O isolamento, ou confinamento, como queiram, em nossos aposentos ou casas, pesa e exige enorme renúncia, mas incomparavelmente menor, diante da dolorosa angústia de muitos irmãos e irmãs que passam pelo sofrimento na própria pele, carne e ossos, pela devastação da Covid-19, e também pelas pessoas relacionadas: os seus cuidadores.
Ficar em casa custa, sim! Como é indispensável ponderar, nestes tempos de Coronavírus! Somos todos, agressivamente apunhalados, porque moramos sozinhos; e também devido o incômodo do espaço, casa ou apartamento estreito, na convivência humana em família.
Distanciados dos próprios interesses, vontades pessoais e individuais, convém lembrar, mais do que nunca, que, na dadivosa vontade divina, o que mais importa nessa circunstância é a vida como dom e graça. Vejamos e sintamos, providencialmente, aos olhos da fé e da esperança, dessa maneira, a mão afável de Deus a se manifestar em nosso favor.
Associados ao mistério da encarnação, na Anunciação do Senhor, quando Jesus entra no mundo querendo uma única coisa: habitar entre os seres humanos e reconciliar todas as coisas consigo mesmo, como na seguinte manifestação: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”. Depois da mensagem de Deus pelo anjo Gabriel, em meio às perplexidades, temos a resposta de Maria: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (cf. Lc 1, 38). Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).