Representantes dos estudantes da República da Guiné-Bissau, acompanhados de advogados do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito e coordenação da Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese, estiveram reunidos na tarde do dia 12 de abril de 2012, no Ministério Público Federal (MPF-CE), em audiência com a Procuradora da República, Drª Nilce Cunha. Os estudantes guineenses tiveram a oportunidade de expor as dificuldades e vulnerabilidades em diversos âmbitos as quais têm que enfrentar arduamente, em decorrência de ação discriminatória e de má-fé de duas Instituições particulares de Ensino Superior do Ceará a fim de obter ganhos econômicos ilícitos.
Afirmaram os estudantes guineenses que os gestores das Faculdades foram pessoalmente à Guiné-Bissau apresentar as vantagens de uma formação em nível superior no Ceará, o que conferiu maior credibilidade ao processo de intercâmbio. O que, contudo, despertou o interesse dos guineenses e que foi determinante para que muitos viessem ao Brasil com o sonho de obter uma formação acadêmica foram os baixos custos apresentados no que tange ao valor das mensalidades e ao custo de vida no Ceará.
Ocorre que, ao chegarem a Fortaleza, os estudantes, ao invés de encontrarem facilidades, esbarraram em diversos obstáculos e perceberam que tinham sido enganados, especialmente no que diz respeito ao valor das mensalidades, à assistência e o suporte dado pelas Faculdades e ao custo de vida, não compatíveis com o que foi apresentado em Guiné-Bissau. Diante disso, esses estudantes vêm enfrentando inúmeras dificuldades: desde a impossibilidade de quitação das mensalidades dos cursos nas Faculdades (o que interfere, inclusive, na obtenção de visto de permanência no Brasil) até mesmo a insuficiência de recursos para a própria subsistência, especialmente no que tange à alimentação e à moradia.
Ressaltou-se ainda na reunião o tratamento discriminatório conferido pelas Faculdades aos guineenses, destacando-se a entrega de um Guia de Orientações Culturais que deveria ser seguido pelos estudantes africanos, o qual os aconselha a adotar hábitos de higiene pessoal e de tratamento com os brasileiros, tais como tomar banho, usar perfume e desodorante, escovar os dentes, não falar em tom de voz alto em público, dentre outras orientações racistas e discriminatórias.
A Procuradora, sensibilizada e consciente das inúmeras violações dos direitos desses jovens, comprometeu-se a estudar a caso e apresentar, já na próxima semana, medidas que possam efetivamente atender aos anseios dos estudantes, inclusive com a possibilidade de responsabilização das Instituições de Ensino Superior envolvidas na questão.
Outras informações: Irmã Eléia Scariot (85) 9956 7747 ou Francisco Vladimir (85) 9973 0089 (Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Fortaleza)
Está é uma notícia envia por irmã Eléia Scariot (Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Fortaleza)
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Os guineenses agradecem