Queridos irmãos Padres e Diáconos,
Queridos seminaristas,
Amados vocacionados,
Povo de Deus,
Em poucos dias estaremos fazendo memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Na verdade em toda Missa que celebramos esse Memorial é realizado, mas na Semana Santa revivemos de modo mais expressivo esse mistério da nossa fé.
Essa memória não é uma simples recordação ou lembrança de algo que ficou para trás, na verdade, é a memória de um fato passado que ocorre no agora daqueles que seguem o Senhor Jesus Cristo. Assim, se a Quaresma é para nós tempo de revisão de vida e de penitência, a Semana Santa emerge como tempo favorável de entrega e de oferta da nossa vida a Deus Pai, seguindo os passos de Jesus Cristo, o Filho de Deus, na força o Espírito Santo.
O caminho da espiritualidade da Semana Santa tem início no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, numa liturgia que evoca a contradição, uma vez que ela tem início com toda a alegria da recepção de Jesus em Jerusalém, com os ramos erguidos e o hosana dos filhos dos hebreus e de todo o povo; logo após, esse mesmo povo que gritava hosana gritará: crucifica-o! E quantas vezes, na nossa vida pessoal, na nossa vida de família, na nossa condição de vocacionados o Pai, a contradição da doçura e da amargura, da alegria e da tristeza, parecem se misturar? Esse é o começo do caminho que trilhamos na Semana Santa – caminho de aparente contradição, mas que nos reserva muito mais do que podemos imaginar.
Durante os dias que antecedem o Tríduo Pascal a Igreja ora e medita com os Evangelhos que nos remetem aos dramas vividos por Jesus antes de sua entrega definitiva: a traição dos amigos, o abandono, a angústia da solidão. Por isso em tantas comunidades os fiéis se reúnem para celebrações penitenciais, confissões, procissões… procuramos a reconciliação que o Senhor deseja para cada um.
Ainda na Quinta-feira pela manhã, o Bispo reúne em sua Catedral todo o seu presbitério e a representação de todo o povo de Deus de sua Igreja, na Missa da Unidade. Aqui relembramos que somos chamado, vocacionados à vida de Igreja, somo povo de Deus que é chamado a viver em comunidade. Unidade que se manifesta nas vocações, carismas e dons que o Espírito distribui na Igreja de Jesus Cristo.
Na Quinta-feira Santa à noite tem início o Tríduo Pascal, com a Missa da Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, celebrando-se também a ordem do Senhor: AMAR. É o novo mandamento do amor, que passa pelo nosso desapego, pela nossa disponibilidade, pala nossa abertura em nos deixarmos guiar pelo Espírito e, por ele, contemplarmos Jesus Cristo servidor que, querendo ficar sempre perto de nós se dá na Eucaristia, como alimento de vida eterna, Pão da nossa salvação; da mesma forma ele se dá no Sacerdócio que confere aos Apóstolos – fazei isto em memória de mim! (Lc 22,19) – mas, a Eucaristia e o Sacerdócio são realidades que devem nos levar a amar. No caminho do seguimento não podemos seguir se não aprendemos a “amar como Jesus amou”. E o lava-pés, nesta celebração é sinal de que o amor e a vocação só acontecem de verdade no serviço generoso e doado de Jesus e, posteriormente, de seus discípulos.
Aquele que é Amor e ama é capaz de ir até o fim, quando adere à graça e à vontade do Pai (Jo 13,1). Na Sexta-feira da Paixão do Senhor o grande paradoxo da Cruz estampa-se diante de nossos olhos e em nossos corações. Aquele que reacendeu a esperança de libertação no coração do povo oprimido está pendente no madeiro da cruz, sinal de maldição para os judeus. Ocorre que, com Jesus, estão unidos, lado a lado, o sofrimento e a confiança. O sofrimento do sentir-se abandonado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mc 15,34) mas, nesse mesmo sinal de contradição, Jesus está sentindo-se não simplesmente abandonado, mas abandona-se nas mãos do Pai, pois está confiante, o Pai virá em seu auxílio: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Como você está vivendo o mistério da Cruz em sua vida, em sua família, no discernimento de sua vocação? Você tem sido capaz de carregar a cruz, com Jesus, e de ajudar outros que estão ao seu lado a carregar a sua cruz? Fiquemos com este conselho do Abade D. Bonifácio Ianses: “Faz todos os dias o caminho da Cruz e eu te ajudo a carregá-la” – diz Jesus.
O caminho que percorremos na Semana Santa não fica na escuridão do túmulo, mas ganha força com a vitória de Jesus Cristo sobre a morte. O que era trevas, escuridão, sombra, agora é luz, dia, claridade. Jesus Cristo é o Ressuscitado! No Sábado Santo renovamos a certeza da nossa fé: Jesus ressuscitou e nós ressuscitaremos com ele. O canto do glória e do aleluia devem sair de nossas bocas como uma profissão de fé, daqueles que mergulharam nas águas do Batismo e crêem que só em Jesus Cristo está a vida plena. A Vigília Pascal é celebrada na noite ou na madrugada do sábado para o domingo da Ressurreição, para que vislumbremos a chegada do sol da vida; e vislumbrarmos o sol da vida – Jesus Cristo – na vida pessoal, na vida de família, na via dos vocacionados. Com certeza, experimentamos tantos momentos de glórias e de vitórias, experimentamos um pedacinho do céu, experimentamos “o céu na terra” – é a vida de ressuscitados que vamos vivendo nas vitórias da vida, pela força da Ressurreição de Jesus.
Querido irmão, tendo como fundamento de nosso seguimento a Jesus Cristo, na Semana Santa, procuremos participar ativamente das cerimônias religiosas na igreja mais próxima de sua casa, na paróquia em que você participa, ou onde lhe aprouver, mas, não deixe passar esse momento especial de graça e de fé! Celebre com a fé e com a vida o mistério pelo qual vivemos, nos movemos e somos.
Desejo a você, querido irmão, querido vocacionado, queridas famílias, uma FELIZ e SANTA PÁSCOA.
Pe. Rafhael Silva Maciel
Reitor Seminário Propedêutico e Coordenador Pastoral Vocacional da Arquidiocese
Uma resposta
Haverá procissão de ramos? A que horas e de onde sairá?
Liliane Lima