“Para uma Igreja em estado permanente de Missão”. É com este tema que acontece no Centro Cultural Missionário (CCM) em Brasília, desde o dia 1º de julho e segue até sábado, 7, o Curso de Teologia e Espiritualidade Missionária para Seminaristas e Presbíteros. Ao longo de toda a semana de formação, os cursistas estudam a teologia e espiritualidade missionária mediante a abordagem de questões fundamentais que fortaleçam a consciência missionária, inculturada e com horizonte universal.
A formação, iniciativa do CCM e das Pontifícias Obras Missionárias (POM), reúne 41 seminaristas e sacerdotes. Nesta terça-feira, 3, os participantes estudaram os “Contextos e desafios para uma Igreja em estado permanente de Missão”, com assessoria do mestre em teologia dogmática com concentração em missiologia, Roberto Marinucci, professor do Instituto São Boaventura de Brasília. Ele deu destaque à necessidade de atualização dos seminaristas e sacerdotes quanto à forte mudança de época por que passa o mundo. As estratégias, segundo ele, são os melhores caminhos a serem pensados para que o trabalho missionário dê certo.
“O mundo contemporâneo está em evolução permanente e extremamente rápido, portanto, as estratégias missionárias que davam certo no passado, podem não ter os mesmos efeitos hoje. Entre as características que mais mudam na atualidade, temos a crise do sujeito e dos direitos humanos; cresce também a crise da razão e da racionalidade, além do crescimento de movimentos fundamentalistas. O missionário deve estar atento a essas situações”, comentou.
De acordo com o professor Roberto, o pluralismo religioso deve colher um olhar atento do missionário. “O crescimento do pluralismo religioso gera um descompromisso com a religião. Uma de suas características é a questão do tempo: as pessoas estão muito centradas no presente, já não pensam no passado e nem planejam o seu futuro; por isso, nesse curso estamos pensando na missão na América Latina levando em conta esses desafios”.
O seminarista Fernando Paulo, estudante do 1º ano de filosofia do seminário Arquidiocesano São José de Mariana (MG) vê na formação mais um impulso para o seu trabalho no Conselho Missionário dos Seminaristas (Comise) de sua arquidiocese, bem como mais uma experiência para amadurecer o seu chamado para a missão. “Esse curso está sendo muito rico e produtivo. Eu sempre tive um grande interesse pela missão, mas não nego que também sempre tive muito medo. Ao mesmo tempo em que a dimensão missionária me chama e me encanta, ela também me dá medo por causa de algumas situações, como exemplo, o sentimento de impotência diante de algumas realidades. Como também faço parte do Comise de Mariana, essa formação está me ajudando a entender de maneira concreta os passos que devo dá”, sublinhou.
O estudo de uma “sociedade pluricultural” também chama a atenção do seminarista Marcos Antônio Arruda Moura, estudante do 2º ano de filosofia na diocese de Nazaré (PE). “Esse curso vem favorecer muito, principalmente porque nos encontramos numa sociedade plural e, como Igreja, somos chamados a viver a unidade. Dentro dessa pluralidade cultural, nós devemos nos moldar dentro de cada realidade, como missionários, nos esvaziando de si mesmos, vivendo a alegria de testemunhar o Cristo no âmbito da alegria e da animação”, disse.
O padre Onac Oxenat é missionário haitiano. Está no Brasil há um ano e seis meses. Trabalha em Rio Branco (AC) onde dirige uma comunidade. Para ele, o curso está sendo um “momento de ajuda e amadurecimento que proporcionará também o crescimento da minha comunidade, pois é um momento de descoberta de diversos elementos da missão, sobretudo, a partir do Documento de Aparecida que nos ensina que precisamos aprofundar esse aspecto essencial da Igreja”.
Programação
O curso continua nesta quarta-feira, 4, com o estudo do tema “Caminhos e caminhantes para uma Igreja em estado permanente de missão”, com assessoria do padre Elias Wolff, assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB. Ele aborda a relevância profética do diálogo ecumênico.
Amanhã, 5, o assessor da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB (Setor CEBs), professor Sérgio Coutinho, aborda o tema “Memórias e compromissos para uma Igreja em estado permanente de missão”. Em suas colocações ele vai repensar a Igreja missionária após os 50 anos do Concílio Vaticano II. Na sexta-feira, 6, o secretário da Pontifícia União Missionária, padre Sávio Corinaldesi, trata das “Exigências e condições para uma Igreja em estado permanente de missão” e dos elementos e fundamentos para uma espiritualidade missionária sem fronteiras. No sábado acontece o encerramento do curso com síntese, conclusões, compromisso e envio.