O tempo da Quaresma começará na Quarta-Feira de Cinzas, dia 14 de fevereiro, vai até o dia 31 de março na celebração da última ceia de Jesus Cristo com os doze apóstolos na Quinta Feira Santa. Quaresma, palavra que vem do latim quadragésima, é o período de quarenta dias que antecede a maior festa do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no Domingo da Páscoa. O período é reservado para a reflexão e a conversão espiritual. Católicos são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia dos domingos, somos convidados a fazer um esforço para recuperar nosso estilo de vida para viver realmente como filhos de Deus. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência.
A Igreja Católica nos convida a viver a Quaresma como um caminho a Jesus Cristo, lendo a Palavra de Deus, orando e praticando boas obras. Convida-nos a viver uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a parecer mais com Jesus Cristo, já que por ação do pecado, nos afastamos mais de Deus. Em termos práticos, a Quaresma é o tempo de perdão e de reconciliação fraterna. É tempo de retirar de nossos corações todo ódio, rancor, inveja e tudo o que se opõe ao nosso amor a Deus e aos irmãos.
A duração da Quaresma é baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. É um número de expectativa, de preparação e de prova. Na Bíblia caracteriza as intervenções sucessivas de Deus: Davi, como Saul, reina 40 anos; o dilúvio durou 40 dias; Moisés serviu Deus durante 40 anos; os judeus permaneceram junto ao Sinai 40 dias; Jesus passou 40 dias no deserto e apareceu ressuscitado durante 40 dias. Na Bíblia o número quarenta simboliza o universo material. Cerca de duzentos anos após a morte de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d.C, a Igreja Católica aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
A Igreja Católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na Quarta-feira de Cinzas, três grandes linhas de ação para os católicos seguir: a oração, a penitência e a caridade. É importante também lembrar que o jejum é obrigatório para os católicos entre 18 e 60 anos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Ao longo do período da Quaresma há também o costume de dar esmolas aos mais necessitados. Finalmente, a Quaresma é o tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. A liturgia da Quaresma insiste: o pecado não é irreparável. Para os que crêem, existe volta, conversão, perdão e salvação. Jesus não veio para condenar, mas para salvar. “Eu vim para que os homens tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
A CNBB promove a Campanha da Fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerário evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma. A Igreja propõe como tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2018: “Fraternidade e superação da violência” e como lema: “vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). A Campanha tem como Objetivo Geral: “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho da superação da violência”. O Texto-Base da Campanha afirma que “o tema da violência, da superação da violência e, por isso, da segurança tornou-se uma das principais realidades a serem discutidas e tem inspirado diversas formas de políticas públicas. Ao longo da década de 1990, por exemplo, cresceu significativamente o acesso aos equipamentos e aos serviços privados de proteção. O recurso a este modelo se deve, entre outras razões, à constatação do fracasso ou da insuficiência dos meios empregados pelo Estado no enfrentamento e no controle da criminalidade. Todavia, essa aparente proteção também aumenta, colateralmente, o isolamento. Mantém-se à distância não só o potencial inimigo, mas também o amigo” (cf. p. 15 da CF).
Apesar de possuir menos de 3% da população mundial, nosso país responde por quase 13% dos assassinatos no planeta. Em 2014, o Brasil chegou ao topo do ranking, considerado o número absoluto de homicídios. Foram 59.627 mortes, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O Mapa da Violência de 2016 mostra que, no Brasil, cinco pessoas são mortos por arma de fogo a cada hora. A cada dia, são 123 pessoas assassinadas dessa forma. No ano de 2014, houve mais de 40 mil mortes.
Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista