Terminou neste domingo, 11, o 4º Seminário de Assessores de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) promovido pelo Setor CEBs da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB em parceria com o Iser Assessoria.
O seminário teve início na quinta-feira, 8, no Centro de Formação Sagrada Família, da arquidiocese de São Paulo (SP), e contou com a presença de 30 pessoas representando os Regionais Leste 1 (Rio de Janeiro) e 2 (Minas Gerais e Espírito Santo), Sul 1 (São Paulo), 2 (Paraná), 3 (Rio Grande do Sul) e 4 (Santa Catarina). Também esteve no evento o bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo e membro da Comissão para o Laicato da CNBB, dom Milton Kenan.
Como nas três últimas edições do Seminário, realizados no Rio de Janeiro, Brasília e Caruaru, desta vez, o encontro tinha por objetivo colaborar na formação de equipes de assessores de CEBs para ajudá-los na animação e articulação das mesmas diante da urgência proposta pelas atuais DGAE: “Igreja: comunidade de comunidades”.
Ao fazer a primeira apresentação, o padre José Oscar Beozzo abordou a trajetória das CEBs do Concílio Vaticano II até a Conferência de Aparecida, quando chamou a atenção para a necessidade de formação de comunidades semelhantes ao modelo paulino: que os cristãos se encontrem nas casas.
A socióloga Solange Rodrigues, do Iser Assessoria, e o assessor do Setor CEBs, o professor Sérgio Coutinho, fizeram uma apresentação sobre “Identidade e Diversidade das CEBs”. Solange Rodrigues chamou a atenção para o fato de que “as CEBs possuem uma dimensão relacional, ou seja, foram geradas e se multiplicaram em contraste com outras experiências eclesiais; e uma dimensão processual, pois elas se transformaram com as mudanças que ocorreram (e ainda ocorrem) neste atual contexto e interagem com ele”. Sérgio Coutinho procurou fazer uma distinção entre as CEBs, enquanto “dimensão ou nível estrutural micro” da organização eclesial “conforme fala Medellín e Aparecida no nº 178”, e “pequenas comunidades” que deve-se entendê-las enquanto “grupos eclesiais” e não são níveis de estruturação.
Sobre os desafios sócio-políticos para as CEBs hoje, o padre Alfredo Gonçalves, enfatizou que estamos diante de uma “encruzilhada” e que requer escolhas, tomadas de posição. Ela nos ensina que além da via parlamentar, existem outras vias para a participação popular no processo político. “Não podemos restringir nossa ação política, nossa ação a um determinado partido, por mais avançado que seja”, afirmou. Sobre este tema também, o sociólogo Ivo Lesbaupin, do Iser Assessoria, fez um balanço da atual crise econômica e seus impactos na realidade brasileira.
No penúltimo dia, Fernando Altemeyer Jr., apresentou os desafios culturais e religiosos no mundo urbano para as CEBs. Quando o mundo atual caminha sob o slogan do “Sinto logo existo” e “Consumo logo sou”, as CEBs devem continuar a trabalhar para manter viva a memória, a solidariedade, a rede e, principalmente, a festa, pois estes trazem um tipo de felicidade que difere daquela que é apresentada pelo mercado. Por isso, as CEBs não podem se deixar levar pelo hiper-consumismo, não perder de vista a juventude, estar do lado daqueles em estado de vulnerabilidade social e continuar a construção de um diálogo ecumênico e inter-religioso.
Sobre o trabalho do assessor propriamente dito, o padre Benedito Ferraro, assessor da Ampliada Nacional das CEBs, partilhou sua experiência com os participantes. Em sua prática, dois eixos devem estar interligados: Fé e Vida. A “Fé” é a porta de entrada na grande tradição da história do Povo de Deus, de Jesus Cristo e de sua Igreja e pela “Vida” entramos no mundo da economia, da ideologia, da cultura e da política.
Na conclusão do seminário, Francisco Orofino, biblista do CEBI e membro do Iser Assessoria, fez uma síntese do seminário chamando a atenção para as CEBs e os cuidados que elas devem ter diante dos desafios do mundo contemporâneo. Tomando como base a experiência das comunidades joaninas, descrita no capítulo 13 do livro do Apocalipse, as CEBs precisam estar atentas para a atuação das “duas bestas”: a violência e a corrupção. As CEBs ainda são um “espaço alternativo para a construção de relações verdadeiras”, afirmou.
A realização e a experiência adquirida nestes seminários vão possibilitar a realização de outros em nível nacional, durante o próximo quadriênio de trabalho do Setor CEBs da CNBB.
POR: CNBB