Podemos provar que Deus existe?

Recentemente um estudante de filosofia me pediu para explicar “as cinco provas” da existência de Deus. De fato, não são provas no sentido estrito da palavra, mas ajudam as pessoas chegarem à conclusão da existência de Deus através de inteligência.  São João Paulo ll escreveu a carta encíclica “Fides et ratio” (A Fé e a razão) de grande profundidade, que permanece plenamente atual. Razão e fé não precisam nem devem, necessariamente, ser contrapostas; são duas vias de acesso à única realidade, percebida de maneiras diferentes, abordagens diversas quanto ao método e complementares, quanto ao seu objeto, que é a verdade. Porém, vamos voltar “às cinco provas” que estão usadas frequentemente para provar a existência de Deus.

A primeira “prova” baseia-se no princípio da causalidade. Pelos efeitos que constatamos, chegamos à causa. Onde há um efeito deve haver uma causa. Como exemplo, vamos examinar uma árvore: das folhas passamos aos ramos, ao tronco, descemos às raízes, chegamos à semente. E, na semente, quem colocou a árvore em potencial, a vida? Nada pode ser a causa de si mesmo porque a causa é sempre maior do que o efeito. Assim chegaremos à primeira causa que não foi causada. Alguém?

A segunda “prova” fundamenta-se no princípio de movimento. Todo movimento supõe um primeiro impulso, alguém que, lá no começo, deu o primeiro empurrão. Alguém?

A terceira “prova” apela pare a o conceito de contingência. O ser contingente, isto é, transitório, que pode existir ou não existir, supõe o ser necessário, subsistente ao existente. O contingente, o que pode “não ser”, só se explica se existir o que não pode “não ser”. Em outras palavras, o relativo não existe sem o absoluto ou o necessário. Este absoluto pode ser Deus?

A quarta “prova” talvez possa ser chamada a prova da ordem na natureza. O homem percebe que há uma organização no Cosmo, desde a movimentação das estrelas e planetas, até a organização encontrada nas plantas, nos corpos dos seres vivos, nas estações e na natureza em geral. Há realmente uma tendência inata nos seres para uma ordem e uma organização. Assim, o homem chega a concluir pela existência de uma inteligência que organizou e comanda essa organização toda. Esta suprema inteligência pode ser Deus?

A quinta “prova” é interessante. O homem dotado de inteligências e liberdade percebe em si uma “lei interior” que sempre o adverte da moralidade de seus atos ou, em outras palavras, uma consciência moral. O homem percebe a existência e necessidade de uma sanção moral que recompensa o bem e pune o mal. Assim ele conclui que existe um legislador dessa lei moral, essa consciência. Alguém deve ser a Lei Suprema.

Assim, através de sua inteligência e da filosofia, o homem pode verificar vários atributos de Deus como: a onipotência, a onisciência, a eternidade, a bondade etc. Entretanto estas “provas” não são empíricas ou científicas e não são suficientes para a crença em Deus. O dom da fé é um dom gratuito, iluminado pela revelação provem da graça divina e é concedido por Deus aos seus escolhidos. “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, procede de maneira verdadeiramente científica, segunda as leis morais, na realidade nunca serão opostas a fé” (cf. CIC, No.159).

Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista.

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