Terceira pregação do Advento ao Papa e à Cúria – texto integral

“O Espírito Santo é aquele espaço invisível no qual é possível perceber a passagem de Deus e no qual o próprio Deus aparece uma realidade viva e ativa. O Deus vivo, ao contrário dos ídolos, é um “Deus que respira” e o Espírito Santo é o seu fôlego. Isso é verdade também com relação a Cristo”, disse o padre capuchinho Raniero Cantalamessa em sua pregação.

Cidade do Vaticano

“Ninguém jamais viu a Deus”. Na manhã desta sexta-feira, 21, o padre Raniero Cantalamessa ofmcap fez a terceira pregação do Advento ao Papa e à Cúria Romana, reunidos na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano.

“O Deus vivo é a Trindade viva, afirmamos da última vez. Mas nós estamos no tempo e Deus está na eternidade. Como superar essa “infinita diferença qualitativa”? Como lançar uma ponte em um abismo tão infinito? A resposta está na solenidade que estamos nos preparando para celebrar: “O Verbo se fez carne e veio habitar no meio de Deus”.

Entre nós e Deus – escreveu o grande teólogo bizantino Nícolas Cabasilas – erquiam-se três muros de separação: o da natureza, porque Deus é espírito e nós somos carne, o do pecado, o da morte. O primeiro desses muros foi derrubado na encarnação, quando a natureza humana e a natureza divina se uniram na pessoa de Cristo; o muro do pecado foi derrubado na cruz e o muro da morte na ressurreição[1]. Jesus Cristo é agora o lugar definido do encontro entre o Deus vivo e o homem vivo. Nele, o Deus distante tornou-se próximo, o Emanuel, o Deus-conosco.

O caminho de busca pelo Deus vivo que nós empreendemos neste Advento teve um precedente ilustre: “O itinerário da mente para Deus” (Itinerarium mentis in Deum) de São Boaventura. Como filósofo e teólogo especulativo, ele identifica sete passos pelos quais a alma ascende ao conhecimento de Deus. São:

A visão dele através de seus vestígios no universo.
A contemplação de Deus em seus vestígios nesse mundo sensível.
A contemplação de Deus através da sua imagem impressa nas faculdades naturais.
A contemplação de Deus na sua imagem renovada pelos dons da graça.
A visão da beatíssima Trindade em seu nome, isto é, o bem.

O arrebatamento místico da alma na qual o trabalho do intelecto cessa enquanto o amor atravessa inteiramente para dentro de Deus.

Depois de ter analisado os vários meios que temos para elevar-nos ao conhecimento do Deus vivo e os “lugares” onde podemos encontrá-lo – a criação, os seus vestígios no mundo sensível, nas faculdades naturais, na sua imagem impressa em nós, na contemplação da unidade e trindade de Deus – são Boaventura chega à conclusão de que o meio definitivo, infalível e suficiente é a pessoa de Jesus Cristo. Assim conclui o seu tratado:

Agora: à alma só lhe resta ir além de tudo isso com a contemplação, e ir além do mundo sensível, não só, mas até além de si mesma. Nesta passagem, Cristo é caminho e porta. Cristo é escada e veículo como propiciatório posto sobre a arca de Deus e sacramento escondido ao longo dos séculos.

O filósofo Blaise Pascal, em seu famoso Memoriale, chega à mesma conclusão: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó “é encontrado apenas pelos caminhos ensinados no Evangelho”. A razão para isso é simples: Jesus Cristo é “o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16). A Carta aos Hebreus baseia nisso a novidade do Novo Testamento:

“Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas.” “(Hb 1, 1-2).

O Deus vivo já não nos fala através de uma pessoa interposta, mas pessoalmente, porque o Filho “é irradiação da sua glória e marca da sua substância” (Hb 1, 3). Isso do ponto de vista ontológico e objetivo. Do ponto de vista existencial, ou subjetivo, a grande notícia é que agora não é mais o homem que, “tateando” (At 17,2), vai em busca do Deus vivo; é o Deus vivo que desce em busca do homem até habitar em seu próprio coração. É lá que a partir de agora pode ser encontrado e adorado em espírito e verdade: “Se alguém me ama, diz Jesus, guarde minha palavra e meu Pai o amará e nós viremos a ele e passaremos a morar com ele” (Jo 14, 23).

“Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”

Quem se apoiou nessa verdade – ou seja, que Jesus Cristo é o supremo revelador do Deus vivo e o “lugar” onde se entra em contato com ele – foi o evangelista João. Contamos com ele para nos ajudar a fazer da busca pelo Deus vivo algo mais do que uma simples “busca”, mas uma “experiência” dele, ter não apenas o conhecimento, mas um “sentimento” vivo.

Para não perder a força e o imediatismo de seu testemunho inspirado, evitamos impor qualquer quadro interpretativo aos textos. Vamos simplesmente rever as palavras mais explícitas em que o próprio Jesus se apresenta como o revelador definitivo de Deus. Cada uma dessas palavras é capaz, por si só, de nos levar à beira do mistério e nos fazer entrever um horizonte infinito.

João 1, 18: “Ninguém jamais viu a Deus. O filho único que está no seio do Pai foi quem o revelou”. Para entender o significado dessas palavras, é preciso referir-se a toda a tradição bíblica de Deus que não pode ser visto sem morrer. Basta ler Êxodo 33, 18-20: “Moisés disse: ‘Mostrai-me vossa glória’. E Deus respondeu: ‘Vou fazer passar diante de ti todo o meu esplendor, e pronunciarei diante de ti o nome de Javé. Dou a minha graça a quem quero, e uso de misericórdia com quem me apraz. Mas – ajuntou o Senhor – não poderás ver a minha face, pois o homem não me poderia ver e continuar a viver’”.

Existe um abismo tal entre a santidade de Deus e a indignidade do homem que este deveria morrer vendo a Deus ou apenas ouvindo-o. Portanto, Moisés (Êxodo 3,69) e também os serafins (Is 6,2) escondem seus rostos diante de Deus. Permanecendo vivos depois de ver a Deus, a pessoa sente uma grata surpresa (Gn 32, 31). É um favor raro que Deus concede a Moisés (Ex 33,11) e Elias (1 Reis 19,11 s.) que serão significativamente os dois admitidos no Tabor para contemplar a glória de Cristo.

João 10,30. “Eu e o Pai somos um”. É talvez a afirmação mais carregada de mistério em todo o Novo Testamento. Jesus Cristo não é apenas o revelador do Deus vivo: ele é o próprio Deus vivo! O revelador e revelação são a mesma pessoa. A reflexão da Igreja começará dessa afirmação para chegar à fé plena e explícita no dogma trinitário. O que nós traduzimos com a expressão “um” é um substantivo neutro (en em grego, unum em latim). Se Jesus tivesse usado o masculino eis, unus a conclusão seria que Pai e Filho são uma mesma pessoa e a doutrina da Trindade teria sido excluída na raiz. Ao dizer “unum”, apenas uma coisa, os Padres corretamente deduzirão que Pai e Filho (e mais tarde o Espírito Santo) são uma mesma natureza, mas não uma única pessoa.

João 14, 6-7: “Jesus lhe respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim'”. Aqui temos que nos alongar um pouco mais. “Ninguém vem ao Pai senão por mim”: lidos no contexto atual do diálogo inter-religioso, estas palavras colocam uma questão que não podemos passar em silêncio. O que pensar de toda aquela parte da humanidade que não conhece a Cristo e o seu Evangelho? Nenhum deles vai ao Pai? Estão excluídos da mediação de Cristo e, portanto, da salvação?

Uma coisa é certa: daí deve partir toda teologia cristã das religiões: Cristo deu a sua vida “em resgate” e por amor de todos os homens, porque todos são criaturas do seu Pai e seus irmãos. Ele não fez distinções. Com certeza, a sua oferta de salvação é universal. “E quando eu for levantado da terra (na cruz!), atrairei todos a mim” (Jo 12, 32); “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”, proclama Pedro perante o Sinédrio (Atos 4, 12).

Alguns, embora professando-se fieis cristãos, não conseguem admitir que um fato histórico particular, como é a morte e a ressurreição de Cristo, possa ter mudado a situação de toda a humanidade diante de Deus, e, portanto, substituem o evento histórico com um começo universal “impessoal”. Estes, creio eu, deveriam colocar-se outra questão, isto é, se eles realmente acreditam no mistério que mantém de pé ou derruba todo o cristianismo: a encarnação do Verbo e a divindade de Cristo, que, uma vez admitida, não parece mais absurdo para a razão que um determinado ato possa ter um alcance universal. Seria estranho pensar o contrário.

O maior erro, ao privar desse alcance uma grande parcela da humanidade, não se comete com Cristo ou com a Igreja, mas com a própria humanidade. Não é possível partir da afirmação que “Cristo é a suprema, definitiva e normativa proposta de salvação feita por Deus ao mundo”, sem reconhecer a todos os homens o direito de se beneficiar desta salvação?

“Mas é realista – resta saber – continuar a acreditar em uma misteriosa presença e influência de Cristo nas religiões que existiam antes dele e que não sentem nenhuma necessidade, depois de vinte séculos, de acolher o seu evangelho?” Há, na Bíblia, um fato que pode nos ajudar a responder a essa objeção: a humildade de Deus, o escondimento de Deus. “Tu es um Deus escondido, Deus de Israel salvador”: Vere tu es Deus absconditus (Is 45, 15, Vulgata). Deus é humilde no criar. Não coloca seu rótulo em tudo, como fazem os homens. Não está escrito nas criaturas que elas foram feitas por Deus. Foi deixado a elas descobrir.

Quanto tempo demorou para que o homem reconhecesse a quem devia o ser, quem tinha criado para ele o céu e a terra? Quanto tempo levará ainda para que todos consigam reconhecê-lo? Por este motivo, Deus deixa de seja o criador de tudo? Ele deixa de aquecer com o seu sol quem o conhece e quem não o conhece? O mesmo acontece na redenção. Deus é humilde ao criar e é humilde ao salvar. Cristo está mais preocupado que todos os homens sejam salvos, do que eles saibam quem é o seu Salvador.

Mais do que da salvação daqueles que não conheceram a Cristo, teríamos de nos preocupar, penso eu, com a salvação daqueles que o conheceram, se viveram como se nunca tivesse existido, esquecidos totalmente do seu batismo, estranhos à Igreja e às práticas religiosas. Quanto à salvação dos primeiros, a Escritura nos garante que “Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo.” (At 10, 34-35). Francisco de Assis, por sua vez, faz uma afirmação quase inacreditável para o seu tempo: “Todo bem que se encontra nos homens, pagãos ou não, deve referir-se a Deus, fonte de todo bem”[2].

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O Paráclito vos ensinará toda a verdade

Falando do papel de Cristo em relação às pessoas que vivem fora da Igreja, o Concílio Vaticano II afirma que “o Espírito Santo, de uma maneira conhecida apenas por Deus, dá a cada pessoa a oportunidade de entrar em contato com o mistério pascal de Cristo”, ou seja, com a sua obra redentora (Gaudium et spes, 22). Assim, alcançamos o último estágio do nosso caminho, o Espírito Santo. No final da sua vida terrena, Jesus dizia:

“Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e vos anunciará as coisas que virão. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e vo-lo anunciará.” (Jo 16, 12-15).

No Espírito Santo é ainda Jesus quem continua a revelar-nos o Pai, porque o Espírito Santo é agora o Espírito do Ressuscitado, o Espírito que continua e aplica a obra do Jesus terreno. Logo após as palavras que acabamos de mencionar, Jesus acrescenta: “Disse-vos essas coisas em termos figurados e obscuros. Vem a hora em que já não vos falarei por meio de comparações e parábolas, mas vos falarei abertamente a respeito do Pai.” Quando Jesus será capaz de falar abertamente aos discípulos do Pai, se estas foram das últimas palavras que ele pronunciou em vida e logo depois morrerá na cruz? Ele o fará, precisamente, através do Espírito Santo que enviará do Pai.

São Gregório de Nissa escreveu: “Se tirarmos de Deus o Espírito Santo, o que resta não é mais o Deus vivo, mas o seu cadáver”[3]. É o próprio Jesus quem explica a razão disso. “O Espírito é que vivifica, a carne de nada serve” (Jo 6,63). Aplicado ao nosso caso, isso significa: é o Espírito que dá a vida à ideia de Deus e à busca por ele. A razão humana, marcada como está pelo pecado, sozinha, não é suficiente. O homem que está prestes a falar de Deus, sob qualquer título, se é um crente, deve lembrar que “as coisas de Deus ninguém as conhece, a não ser o Espírito de Deus” (1 Cor 2, 11).

O Espírito Santo é o verdadeiro “ambiente vital”, o Sitzt im Leben, no qual nasce e se desenvolve toda autêntica teologia cristã. O Espírito Santo é aquele espaço invisível no qual é possível perceber a passagem de Deus e no qual o próprio Deus aparece uma realidade viva e ativa. O Deus vivo, ao contrário dos ídolos, é um “Deus que respira” e o Espírito Santo é o seu fôlego. Isso é verdade também com relação a Cristo. “No Espírito Santo” indica aquela área misteriosa na qual, depois de sua ressurreição, é possível entrar em contato com Cristo e experimentar a sua ação santificadora. Ele agora vive “no Espírito” (Rm 1, 4, 1 Pd 3, 18). O Espírito Santo é, na história, “o sopro do Senhor ressuscitado”.

O grande circuito elétrico entre Deus e o homem não se fecha, portanto, e o súbito lampejo de luz é produzido apenas dentro desse “campo magnético” especial que é constituído pelo Espírito do Deus vivo. É ele quem cria na intimidade do homem aquele estado de graça no qual um dia se chega a ter a grande “iluminação”: descobre-se que Deus existe, é real, até “perder o fôlego”.

Para aqueles que buscam a Deus em outro lugar, somente nas páginas de livros ou nos raciocínios humanos, deve-se repetir o que o anjo disse às mulheres: “Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5) Do Espírito Santo – escreve são Basílio – depende “a familiaridade com Deus”[4]. Depende, ou seja, se Deus nos é familiar ou, pelo contrário, estranho, se somos sensíveis, ou, pelo contrário, alérgicos à sua realidade.

O remédio é, portanto, redescobrir um contato cada vez mais completo com a realidade, e mais, com a pessoa, do Espírito Santo. Não ficarmos satisfeitos nem mesmo com uma pneumatologia renovada, ou seja, com uma teologia do Espírito, mas aspirar a fazer também uma experiência pessoal dele. Milhões de cristãos do nosso tempo fizeram uma experiência forte do novo Pentecostes desejado por São João XXIII. Veja como um daqueles que primeiro fez essa experiência, na Igreja Católica, descreve seus efeitos a um amigo:

“A nossa fé se tornou viva; a nossa crença se tornou um tipo de conhecimento. De repente, o sobrenatural tornou-se mais real do que natural. Em resumo, Jesus é uma pessoa viva para nós. Tente abrir o Novo Testamento e lê-lo como se fosse literalmente verdade agora, cada palavra, cada linha. A oração e os sacramentos tornaram-se verdadeiramente nosso pão de cada dia, e não práticas piedosas genéricas. Um amor pelas Escrituras que eu nunca teria acreditado possível, uma transformação dos nossos relacionamentos com os outros, uma necessidade e uma força para testemunhar além de todas as expectativas: tudo isso se tornou parte da nossa vida. A experiência inicial do batismo do Espírito não nos deu uma emoção externa particular, mas a vida se tornou impregnada de calma, confiança, alegria e paz”[5].

“E o Verbo se fez carne”

Uma meditação sobre o papel de Cristo revelador único do Deus vivo não pode ser concluída mais dignamente do que recitando juntos o Prólogo de João. Não como uma passagem do evangelho a ser comentada – isso faremos no dia de Natal – mas como um hino de louvor que jorra agora do nosso coração para a glória da Santíssima Trindade. Que uma porção tão representativa da Igreja, em um lugar como este, proclame a sua absoluta fé em Cristo  Filho de Deus e luz do mundo tem um valor salvífico. Em um ato de fé como este, Cristo fundou a sua Igreja e prometeu que “os poderes dos infernos não prevalecerão contra ela”. Vamos recitar juntos de pé com o coração cheio de admiração e gratidão:

1No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
2 No princípio, ele estava com Deus.
3 Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.
4 O que foi feito nele era a vida, e a vida era a luz dos homens;
5 e a luz brilha nas trevas, mas astrevas não a apreenderam […].
9 Ele era a luz verdadeira que ilumina todo homem; ele vinha ao mundo.
10 Ele estava no mundo e o mundo foi feito por meio dele; mas o mundo não o reconheceu.
11 Veio para o que era seu e os seus não o receberam.
12 Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crêem em seu nome, eles, que não foram gerados nem do sangue, nem de uma vontade da carne, nem de uma vontade do homem, mas de Deus.
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade. […].
18 Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer.

Santo Padre, Veneráveis Padres, irmãos e irmãs, Feliz Natal!

Tradução Thácio Siqueira

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