Para dom Armando Bucciol, Solenidade de Pentecostes inspira transformação social

Dom Armando Bucciol, presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB

Ao verificar o calendário litúrgico, damo-nos conta que o Ciclo Pascal caminha para o seu término com a Solenidade de Pentecostes – a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos, Maria e outros fiéis, no cenáculo de Jerusalém. O bispo de Livramento de Nossa Senhora e presidente da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Armando Bucciol, concedeu entrevista exclusiva ao portal da CNBB e fez reflexão sobre o período. Para ele, “a festa não deve ser monopólio de nenhum grupo, mas de toda a Igreja”.

O Tempo Pascal do qual fala o bispo é um dos seis períodos que compõem o Ano Litúrgico. Nele, os fiéis além de lembrar, desejam de fato celebrar a vinda do Espírito Santo, tornando presente um novo Pentecostes na vida das comunidades. “É uma maneira de afirmar que com o Pentecostes a Igreja que antes vivia fechada se abre”, afirma dom Armando Bucciol. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Porque a Festa de Pentecostes é chamada de “Festa da Igreja”?

D. Armando – É uma maneira de afirmar que com o Pentecostes, a Igreja que antes vivia fechada se abre. Pedro e o grupo dos Apóstolos se abre para a sociedade e para o mundo, sai da sala onde tinha recebido o Divino Espírito e vai na praça para anunciar o evento fundamental – a morte e a ressurreição de Cristo -, porém é uma maneira de afirmar que a Igreja nasce oficialmente a Pentecostes, mas os estudiosos de eclesiologia podem dar outras interpretações: a Igreja nasce do lado aberto de Cristo, que morre na cruz, sangue e água – os sacramentos principais do Batismo e da Eucaristia – e, portanto, que constituem a Igreja nascem do lado aberto de Cristo. Com a morte de Cristo eis que começa depois o dom do Espírito, mas João em seu Evangelho diz que o Espírito Santo é dado aos Apóstolos, é soprado no mesmo dia da Páscoa com Pentecostes, portanto oficialmente a Igreja começa sua caminhada. 

Qual a importância da solenidade para os Movimentos Carismáticos na Igreja?

D. Armando – Antes de tudo preciso afirmar que a solenidade de Pentecostes não é propriedade de um movimento, de um grupo. O Espírito é dado a Igreja toda! Os movimentos carismáticos tiveram grande dom de afirmar e de chamar a atenção dessa presença do Espírito como o consolador, o Paráclito, o advogado que conduz a caminhada da Igreja que leva a Igreja toda a compreensão mais profunda do evangelho de Cristo, mas a Festa do Pentecostes não deve ser monopólio de nenhum grupo, é Festa da Igreja toda. 

O Espírito Santo inspira transformação social?

D. Armando – É claro! Inspira fidelidade a Jesus Cristo e, portanto, Jesus Cristo é aquele que se doa totalmente para o bem da humanidade e de cada um de nós.  Portanto, afirmar esta sensibilidade aos problemas dos outros, sobretudo dos mais pobres, dos mais sofredores – esse é o estilo de Cristo – e o Espírito sustenta os profetas, dá força aos mártires,  ilumina os evangelizadores – é aquele que nos conduz a plenitude da verdade, isto é, a plenitude da compreensão do mistério de Cristo e que nos ajuda para sermos discípulos fieis e missionários autênticos de Jesus Cristo.

Fonte: CNBB

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