Pilar da Missão e Papa Francisco

“Jesus diz: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, «não há judeu nem grego (…), porque todos sois um só em Cristo Jesus» (Gal 3, 28). Eu gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes: o Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e fá-lo com grande respeito e amor!””, escreve o Papa na Evangelii gaudium

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Em nosso último programa, padre Gerson Schmidt* começou a tratar do último dos quatro pilares sobres os quais a Igreja- entendida como casa – se fundamenta, isto é, o pilar da Missão. No programa de hoje, o sacerdote gaúcho nos fala sobre “Pilar da Missão e Papa Francisco”. A este propósito, providencialmente no último final de semana o Santo Padre esteve em missão na República de Malta, arquipélago no Mediterrâneo onde chegou São Paulo no ano 60, após o naufrágio no Mediterrâneo, e atualmente corredor central de migração onde chegam aqueles “que lutam por entre as ondas do mar, atirados contra as rochas duma costa desconhecida”. Na tarde de sábado, 2, no encontro de oração Santuário de Ta’ Pinu, na ilha maltesa de Gozo, Francisco retornou em seu pronunciamento à sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium de 2013, repetindo sete vezes a frase “A alegria da Igreja é evangelizar”:

“O Papa Francisco em seu primeiro livro “A Igreja da Misericórdia” escreve que “professar que a Igreja é apostólica significa ressaltar o vínculo constitutivo que ela tem com os apóstolos, com aquele pequeno grupo dos doze homens que um dia Jesus convocou a si, chamando-os por nome, para que permanecessem com Ele para os enviar a pregar (cf. Mc 13, 13-19)”.

Pilar da missão da Igreja-casa

A Igreja foi criada para evangelizar. O Papa Francisco, desde o início de seu Pontificado, quer uma Igreja em saída, uma Igreja como uma casa de portas abertas, não necessariamente para fazer entrar, mas uma Igreja que possa sair a Evangelizar. Bem por isso, propôs a EXORTAÇÃO APOSTÓLICA EVANGELII GAUDIUM SOBRE O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ATUAL. A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium é o primeiro documento de responsabilidade única do Papa Francisco, já que a Encíclica Lumen Fidei teve maior participação do Papa Bento XVI.

Com a Exortação apostólica Evangelii Gaudium o Papa apresenta os objetivos e identidade do seu pontificado: uma Igreja missionária, em saída, com as portas abertas e que saiba anunciar a todos a alegria do Evangelho. O documento nasceu da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, de 2012. Trata-se também de um resgate do grande documento sobre o anúncio do Evangelho do Papa São Paulo VI Evangelii Nunciandi, que aponta a identidade da Igreja, constituída para levar a Boa Nova aos povos. A missão da Igreja é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (EN, 14).

Nessa Encíclica Evangelii Gaudium o Papa Francisco nos convida a “recuperar o frescor original do Evangelho”, encontrando “novas formas” e “métodos criativos”, a não aprisionarmos Jesus nos nossos “esquemas monótonos” (11). Precisamos de uma “uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como elas são” (25) e uma “reforma das estruturas” eclesiais para que “todas se tornem mais missionárias” (27).

Escreve assim o Papa: “Ou ainda, como afirmava Santo Ireneu: «Na sua vinda, [Cristo] trouxe consigo toda a novidade».Com a sua novidade, Ele pode sempre renovar a nossa vida e a nossa comunidade, e a proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina. Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual. Na realidade, toda a ação evangelizadora autêntica é sempre «nova»”(EG, 11).

Na Carta Encíclica Evangelii Gaudium, a Papa utiliza esse termo “casa aberta”: Afirma assim o Papa no número 113: “A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai.  Esta salvação, que Deus realiza e a Igreja jubilosamente anuncia, é para todos,[82] e Deus criou um caminho para Se unir a cada um dos seres humanos de todos os tempos. Escolheu convocá-los como povo, e não como seres isolados.[83] Ninguém se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado, nem por suas próprias forças. Deus atrai-nos, no respeito da complexa trama de relações interpessoais que a vida numa comunidade humana supõe. Este povo, que Deus escolheu para Si e convocou, é a Igreja. Jesus não diz aos Apóstolos para formarem um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, «não há judeu nem grego (…), porque todos sois um só em Cristo Jesus» (Gal 3, 28). Eu gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes: o Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e fá-lo com grande respeito e amor!”.

Na Encíclica o Papa lembra a Constituição Dogmática Lumem Gentium que afirma que a Igreja é enviada por Jesus Cristo como sacramento universal da salvação oferecida por Deus (EG, 112, LG, 1).”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: Vatican News

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