O Catecismo da Igreja Católica afirma que no santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo” (Santo Tomás de Aquino, S.Th.,lll,73,3) e (No.1374 op. cit.). A Igreja Católica acredita e ensina através do Concílio de Trento (1545-1563): “Por ter Cristo, nosso Redentor, dito que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se teve na Igreja esta convicção, que o Santo Concílio declara novamente: pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja Católica denominou-a com acerto e exatidão transubstanciação”. (Catecismo da Igreja Católica No. 1376 e Denzinger-Schönmetzer No. 1641). O Concílio Vaticano ll não abordou diretamente o assunto por que não tinha por determinação de definir dogmas.
Porém além do Concílio de Trento, houve outros concílios que defenderam este dogma de nossa fé. Em 1079 o Concílio Regional de Roma redigiu a seguinte profissão de fé: “Intimamente creio e abertamente confesso que o pão e o vinho colocados sobre o altar, mediante o mistério da oração sagrada do nosso Redentor, se convertem substancialmente (substantiater convertunt) na verdadeira, própria e vivifica carne e no sangue de Nossos Senhor Jesus Cristo; e…que, depois da consagração, há o verdadeiro corpo de Cristo, o qual nasceu da Virgem, foi oferecido para a salvação do mundo; há também o verdadeiro sangue de Cristo, que jorrou de seu lado… na propriedade da sua natureza e na realidade da sua substência” (Denzinger-Schönmetzer, No 700). No século Xlll o Concílio de Constança (1415 -1417) e o Concílio de Florença (1438-1444), repetiram em suas definições, o termo que assim se tornara clássico na teologia. Talvez não seria fora do lugar aqui uma citação do grande Santo Agostinho (+430) que observou: “O que vedes, caríssimos, na mesa do Senhor, é pão e vinho, mas esse pão e esse vinho, acrescentando-se lhes a palavra, tornam-se o corpo e o sangue de Cristo…(Sermão 6,3).
A fé nos ensina que, quando as palavras da consagração são pronunciadas sobre o pão, a substância deste se muda totalmente em substância do corpo humano de Jesus (donde o nome “transubstanciação”), ficando, porém, os acidentes ou as notas externas do pão; sendo assim, sem mudar de aparência, o pão consagrado já não é pão, mas é substancialmente o corpo de Cristo. Análogo fenômeno se dá com o vinho; ao serem pronunciadas sobre ele as palavras da consagração; sua substância se converte no sangue do Senhor. Dom Estevão Bettencourt comenta assim: “A presença de Cristo se possa multiplicar (sem que o corpo de Cristo se multiplique), desde que se multipliquem os fragmentos de pão consagrados nas mais diversas terras do globo. Não há bi locação nem multiplicação do Corpo de Cristo, porque simplesmente não há locação do mesmo, mas apenas locação e multiplicação do pão consagrado”(cf. “Pergunte e Respondemos”, No. 473, outubro, 2001, páginas 475 a 479).
O mesmo autor explica que o corpo de Cristo não se parte nem se divide ou separa quando se divide a hóstia consagrada. O corpo de Cristo sob os acidentes do pão não tem extensão nem quantidades próprias; por conseguinte, não se pode dizer que a tal fragmento da hóstia corresponde tal parte do corpo de Cristo. Portanto, quando o pão consagrado é partido, só se parte a quantidade do pão, não o corpo mesmo de Jesus. Assim muitas hóstias e muitos fragmentos de hóstias não constituem muitos Cristos, mas muitas “presenças” de um só e mesmo Cristo. Quando se deteriora o pão eucarístico por efeito do tempo, o que se estraga são apenas os acidentes do pão e o corpo de Cristo simplesmente deixa de estar presente sob os véus eucarísticos desde que estes sofrem alteração tal que, segundo o bom senso, não possam mais ser identificados como tais.
O dogma da Transubstanciação baseia-se, portanto, nas passagens do Novo Testamento em que Jesus diz no discurso do Pão da Vida: “Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de ter pronunciado a bênção, ele o partiu: dando o aos discípulos, disse: “Tomai, comei, isto é meu corpo”. A seguir, tomou uma taça e, depois de ter dado graças, deu-a a eles dizendo: “Bebei dela todos, pois isto é meu sangue” (Mt 26, 26-28). Portanto, a Igreja Católica ensina que há uma transformação da substância, mas não dos acidentes, ou seja os acidentes como odor, sabor, textura, forma, cor etc. permanecem, mas já não são mais pão e vinho e sim corpo e sangue, por um milagre de Cristo ao proferir as palavras sagradas. Finalmente, Católicos adoram Jesus na hóstia consagrada. Sua presença aí não é simbólica mas real. A crença na transubstanciação se opõe à da consubstanciação, que prega que o pão e o vinho se mantém inalterados, ou seja, continuam sendo pão e vinho. A palavra “Eucaristia” significa “ação de graças” porque oferecemos ao Pai o seu próprio Filho presente no altar, na Hóstia consagrada, em ação de graças.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald – Redentorista.