Neste encontro semanal com os fiéis, Francisco abordou a “doutrina do Espírito Santo desenvolvida na tradição latina, para ver como ela ilumina toda a vida cristã e em particular o sacramento do matrimônio”.

Segundo o Pontífice, “o principal artífice desta doutrina é Santo Agostinho. Parte da revelação de que “Deus é amor”. Ora, o amor pressupõe quem ama, quem é amado e o próprio amor que os une. O Pai é, na Trindade, aquele que ama, fonte e princípio de tudo; o Filho é aquele que é amado e o Espírito Santo é o amor que os une. O Deus dos cristãos é, pois, um Deus “único”, mas não solitário; esta é uma unidade de comunhão e de amor”.

Espírito Santo, princípio da unidade da Igreja

Nesta linha, alguém propôs chamar o Espírito Santo, não “a terceira pessoa” do singular da Trindade, mas “a primeira pessoa do plural”. Ele, por outras palavras, é o Nós divino do Pai e do Filho, o laço de unidade entre as diferentes pessoas, o próprio princípio da unidade da Igreja, que é precisamente um “único corpo” resultante de várias pessoas.

A seguir, Francisco refletiu sobre “o que o Espírito Santo tem para dizer à família”. “O matrimônio cristão é o sacramento do homem e da mulher que se fazem dom um para o outro. O casal humano é, por isso, a primeira e mais elementar realização da comunhão de amor que é a Trindade”, sublinhou o Papa, ressaltando que “os cônjuges deveriam também formar a primeira pessoa do plural, um ‘nós’. Estar perante o outro como um “eu” e um ‘tu’, e perante o resto do mundo, incluindo os filhos, como um ‘nós‘”. “Quanto os filhos precisam desta unidade parental, pai e mãe juntos, e quanto sofrem quando esta falha”, sublinhou.

Casamentos construídos na areia

Segundo o Pontífice, “para corresponder a esta vocação, porém, o matrimônio necessita do apoio d’Aquele que é o Dom, ou melhor, da doação de si por excelência. Onde entra o Espírito Santo, renasce a capacidade de doar-se”.

Ninguém diz que tal unidade é um objetivo fácil, muito menos no mundo de hoje; mas esta é a verdade das coisas tal como o Criador as pretendeu e está, por isso, na sua natureza. É claro que pode parecer mais fácil e rápido construir na areia do que na rocha; mas a parábola de Jesus nos diz qual é o resultado.

“As consequências dos casamentos construídos na areia estão, infelizmente, à vista de todos e são sobretudo os filhos que pagam o preço. Os filhos sofrem com a separação ou falta de amor dos pais.”

Preparação “espiritual” dos noivos para o matrimônio

Francisco disse ainda que “o que Maria disse a Jesus em Caná da Galileia deve ser repetido por muitos esposos: “Não têm vinho”. O Espírito Santo é quem continua realizando, no plano espiritual, o milagre que Jesus realizou naquela ocasião, ou seja, transformando a água do hábito numa nova alegria de estarmos juntos. Não é uma ilusão piedosa: é o que o Espírito Santo fez em muitos casamentos, quando os esposos decidiram invocá-lo”.

Não seria mau, portanto, se, juntamente com a informação jurídica, psicológica e moral que é dada, esta preparação “espiritual” fosse explorada em profundidade na preparação dos noivos para o matrimônio. “Não ponhas o dedo entre marido e mulher”, diz um provérbio italiano. Em vez disso, existe um “dedo” a ser colocado entre a esposa e o marido, e é precisamente o “dedo de Deus”: o Espírito Santo!

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