Universitários de Fortaleza reuniram-se no último sábado, 20, no Centro Pastoral Maria Mãe da Igreja para a primeira reunião de reestruturação do Projeto de Ação Evangelizadora no Meio Universitário para capital cearense que possa se estender para todo o estado. A iniciativa, organizada pelos próprios jovens, é apoiada e incentivada pelo Setor Universidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por meio da assessora nacional, irmã Maria Eugenia Lloris. Padre Francisco Duarte, responsável pelo Setor Juventude em Fortaleza, também esteve presente.
No encontro foram apresentadas várias expectativas e os presentes começaram a planejar um simpósio com a perspectiva de chamar a atenção dos universitários e também motivar a participação de mais colaboradores diretos para o Projeto.
Foi avaliado que existem boas iniciativas para evangelização de universitários na região, mas percebe-se também a grande necessidade de formação mais adequada à esse público acadêmico que gosta de gerar discussões e necessita conhecer com maior profundidade posições sobre fé, entre outros assuntos que frequentemente são alvos de críticas.
O grupo reunido também teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a realidade de universitários estrangeiros que chegaram ao Brasil enganados por falsas promessas, como muitos estudantes vindos de Guiné-Bissau, que só conseguiram se manter estudando porque receberam apoio da Igreja Católica por meio da Pastoral do Migrantes. Essa situação foi apresentada pelo jornalista e colaborador do Núcleo dos Estudantes Internacionais, Francisco Vladimir.
Núcleo de Estudantes Internacionais
Francisco Vladimir se fez especialmente presente na reunião porque o Setor Universidades e Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB mantem uma articulação conjunta para contribuir na devida atenção pastoral aos estudantes internacionais, conhecendo melhor sua realidade e necessidades, promovendo o diálogo intercultural, ecumênico e inter-religioso, favorecendo a inculturação e a acolhida, para que melhor possam vivenciar a fé e os valores evangélicos, aproveitar adequadamente o período de formação e qualificação, sejam protagonistas em sua organização e na integração em políticas públicas que garantam seus direitos, em condições justas e dignas. Essa articulação estrura-se nacionalmente como o Núcleo de Estudantes internacionais.
Também participaram da reunião, Renan Brasil, Artur Gomes Sá, Pe. Duarte, Sandra Taranto, Dania Bucciarelli, Emili Monteiro, Djailton, Kelson Vieira, Rhaiany Chaves, Suzete Sabino Lopes, Evilásio Lucena, Alberto Imbunde e Radson Deyves Coelho. O próximo encontro foi agendado para o dia 25 de maio quando novos planos e metas serão estruturados.
Saiba mais
A Ação Evangelizadora no Meio Universitário do Setor Universidades
1. O que é a Pastoral no Setor Universidades? O que pretende?
É uma ação organizada da Igreja junto ao Ensino Superior, chamada Ação Evangelizadora no Meio Universitário e geralmente também de Pastoral Universitária. Sua principal finalidade consiste em evangelizar o mundo universitário a partir de Jesus Cristo, construindo a comunidade eclesial neste ambiente, colaborando para formar profissionais que vivam a alegria do encontro com Ele e que, seguindo os valores do Evangelho e os ideais do Reino de Deus, sejam promotores de um mundo justo e solidário para todos.
2. Por que é importante a pastoral no meio universitário?
Essa pastoral é uma pastoral de fronteira, âmbito privilegiado do diálogo da Igreja com a cultura, com o mundo acadêmico e com os estudantes, futuros profissionais. Este diálogo se estende à sociedade, pois a Universidade é um lugar no qual acontecem as transformações da sociedade e do pensamento. Sem uma Pastoral Universitária, a Igreja mais cedo ou mais tarde perde sua incidência cultural.
A Universidade é o lugar da pergunta e da resposta, do bom senso que gera e é safra de novas perguntas, de nova reflexão em busca de sentido de professores e alunos, sempre a caminho em busca de respostas. É espaço privilegiado para a descoberta e vivência da vocação profissional. A presença da Igreja neste ambiente é necessária e importante para acompanhar a comunidade universitária neste tempo de estudo, trabalho e pesquisa. Numa sociedade que relegou a razão a funções meramente instrumentais, a evangelização e a presença da Igreja, por meio dos leigos comprometidos, pode ajudar a abrir de novos horizontes para a razão, devolvendo-a à sua fonte de sentido: a Palavra Revelada.
3. Quais são seus objetivos específicos:
• Levar a presença da Igreja às Instituições de Ensino Superior, sejam elas comunitárias confessionais ou não, privadas ou públicas, fomentando a experiência da fé no meio universitário através de pequenas comunidades de alunos, professores e funcionários, que testemunham e anunciam a fé em suas vidas.
• Promover entre os estudantes, professores e pesquisadores o testemunho cristão e a vivência dos valores evangélicos na vida da Universidade e na sociedade.
• Incentivar, no ensino, na pesquisa e na extensão, o diálogo entre fé e razão, fé e ciência, religião e cultura.
• Influenciar a vida universitária, a pesquisa, o ensino e a extensão, através de projetos e atividades nos três eixos da Pastoral (espiritualidade, reflexão-formação e ação social solidaria ou sócio-educacional).
• Acompanhar estudantes e profissionais para que sejam, profeticamente, profissionais competentes nas suas áreas de conhecimento, promotores de um mundo justo e solidário para todos segundo os valores do Evangelho e os ideais do Reino de Deus.
4. Onde acontece a Pastoral Universitária? Ela pode funcionar:
• Dentro de uma Instituição de Ensino Superior católica confessional (que, em razão de sua própria identidade, disponibiliza recursos e meios concretos para desenvolve-la)
• Nas Instituições de Ensino Superior comunitárias não confessionalmente católicas, quer sejam públicas ou privadas.
5. Quem pode desenvolver esta ação evangelizadora na Universidade?
• A pastoral ligada diretamente à Diocese (com um assessor ou coordenador), que realiza as atividades nas Instituições de Ensino Superior ou reúne os interessados nas paróquias e comunidades.
• A Paróquia Universitária, que pode ser escolhida por estar próxima do campus, ou por ser frequentada por universitários.
• As Capelanias Universitárias, onde padres e leigos trabalham a serviço da comunidade universitária no espaço geográfico da Instituição de Ensino Superior ou no espaço geográfico da Diocese/Arquidiocese, para atendimento das pessoas ligadas às Instituições de Ensino Superior.
• Centros e núcleos culturais ou semelhantes, voltados para o diálogo fé e cultura.
• Grupos de convivência e experiências, formados por participantes de Movimentos e Comunidades que atuam no meio universitário (Comunhão e Libertação; Movimento de Universidades Renovadas; Schoenstatt; Focolares; Emaús e outros), bem como grupos orientados por Congregações ou Institutos de Vida Consagrada.
6. Independentemente de quem promove esta ação evangelizadora, valem as seguintes orientações:
6.1. A Pastoral Universitária pode acontecer de muitas formas, mas se realiza plenamente, de maneira madura, na medida em que cria comunidades cristãs que testemunham sua fé e realizam o diálogo entre fé e cultura no âmbito universitário.
6.2. A Pastoral Universitária precisa estar articulada com:
• a Igreja local, por meio de seu bispo, que a orienta e incentiva, e de sua inserção no plano de pastoral diocesano;
• outras experiências eclesiais envolvendo o ambiente universitário existentes nas cidades, dioceses e região;
• iniciativas já presentes dentro da própria Instituição de Ensino Superior, com seus projetos de ensino, pesquisa e extensão;
• outras ações evangelizadoras presentes nas cidades próximas e no Regional.
Isso despertará o sentido de pertença à comunidade eclesial universitária como lugar privilegiado de realização pessoal e de exercício de dons e carismas nos diversos segmentos e movimentos que atuam no meio universitário, já que a pastoral diocesana deve articular e estimular essas diferentes experiências.
6.3. A Pastoral Universitária precisa ser realizada com os próprios alunos e professores inseridos na IES. Para isso pode-se reunir:
• grupos de jovens que nas aulas possam, pelo caminho da amizade, com seu testemunho de vida e convicção, incentivar, atrair, os alunos para participar das atividades da Pastoral e na vivência dos valores do Evangelho. Pois quem melhor evangeliza a um universitário é outro universitário;
• grupos de professores, pois são os primeiros agentes de pastoral, testemunhando a alegria do encontro com Cristo, transmitindo a seus alunos e colegas os valores do Evangelho, durante suas aulas e em suas atividades acadêmicas;
• grupos de funcionários (ou colaboradores) que com seus gestos de acolhida, serviço e trabalho, revelam o rosto de Deus que não veio para ser servido mas para servir.
6.4. A Pastoral Universitária deve promover suas linhas de ação segundo as urgências das DGAE:
• Acompanhando e alimentando a fé, os valores e convicções, nesta etapa de estudo e formação acadêmica, em vista das duvidas, questionamentos e perguntas, provocadas pelo aprofundamento no conhecimento e pela autonomia e liberdade conquistadas, perguntas que não foram resolvidas na catequese ou na iniciação à vida cristã.
• Estimulando uma espiritualidade que, alicerçada na Palavra de Deus, aprofunde e fomente, nos membros da comunidade acadêmica, o encontro pessoal com Cristo nos desafios do cotidiano.
• Incentivando o diálogo aberto de ciência, razão e fé, para que a Universidade viva o estado permanente da sua missão de busca de verdade e sabedoria, ajudando a amadurecer uma fé que não dispense a razão de pensar, e uma razão que não seja meramente instrumental, para que ambas nos orientem para o sentido ultimo da existência, fé e razão sendo como duas asas que nos conduzem à Verdade
• Fomentando a formação de pequenas comunidades de alunos, professores e funcionários para a partilha da Palavra, a formação, a oração, a celebração e a vivência da fé na Universidade e na Sociedade.
7. Pistas de ação:
7.1. Quando não existe nenhuma iniciativa, sugere-se:
• Conhecer e mapear a realidade diocesana e regional.
• Identificar jovens e professores interessados que estejam nas IES. Podem ser contatados através das paróquias, movimentos e comunidades.
• Iniciar com alguma atividade de convite e motivação que seja do interesse dos alunos e/ou professores, que suscite sua atenção e desejo de participar, tal como: debates (‘diálogos noturnos’, Areópagos); cine fóruns; grupos de reflexão sobre um assunto que esteja sendo debatido na Universidade; trabalhos voluntários e projetos sociais, etc,
• Formar grupos de jovens, de professores e de colaboradores para constituir pequenas comunidades que orem, partilhem (grupos de revisão de vida ou de vivencia da fé no dia a dia) e vivam o Evangelho na Universidade (com ações e palavras) e ajudem a discutir os assuntos que são tratados nas aulas ou na sociedade à luz do Evangelho.
• Oferecer atividades que englobem os três eixos da pastoral (espiritualidade, reflexão e socio-educacional) presentes em qualquer Pastoral Universitária, seja nas Universidades públicas ou privadas:
1. Grupos de oração e ações diversas que favoreçam o cultivo da espiritualidade e o contato com a Palavra de Deus (leitura orante, laudes, sacramentos). Fazer respirar Deus no ambiente universitário.
2. Reflexão: debates, cursos, grupos de reflexão e formação (integração estudo/fé).
3. Ação sócio-educacional: atividades que favoreçam a solidariedade: missões, projetos sociais nas comunidades carentes próximas à IES, onde coloquem ao serviço da caridade e dos outros os conhecimentos apreendidos.
7.2. Se houver iniciativas de ação evangelizadora na Universidade ou diocese, é fundamental que a Pastoral Universitária seja um espaço de unidade, serviço e estímulo às atividades já existentes. Nesta perspectiva, propõe-se:
• Estabelecer um articulador diocesano, que unifique e acompanhe essas experiências existentes na diocese, crie vínculos entre a diocese e o Regional, mantenha comunicação com o Setor Universidades da CNBB; e dê assessoria para que os grupos assumam os três eixos da Pastoral de maneira integradora. Este articulador tem um papel vital para o sucesso de toda a Pastoral. Deve ser capaz de estimular e apoiar as atividades já existentes, sem impor, mas sim orientando; criar novas atividades e zelar pela unidade na pluralidade.
• Articular, numa perspectiva de serviço e não de imposição, as iniciativas existentes de movimentos e/ou grupos de professores e alunos.
• Realizar atividades conjuntas que deem visibilidade a esses grupos (com frequência dispersos nas IES e desconhecidos entre si).
• Aproveitar os Congressos diocesanos e regionais, que podem ser uma boa oportunidade para trocar experiências, avançar nas iniciativas locais e na articulação local e regional.
• Apoiar a mobilização diocesana e regional que desembocará nos encontros nacionais (EBRUC- Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos) e mundiais (Jornada Mundial da Juventude e Congresso Mundial de Universidades Católicas) no ano de 2013.
8. O Setor Universidades na Comissão Episcopal para a Educação e Cultura:
O Setor Universidades é um espaço de diálogo, comunicação e articulação criado para dinamizar a ação evangelizadora no meio universitário junto às dioceses e regionais. Busca dinamizar as pastorais dedicando-se sobretudo à formação de jovens colaboradores e professores (consultores), à articulação com os regionais e a estabelecer uma rede de comunicação entre as dioceses e Universidades nos regionais. A formação e capacitação é realizada através dos subsídios e congressos (encontros diocesanos e regionais e assessorias) , bem como através da comunicação (redes sociais, projeto de universitários cristãos).
8.1. Atribuições do Setor Universidades:
• Promover a ação evangelizadora no meio universitário, pela valorização da pessoa e pelo fortalecimento da vida de comunhão, favorecendo o anúncio de Jesus Cristo e o atendimento pastoral de alunos, professores, funcionários e familiares;
• Articular a revitalização desse aspecto da evangelização e da pastoral, em colaboração com os Regionais e as Dioceses, com as Instituições católicas de Ensino Superior e com as Congregações religiosas, Institutos e Movimentos eclesiais que atuam no meio universitário;
• Articular iniciativas que fortaleçam a missão autêntica das próprias Instituições de Ensino Superior junto à sociedade, bem como políticas que promovam a inclusão dos jovens no mundo acadêmico;
• Promover a elaboração participativa, a consolidação e os desdobramentos pastorais das linhas gerais da Ação Evangelizadora no Meio Universitário, promovendo a articulação e a comunhão entre os diferentes segmentos que atuam nesse meio;
• Fomentar, em cooperação com o setor específico da Comissão, o diálogo entre Ciência, Fé e Cultura;
• Buscar o resgate da experiência histórica da presença profética e pastoral da Igreja nesse meio.
Contato:
Radson Deyves Coelho, Setor Universidades – Fortaleza, (85)33087400, (85) 92476273(vivo), (85)85073856 – [email protected]