Relato do Ciclo de Estudos e Formação, em continuidade com a CF 2020, realizado em agosto

O cuidado, como dimensão fundamental da vida humana, vem sendo objeto de muitos estudos e reflexões nos dias atuais, para despertar no ser humano, sensibilidade e acolhida a esse valor como propósito de vida.

E não foi por acaso que a Equipe Arquidiocesana de Animação das Campanhas, decidiu realizar, em continuidade à Campanha da Fraternidade CF 2020, reforçando que a VIDA é DOM e COMPROMISSO e destacando o exemplo do bom samaritano e de Santa Dulce dos pobres, como as maiores referências humanas, do CUIDADO com a vida, um ciclo de três encontros, na modalidade à distância, centrados no Tema: É Tempo de Cuidar. Organizados no intuito de retomar o verdadeiro sentido da fraternidade, e da solidariedade em tempos de dor, sofrimento, perda, desequilíbrio, medo, susto e muitos outros sentimentos e emoções experimentadas pela sociedade atual, em conseqüência de um vírus de alto contágio, mortal e invisível, denominado COVID19-CORONAVIRUS, gerando uma pandemia que abalou a humanidade e vem provocando múltiplas e diversificadas alterações, em todos os setores da vida, em geral.

Sim, não foi por acaso, mas pelo desejo de oferecer um canal de alento, ânimo e esperança aos inúmeros irmãos e irmãs isolados, alimentados pela fé e oração, na esperança de saúde preservada, na certeza da força vinda de Deus nosso Criador, pela alegria e disposição de viver, na harmonia e na paz.

 Os encontros foram realizados enfocando aspectos da temática da CF, fazendo relação com os efeitos negativos, mas também positivos no aspecto da superação e crescimento humano, ocorridos na sociedade, em conseqüência da pandemia que o mundo enfrenta. Neste sentido, foram desenvolvidos três subtemas de grande valor, para o momento atual, que podemos ver a seguir:

Subtemas desenvolvidos

1º – Campanha da Fraternidade: luzes e desafios para a Igreja, hoje – foi assessoradopelo Pe Patriky Samuel Batista, Secretário Executivo Nacional de Campanhas da CNBB. Atualmente é responsável pelo acompanhamento das Campanhas da Fraternidade e da Evangelização, viajando pelos Regionais, tendo estado em Fortaleza, em novembro de 2019, para trabalhar com as Equipes, preparando a Campanha de 2020.

2º – O impacto psíquico da pandemia na sociedade e na Igreja; colaborou neste encontro, o Pe. José Elio Correia de Freitas, do clero da Arquidiocese de Fortaleza, Pároco da Paróquia São Francisco de Assis,Bairro Dias Macedo, Região Episcopal N. Sra. Da Conceição, psicólogo e atuante nas terapias comunitárias desenvolvidas na Paróquia.

3º – O cuidado, como dimensão fundamental da Ação Evangelizadora da Igreja, na perspectiva do Papa Francisco. Convidamos o Pe. Francisco de Aquino Junior. Doutor em Teologia pela Universidade da Alemanha, professor de Teologia na Faculdade Católica de Fortaleza, presbítero da Diocese de Limoeiro do Norte/CE e assessor da Cáritas, CEBs e Pastorais Sociais e ainda de vez em quando, lança suas reflexões em livretos, pela ADITAL. Exemplo- IGREJA DOS POBRES –

Neste texto, elaborado como memória construtiva, queremos apresentar as sementes recolhidas nos três encontros e oferecer aos leitores, para reforçar a necessidade de plantar e cultivar no coração humano, esse bálsamo de cuidado, fraternidade e misericórdia, desejando que estas sementes lançadas, caiam em terra fértil e produzam frutos de amor, paz e justiça, para o Reino de Deus.

Não obstante o receio de inaugurar este modelo novo de estudo e formação, à distancia, consideramos que tudo aconteceu da melhor forma e alcançou pessoas de diferentes bairros e cidades locais e até nacionais. Aqui expressamos nossos sinceros agradecimentos aos assessores que com muito boa vontade, disposição e profundas reflexões, nos ofereceram momentos ricos, um conteúdo de muita clareza, inspirações alentadoras e orientações esperançosas, nos apontando caminhos para uma vida saudável, mesmo em meio a pandemia, sustentados na força e na graça do Deus que é “O Caminho, Verdade e VIDA”.

Agradecemos também a todos que colaboraram na realização deste ciclo, cada incentivo foi de grande valia. Esperamos que outras iniciativas possam animar a todas e todos a uma conexão virtual ou não, mais ainda, a uma união de forças em favor do fortalecimento da dimensão do cuidado, uma exigência cristã anunciada no maior de todos os Mandamentos “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (cf. Lc 10, 25-28). Aproveitem as inspirações com o CUIDADO que a vida merece e que Deus abençoe a todos!

CICLO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO. TEMA: É TEMPO DE CUIDAR

Introdução

 Foi uma grande alegria, rompermos o medo inicial e partirmos discretamente, para a realização dos três encontros virtuais colocando como palavra chave o CUIDADO, a exemplo do Bom Samaritano e de Santa Dulce dos pobres, como nos convocou a CF e procurando despertar cada vez mais, a misericórdia e o amor pelos irmãos abandonados, como também alertando para a valorização do grande dom que é a vida. Com a graça de Deus e a luz do Santo Espírito, lutamos para fazer o melhor pela valorização da vida e como oração recitamos no terceiro, o poema de Dom Pedro Casaldáliga, que podem ver no final.

Primeiro encontro

 O primeiro encontro, no dia 19 de agosto, assessorado pelo Pe. Patriky Batista, Secretário Executivo Nacional de Campanhas da CNBB, contando com um grupo razoável de conectados, o Pe. começa recordando os objetivos da Campanha da Fraternidade-CF e lembrando que neste momento, o cuidado assume, o sentido de mútuo cuidado, pois cada ser humano é convocado a cuidar de si e dos outros, o que pressupõe a superação da indiferença, do egoísmo, individualismo atitudes tão presentes nos dias atuais. Faz um balanço geral das ações da Igreja, na vivência da CF e reforça as inúmeras alternativas encontradas, em todo Brasil, para atender aos mais necessitados.

 Lembra também o assessor, que estamos diante de Pandemias diversas e agravadas pela doença, como o aumento da fome, da pobreza, da desigualdade, de inúmeras injustiças, de outras doenças, e muitos outros desafios humanos, ambientais e existenciais. Recorda ainda, que apesar das Igrejas fechadas, dos templos fechados, muitas pessoas, muitos cristãos ou não, estão agindo em muitas frentes de serviços materiais, espirituais e sociais, através da caridade, da escuta, do atendimento, sempre no sentido de sensibilizar para a prática da solidariedade e traduzir que a CF é “o amor organizado”, que conforta e acalma. Além destes e outros pontos importantes que o Pe. enfatizou, queremos destacar alguns, perguntando: a quem devemos servir?

 – a necessidade de conversão das estruturas.

 – as periferias existenciais precisam de nossa presença,

 – a educação para a solidariedade é caminho necessário,

 – a conversão deve ser geral, permanente e contínua,

 – as ações locais devem ser resgatadas e valorizadas,

 – a qualidade do nosso testemunho deve ser olhada com atenção.

 Estas sementes recolhidas do primeiro encontro e muitas outras que cada coração recolheu, serão com certeza, inspirações para muitos e idéias fortalecidas por reflexões maduras e profundas a impregnar o espírito de cada filho e filha de Deus que na certeza de ser amado, deve “amar sem medida” como nos orienta Santo Agostinho.

Segundo encontro

 Adentrando no âmago das feridas do mundo, agravadas pela situação atual, o segundo encontro, foi assessorado pelo Pe. José Elio Correia de Freitas, que procurou refletir sobre o impacto da pandemia na saúde mental, lembrando logo no início, o estado em que se encontram muitas pessoas, hoje, em casa isoladas, na linha de frente nos hospitais, nos leitos sofrendo dores, nas famílias vivendo o trabalho, o luto, o cuidado com crianças, idosos, pessoas especiais, uma situação de susto, angustia, ansiedade, sofrimento, perda de toda natureza; um estado geral de pânico. As estatísticas revelam que, mais de 400 milhões de pessoas no mundo não estão bem consigo e nem com os outros. Isto significa que o mundo está doente, há uma sobrecarga de fatores negativos imobilizadores, doentios, mensagens alarmantes e muitas mentirosas, que afetam a saúde de todos, até dos mais saudáveis. Há muita insegurança, medo, pavor pela idéia de ser infectado e infectar os outros, pois o vírus ainda é muito desconhecido e invisível, sem clareza dos danos e sem medicação específica. Proteger-se e proteger os outros é o melhor remédio.

 Não há dúvida que estamos vivendo um tempo de tensão, tédio, irritação, dúvida, mas não podemos nos orientar por dados não comprovados, é necessário que estejamos no controle do medo e não o medo nos controlando, alerta o psicólogo.

 Avançando nos cuidados com a saúde mental, enfatiza as emoções diante do luto, visto como algo que foi tirado de súbito, o que implica na necessidade de resignificação das perdas sobretudo, diante de situação descontrolada. O cuidado de todos com experiência de fadiga exagerada, perda de controle emocional, o que pode se agravar passando para o medo, do medo para a fobia, da fobia ao pânico e do pânico ao suicídio, tudo isto requer uma ação segura e perseverante evitando fragilizar-se ainda mais, buscando adquirir resiliência, no enfrentamento, sempre cercado de compreensão, misericórdia e muito amor.

 Atentar ainda, para os casos de estresse, ansiedade, depressão e fobia. Transtornos que uma grande parcela da sociedade sofre e as vezes não sabe ou não quer superar, alimentando uma fuga de si mesma, do mundo. É bom lembrar conceitos simples que podem nos ajudar a vencer e identificar, conforme nos indica o psicólogo.

 -“ O estresse é a resposta do organismo a uma ameaça; a ansiedade é “trazer o futuro para perto, antecipação do futuro, ensaio exagerado do futuro, preocupação com o amanhã”; depressão, hoje é a doença da alma, uma tristeza constante, é viver o passado, remoer coisas vividas gerando imobilização; a fobia é o medo doentio, não tem controle, fuga de tudo sem explicação”.

 Para se compreender melhor essas situações, segundo o psicólogo, podemos ainda, apresentar algumas características as quais merecem muita atenção.

 “Humor e apetite alterados, falta de interesse e de motivação, insônia ou sonolência, fadiga, baixa estima, menos valia ou desvalorização de si, sem concentração, perda do sentido da vida até suicídio. Cuidado ainda com a somatização, uma doença da psique que pode levar a uma explosão interior, manifestada por doenças graves como câncer, AVC, trombose etc “.

Como conviver com tudo isto?

 Pe. Elio, não poupou seu esforço de colocar algumas dicas como importantes. Vejamos:

  1. Criar uma boa convivência entre família, amigos, vizinhos…promovendo amizade e interação.
  2. Movimentar-se, realizando alguma atividade física, mesmo em casa, gerando satisfação e alegria.
  3. Procurar uma alimentação saudável.
  4. Reconhecer os limites, evitando a figura de “super herói”.
  5. Promover boas noites de sono, evitando insônia e preocupação desnecessária.
  6. Falar de seus sentimentos, lembrar o velho ditado: “quando a boca cala o corpo fala”.
  7. Reforçar os laços de amizade e encontrar novas formas de vínculo.
  8. Cultivar uma espiritualidade sadia e equilibrada, procurando aconselhamento.
  9. Promover momentos agradáveis vendo filmes, lendo, pesquisando, fazendo artesanato.
  10. Despertar para o autoconhecimento, olhar para dentro de nós mesmos.
  11. Pedir ajuda, não ter vergonha, há muitas formas de terapias convencional e alternativa.
  12. Viver o presente, o amanhã não nos pertence, só a Deus, viver bem o hoje, entregando o futuro a Deus!

Estas reflexões e “dicas” nos alertaram para os problemas, como enfrentá-los e como superá-los. Resta-nos descobrir o potencial que está dentro de nós e mobilizá-lo a nosso favor, lembrando sempre que fomos criados para ser e viver feliz… A pandemia que nos afeta hoje, nos envolvendo em tantos impactos negativos, também nos fez descobrir tempo, para nos enxergar melhor e descobrir a beleza que está dentro de nós, como filhos e filhas do Deus da VIDA. Encerramos com o pensamento do Pe. Zezinho, scj- “Como sempre tu foste, Senhor, o meu refúgio e minha paz”!

Terceiro encontro

Na certeza de que o Senhor é nosso refúgio e nossa paz, partimos para o terceiro encontro felizes com a disposição do Pe. Junior Aquino em nos ajudar nas reflexões. Este coloca o CUIDADO como dimensão fundamental da Ação Evangelizadora da Igreja e nos aponta algumas perspectivas do Papa Francisco, complementando com testemunhos de algumas pastorais.

Pe. Junior inicia destacando a ação evangelizadora da Igreja, a partir do texto da EVANGELII GAUDIUM -176 (EG) que diz: “Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo” é a vontade de Deus se realizando no meio do mundo e a vontade de Deus, é que no meio do mundo haja perdão, humildade, serviço, compaixão, fraternidade, amor…. O exemplo clássico que o Evangelho traz é do Bom Samaritano que “viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc. 10, 13-14) como nos lembra o lema da CF e mais perto de nós é a vida de Santa Dulce dos Pobres o Anjo Bom da Bahia, que não media esforços para alargar seu coração. É importante reforçar que estas atitudes, vão além de atitudes sociais, políticas, educacionais, mas deve ser uma ação espiritual, critério que nos conecta com Deus, converte e transforma.

Além da Exortação Apostólica EG, que define o que é evangelizar, citou o assessor, o Evangelho de Mateus no capítulo 25 que nos anuncia a Parábola dos talentos, lembrando que Deus nos presenteou com as qualidades necessárias para tornar seu Reino realidade. São os dons e capacidades que recebemos e devemos colocá-los a serviço do outro, do próximo, daquele que precisa mais, pois os pobres constituem senha, protocolo para a salvação. Talentos portanto, são possibilidades que Deus nos dá para fazermos o bem, para construirmos seu Reino, para sermos felizes e fazermos os outros felizes também. Para tornar isto realidade, devemos conhecer e desenvolver nossos talentos e fazê-los frutificar.

 Ainda fundamentando a reflexão, o assessor destacou a EG nº 8, que diz:

 “chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro”. E continua a EG afirmando: “aqui está a fonte da ação evangelizadora”. Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de comunicá-lo aos outros?

Partindo para o pensamento do Papa Francisco, o Pe. Junior Aquino destacou algumas inspirações manifestadas em ações, atitudes, orientações e aconselhamento numa perspectiva bem humana e misericordiosa, como é de costume, constatarmos e nesta pandemia, nos emociona com sua coragem.

 – Desde o início de seu Pontificado, o Papa Francisco afirma a centralidade da vida e o cuidado com todos desde a gestação ao seu término. Suas atitudes revelam consolo, desejo de acalmar o sofrimento, acolher a situação existencial com misericórdia, telefonando diretamente à pessoa que sofre, escrevendo do próprio punho, para prestar condolências e mostrar-se próximo, emitindo saudações calorosas e até enviando presentes como carinho.

 – Está sempre afirmando e exortando que devemos ”defender a dignidade humana”, como também “devemos nos unir na luta por direitos, reforçando o direito a ter direito, sobretudo dos mais vulneráveis, dos sem voz e sem vez”, insistindo sempre no bem maior que é o amor, dizendo “irmãos amemos” .

Assim, trabalhando o CUIDADO como dimensão fundamental da Ação Evangelizadora da Igreja, e na perspectiva do Papa Francisco e para tornar mais concreto e visível esta dimensão do Cuidado, membros de algumas pastorais presentes na Arquidiocese de Fortaleza como a Pastoral Carcerária, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral do Povo da Rua e a Pastoral da Terra ( outras não puderam participar em virtude do tempo), partilharam, dentro da reflexão, como realizam, no dia a dia, a missão de cuidar, relatando no trabalho específico de cada pastoral, que atitudes, métodos, estratégias são necessárias ao sentir compaixão e cuidar dos que precisam. Foram testemunhos enriquecedores e animadores, que fundamentados pelas palavras do Pe. Aquino, nos ajudaram a compreender a importância do cuidado para com a vida, sobretudo nos dias atuais de tanto desafio e necessidade, como também nos alertaram para a coerência cristã.

Eis portanto, porque devemos observar a qualidade do nosso testemunho, pois como filhos e filhas de Deus, fomos redimidos pelo mesmo Senhor, protegidos pela mesma Mãe e como cristãos somos ungidos e convocados, a partir do nosso batismo, a realizar o Projeto de Deus para a humanidade.

Com estas sementes, recolhidas dos três encontros, desejamos lançar e renovar no coração dos que se conectaram conosco, dos leitores e de outros irmãos e irmãs que buscam um mundo melhor para todos, o desejo de cultivar e colher frutos de tudo que possa contribuir, para a construção do Reino de Deus, hoje, aqui e agora.

Na alegria e na gratidão a Deus e a todas as pessoas envolvidas, por termos realizado esta atividade à distancia, tela a tela, como disse o Papa Francisco, queremos encerrar invocando ao Senhor, como dissemos no inicio, a paz que Cristo veio trazer, com uma pequena homenagem póstuma a Dom Pedro Casaldáliga, o pai dos pobres, que nos deixou recentemente, relembrando sua invocação pela PAZ.

ESSA PAZ

Pedro Casaldáliga

Essa paz que tu nos dás,

Que tu és, que sois os três

Na perfeita comunhão….

Essa paz da doação gratuita

e da acolhida sem reservas,

viva a vida, refazendo a humanidade

na justiça e no perdão,

nos direitos de igualdade,

na plural identidade, coração a coração…

Essa paz que não nos dá este hoje da usura,

essa paz do amanhã militante na ternura,

que tu em nós modelarás,

tu que és a nossa paz!

Responsável pelo Ciclo de Estudos: Equipe Arquidiocesana de Animação das Campanhas

Elaboração do Texto: Maria Elenise de Sousa Mesquita

Fortaleza, setembro/2020

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