Embora devemos amar e servir ao nosso país durante o ano todo, saudamos a Semana da Pátria e especialmente o Dia da Pátria, como oportuno ensejo de avivar o nosso patriotismo e aprofundar-lhe o verdadeiro sentido e alcance. As solenes celebrações anuais da Independência do Brasil merecem apoio e consequente participação de todos os homens de boa vontade e sadia formação cristã. O Concílio Ecumênico Vaticano ll, ensina: “Os cidadãos cultivam com magnanimidade e lealdade o amor da Pátria, mas sem estreiteza de espírito, de maneira que, ao mesmo tempo, tenham sempre presente o bem de toda a família humana, que derivam das várias ligações entre as raças, povos e nações” (GS, No.75). A Bíblia nos lembra de que não temos aqui pátria permanente, mas devemos buscar a futura e eterna pátria aqui nesta vida. A moral cristã ensina que as fronteiras nacionais não devem significar barreiras para a fraternidade entre todos os povos.
Este ano há eleições aqui no Brasil. O Papa Francisco falando sobre a importância de bons políticos disse: “Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que conjuguem a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação” (Papa aos políticos latino-americanos, dezembro, 2017). A Igreja Católica como instituição não se identifica com nenhuma ideologia, partido político ou político individual. A Missão da Igreja é Evangelizar, mas é comprometida com a política no sentido amplo do termo, pois a política tem a ver com a paz, a justiça e cuida da vida de uma cidade, de um povo inteiro e da humanidade (“Os cristãos e as Eleições” 15/8/ 2018).
A Semana da Pátria nos faz refletir sobre a verdadeira raiz e as exatas exigências do patriotismo. Em que irá consistir nosso patriotismo? Será principalmente no empenho sincero e constante em edificar uma Pátria baseada na honestidade de governantes e governados, na existência e cumprimento de leis justas, primazia do bem comum sobre as vantagens particulares, liberdade, ordem, segurança e justiça para todos. O patriotismo como consciência nacional, como amor e interesse pela Pátria, como empenho generoso pelo progresso do País até a prontidão para o sacrifício é uma verdadeira virtude cívica. Diante da situação complexa e vergonhosa atual, somos convocados a exercer o dever de cidadania, unindo forças para reforçar as bases democráticas em busca de soluções visíveis para o bem do Brasil e do povo brasileiro.
Nas eleições deste ano devemos banir do Congresso Nacional, através dos nossos votos, todos aqueles que são comprovadamente corruptos. Vivemos um momento onde avultam gravíssimos problemas e deficiências que não podem ser obscurecidos pelo entusiasmo da Festa do Dia da Pátria. Pelo contrário, eles devem ser corrigidos para um maior brilhantismo dessa importante data. Os fatores que limitam a liberdade plena do povo e retardam o desenvolvimento do País além de enfraquecer o espírito patriótico são: toda espécie da corrupção, impunidade, todo tipo de violência, a falta de justiça para todos, a exploração dos pobres e especialmente dos menores, a dissimilação desenfreada do narcotráfico, a falta de moradia digna, a ausência de empregos e aposentadorias com remuneração justa, a inacessibilidade a uma boa educação por parte de milhões de brasileiros, a falência e inoperância do sistema público de saúde etc. Que Deus abençoe o Brasil e o povo brasileiro.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista