O Sínodo dos Bispos, dedicado aos jovens, que termina no próximo dia 28 de outubro, finalizou a primeira parte de suas atividades, que teve como tema ‘reconhecer: A Igreja à escuta dos jovens’. Nesta etapa foram aprofundados os capítulos: Ser jovem hoje, experiências e linguagens, na cultura do descarte, desafios antropológicos e culturais e à escuta dos jovens. O bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Juventude da CNBB, dom Vilsom Basso, sintetizou em um artigo especial para o portal da CNBB as atividades que foram realizadas durante esta primeira fase.
RECONHECER: A IGREJA À ESCUTA DA REALIDADE
Os jovens, a fé e o discernimento vocacional
Terminamos a primeira parte do sínodo: Reconhecer: A Igreja à escuta dos jovens. Aprofundamos os capítulos: Ser jovem hoje, experiências e linguagens, na cultura do descarte, desafios antropológicos e culturais e à escuta dos jovens.
Tudo começou no dia 3 de outubro com a missa na Praça de São Pedro, onde papa Francisco nos pediu para alargar a visão, a escuta, o coração e não perder a esperança.
Então começaram as aulas sinodais com a presidência de Papa Francisco, presente o tempo todo, tendo o Cardeal Lourenço Baldisseri como Secretário Geral, sendo o Cardeal Dom Sérgio da Rocha, presidente da CNBB, o Relator Geral do sínodo, junto com os padres sinodais do Brasil: Dom Jaime, Dom Gilson e Dom Eduardo.
Papa Francisco nos deu palavras inspiradoras por onde o sínodo deveria caminhar: A Igreja como mãe, mestra, casa e família que acolhe. Convidou a todos a ter coragem, parresia, liberdade, caridade e abertura ao diálogo, que faz crescer.
Nestas primeiras duas semanas vamos experienciando que o sínodo é um exercício de diálogo, abrir-se à novidade, às outras opiniões. Em processo de discernimento. Colocar-se à escuta do que o “Espírito diz às Igrejas.”
Um exercício de escuta, de silêncio. Uma Igreja que não escuta é fechada às novidades, às surpresas de Deus. Um esforço de libertar a mente de preconceitos e estereótipos, ter a visão a partir dos jovens, levando-os a sério, não subestimando suas capacidades. Um chamado a superar o clericalismo, a autossuficiência.
Ter consciência que o futuro não é uma ameaça. É tempo que o Senhor oferece para fazer comunhão. O sínodo é um kairós, um tempo de graça que o Senhor nos dá para fazer comunhão. Um tempo para frequentarmos o futuro e fazer surgir um documento que faça germinar sonhos, profecia, confiança e uma inspiração positiva a todos os jovens.
E assim nos pusemos a caminho. Os 3 primeiros dias foram 94 intervenções entre “prepositio” de 4 minutos e “falas livres” de 3 minutos. Partilharam suas reflexões padres sinodais, jovens, peritos e convidados fraternos. Após cada 5 falas, três minutos de silêncio para rezar, fazer a síntese, sentir com o coração. Recolher o que o Senhor está a nos dizer.
Depois de três dias na sala sinodal, coordenados por papa Francisco, fomos aos “Circoli Minori”, 14 grupos linguísticos: Italiano, inglês, francês, alemão, espanhol e, pela primeira vez em um sínodo, a língua portuguesa é língua oficial. Este foi um pedido feito pelos bispos dos países de língua portuguesa, reunidos em abril deste ano, em Cabo Verde.
Foram dois dias nos grupos linguísticos e depois apresentada, na sala sinodal, a síntese dos 14 grupos e entregues a mais de 400 propostas coletivas ao Instrumentum Laboris.
Entre muitas questões aprofundadas, destaco quatro:
- Juventudes, a pluralidade do mundo juvenil, um lugar teológico.
- A arte e a necessidade de escutar.
- Uma Igreja empática, que encurta distâncias.
- Os descartados, os pobres, os jovens, as pedras rejeitadas são fundamento, pedra angular.
Que o Espírito continue a nos conduzir. Já estamos na segunda parte do sínodo: Interpretar: Fé e discernimento vocacional. Rezemos pelo Papa Francisco. Rezem por nós. Rezemos pelas juventudes.