Reestruturação

Aldo di CilloPagotto, sss – Arcebispo emérito da Paraíba

Eventuais candidatos à Presidência da República levem em conta as reformas estruturais imprescindíveis para a inclusão socioeconômica do povo e o desenvolvimento do País. O relatório do Banco Mundial, “Emprego e Crescimento, Agenda da Produtividade”, aponta a razão da baixa produtividade no Brasil. Trata-se do sistema econômico vigente que desestimula a concorrência, desperdiça a alocação financeira de ativos das empresas estatais, ou seja, da sua má utilização e gerenciamento. O Brasil possui abundantes recursos naturais e as empresas de diversos setores ampliam as condições de crescimento. Entanto, grandes, médios e pequenos empresários não investem mais e melhor porquanto sejam apenados pelos impostos escorchantes, pelas barreiras tarifárias impraticáveis e por encargos trabalhistas que bloqueiam a qualificação de mão de obra, fator esse que impede a adequada inserção social no mercado de trabalho.

Impostos descomunais bancados pela população, não retornam na forma dos serviços públicos essenciais, sobretudo para os mais pobres. Alijando a iniciativa privada, o Estado não possui condições para investir em infraestrutura, em qualificação de mão de obra, em incentivos para os setores produtivos, como indústria, comércio, agricultura, agropecuária, pesca, etc. Nossa modernização tecnológica depende da entrada de novas empresas. Há investimentos em setores defasados em relação à competência e às exigências da concorrência do mercado mundial. O favorecimento de quem já está estabelecido no mercado deve abrir espaços à concorrência interna e externa. Ademais, o Estado não controla as estatais. A ineficácia e a baixa produtividade devem-se em grande parte ao mal gerenciamento, à corrupção, a malversação do dinheiro público. Cargos político-partidários fatiados não respondem às exigências da gestão técnica de estatais.

Entre as condições básicas para o nosso desenvolvimento, encontram-se o investimento em infraestrutura, a capacitação do capital humano, a reestruturação na gestão fiscal, a tributação e o relacionamento com o mercado global. A faixa da população alijada do trabalho, por conta do despreparo, O sistema de distribuição de renda que não insere socialmente a população mais pobre no mercado de trabalho, vive de políticas de compensação, às custas de impostos e recursos extorquidos da faixa da população que trabalha. As políticas de compensação do “Estado babá” duram até que esgotem tais recursos. Esse esquema reproduz dependência, estagnação, atraso.

O desenvolvimento integral da população passa pela reestruturação econômica e política, em função dos valores éticos e morais que permeiam os direitos e os deveres recíprocos da pessoa, da família e da sociedade. A ausência de referências dos valores éticos e morais geraram dúvidas e incertezas quanto ao presente e ao futuro. Eventuais candidatos apresentem um Projeto de Nação com o plano estratégico das metas prioritárias, dos resultados a serem alcançados, demonstrando a origem e destino de recursos. Grande parte da população percebe o oportunismo de políticos corruptos que teimam em se manter no poder a qualquer preço. Transformações sociopolíticas dependem de práticas de inclusão, preservando valores humanitários e cristãos.

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